Antes do regresso da montanha, o Giro vira as atenções para um importante contra-relógio. Mais de 40 quilómetros de esforço individual, uma distância suficiente para fazer diferenças importantes na classificação geral.
Percurso
Longo contra-relógio individual, algo pouco habitual nas Grandes Voltas dos tempos modernos. 40 600 metros de esforço individual, uma etapa que pode ser dividida em duas fases. Os primeiros 34 quilómetros são quase todos eles planos, existem um par de pequenos topos mas que não devem fazer desacelerar muito os ciclistas que vão aproveitar as longas retas do percurso para imprimir cadências elevadas. Atingido o segundo ponto de cronometragem, o perfil muda drasticamente. 6600 metros a 4,1% até Perugia no entanto não se deixem enganar pela média, os primeiros 1300 metros são a 11,3% e a partir daqui os ciclistas entram num falso plano até aos 600 metros finais a 4,2%.
Táticas
Não há muito a dizer, quem quiser discutir a etapa terá de ir a full gas do início ao fim da mesma. Os primeiros 34 quilómetros são perfeitos para os puros especialistas no entanto o terreno final irá favorecer os ciclistas mais completos. A questão estará na mudança de bicicleta. Acreditamos que alguns ciclistas o vão fazer mas não achamos algo necessário pois a dureza está toda concentrada em 1300 metros e depois o terreno torna-se praticamente plano.
Favoritos
Tadej Pogacar tem um excelente recorde em contra-relógios de Grandes Voltas. Desde 2020 apenas por 1 vez não terminou no pódio e falamos sempre do Tour onde a concorrência era sempre maior. O esloveno não é nenhum especialista, mas nestes momentos transforma-se e consegue, sempre capitalizar com grandes exibições. Se já tinha argumentos a favor, o facto de o contra-relógio apresentar uma subida final ainda o beneficia mais, é aí que irá fazer diferenças.
No lado oposto temos Filippo Ganna. O antigo campeão do Mundo da especialidade vai confiar que consegue ganhar muito tempo na fase plana, para depois se defender na subida, principalmente na parte mais dura. Está a subir bastante melhor que nos seus primeiros anos, dá esperança de um grande resultado. O italiano já venceu diversos contra-relógios no Giro e vencer amanhã seria especial, em ano de Jogos Olímpicos.
Outsiders
A raposa velha Geraint Thomas deve estar há muito tempo à espera deste dia. O britânico sabe que este é um dia fundamental para o Giro, onde se pode ganhar ou perder muito tempo. Tem a experiência do seu lado, sabe onde tem que forçar mais e onde tem de gerir o seu esforço. Este é um percurso ideal para Thomas que, no ano passado, foi 2º em ambos os contra-relógios do Giro.
Será que Magnus Sheffield vai ter liberdade? O norte-americano tem evoluído muito no contra-relógio, é um ciclista cada vez mais completo e este percurso assenta-lhe que nem uma luva. A qualidade está lá, tudo vai depender daquilo que a INEOS Grenadiers quer para o seu ciclista pois se o mandar poupar este irá ter um dia tranquilo.
Daniel Martinez terá um dia importante amanhã. O colombiano tende a variar grandes exibições com exibições menos positivas, uma verdadeira caixinha de surpresas. Até agora, o Giro tem corrido bastante bem, Martinez está a um bom nível, sempre entre os melhores. Chegou a hora de aparecer e render numa das suas especialidades. É um dia importante para a geral do Giro.
Possíveis surpresas
Da mesma forma que mencionamos Sheffield e ficamos com um pé atrás, o mesmo podemos dizer de Tobias Foss. O antigo campeão do Mundo pode vir a ser poupado para outros dias mas, ao mesmo tempo, é um dos grandes candidatos. Desde que ganhou o título mundial nunca mais venceu um contra-relógio. Já Thymen Arensman está atrasado, mas ainda pode entrar nas contas da geral e vai dar tudo, o neerlandês que é um bom especialista. A UAE Team Emirates tem o mesmo dilema mas diríamos que, pelo menos, um ciclista vai a fundo para dar indicações a Pogacar. Entre Mikkel Bjerg e Felix Grossschartner, um deles irá realizar um excelente contra-relógio, até agora Bjerg tem-se mostrado como o mais regular.
Estamos muito curiosos para ver o que é capaz de fazer Rainer Kepplinger. O austríaco foi uma bela surpresa no UAE Tour e é, também, um trepador competente. Não acreditamos que possa vencer, mas um top-5 seria excelente. Antonio Tiberi sabe que tem de começar a recuperar tempo depois do azar na etapa 2. Não é um puro especialista mas defende-se muito bem neste tipo de percursos. Luke Plapp é uma caixinha de surpresas, hoje conseguiu uma grande exibição e tende a falhar quando menos se espera. Isso já aconteceu na Volta a Romandia mas, em teoria, tem tudo para andar entre os melhores. Para um lugar entre os melhores, olho em Maximilian Schachmann, Jan Tratnik, Alexey Lutsenko e Stefan De Bod.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Benjamin Thomas e Will Barta.