Última competição do World Tour na Austrália, desta vez para a mais uma edição da corrida em homenagem a Cadel Evans. É uma clássica com vários desfechos possíveis e que será vista por muitos ciclistas como uma possibilidade de salvar um Tour Down Under que não correu bem.

 

Percurso

A corrida começa com uma volta pela zona de Geelong, antes do circuito final há mais de 100 kms a percorrer, relativamente planos, que servem de aquecimento para o que aí vem. 4 voltas ao circuito final, o mesmo que a decidiu esta madrugada a prova feminina, com o triunfo surpreendente de Rosita Reijnhout.



O circuito tem praticamente 17 kms e conta com 2 colinas bastante duras, a que mais diferenças poderá fazer é Challambra Crescent (1200 metros a 7,8%). foi aqui que Gilbert atacou para ser campeão mundial, é uma colina algo irregular, feita por patamares, onde o ácido lactico se acumula até às rampas finais de 14%. O topo está a cerca de 9 kms da meta e segue-se uma rápida descida antes de Melville (500 metros a 8,9%). Como os ciclistas vêm muito rápido e as primeiras rampas não são muito agressivas só passam verdadeiramente 30 a 45 segundos em grande esforço em inclinações acima dos 10%. O acesso à meta é muito rápido, feito em ligeira descida, se houver um sprint em pelotão reduzido será certamente muito rápido.

 

Táticas

Habitualmente esta corrida acaba num sprint em pelotão reduzido (20 a 30 ciclistas). A excepção foi em 2020, onde Dries Devenyns bateu Pavel Sivakov num sprint a 2. Este ano vamos ter um pelotão bastante reduzido já por si, algumas formações já foram para a Europa, serão 88 ciclistas à partida.

A batalha neste percurso é quase sempre a mesma, os sprinters e as suas equipas vs as equipas que não têm sprinters e precisam de atacar. Olhando para a lista de participantes, Jayco, INEOS Grenadiers, Israel-Premier Tech e Intermarché são as equipas mais interessadas. Todas elas têm sprinters, no entanto alguns passam melhor as subidas que outros, vão querer endurecer a corrida ao máximo para dificultar a vida uns dos outros. INEOS e Israel têm alternativas para os dois cenários (Viviani e Narvaez, Williams e Strong respetivamente), poderão ser estas equipas a decidir o desfecho da prova.

 

Favoritos

Jhonatan Narvaez chega em grande forma do Tour Down Under. Um dos melhores nas etapas duras, conseguiu terminar em 2º e com dois pódios em etapas. Corredor muito explosivo, falta-lhe a vitória para dar o click, consegui-lo no World Tour seria um marco importante. Numa equipa muito forte, não tem a pressão toda do seu lado.



Uma das agradáveis surpresas do Tour Down Under foi Laurence Pithie. O neozelandês mostrou ser mais que um sprinter, esteve até na luta por uma das etapas duras, atacando de longe. Terá que gerir muito bem o seu esforço, não pode ir a todos os ataques e, contra si, tem o facto de ter uma equipa curta para o apoiar.

 

Outsiders

Stephen Williams venceu o Tour Down Under com grande autoridade. Há muito que não víamos o britânico a andar a este nível que até nos podemos esquecer da sua qualidade. A subir poderá fazer diferenças e, também se viu, que em sprints reduzidos é bastante rápido. Encontra-se numa equipa com várias alternativas.

Por falar em alternativas, Corbin Strong é um sério candidato em caso de sprint. O neozelandês deve ter esta prova marcada no calendário, adapta-se que nem uma luva a este percurso e o pico de forma está perfeito para esta altura do ano. Sabe sofrer quando a estrada inclina e já demonstrou estar muito rápido.

A vitória na quinta-feira pode ter soltado Biniam Girmay. O eritreu chega com menos pressão e isso pode ajudar a um grande resultado. Abordou o início da temporada com uma preparação diferente e parece estar a resultar. Nos dias bons sobe com os melhores este tipo de dificuldades, porque velocidade já a demonstrou.



Possíveis surpresas

Foi um Tour Down Under bastante fraco para a Jayco. A correr em casa a equipa australiana chegava com fortes ambições mas saiu de mãos a abanar. Caleb Ewan é o líder declarado, a equipa vai apostar no sprint, mas conseguirá o Pocket Rocket recompensar? Até agora muito discreto, longe do seu melhor. Veremos como se apresenta Luke Plapp, se estiver recuperado da queda é um perigo, irá atacar de longe para partir a corrida. Outra alternativa é Chirs Harper, um ciclista muito combativo. Oscar Onley é outro ciclista que vai estar nas movimentações nas subidas, já se viu que é relativamente rápido em grupos restritos, têm é de haver colaboração. Já aqui falamos de Narvaez, no entanto a INEOS tem outras alternativas. Elia Viviani já venceu a prova no passado e assumiu que tem aqui um objetivo de temporada, tudo vai depender da forma como forem atacadas as subidas, já que numa corrida dura dificilmente estará na frente. Filippo Ganna está com o foco na pista, no entanto pode fazer aqui um teste, nunca o podemos descartar. Entre os sprinters capazes de passar as dificuldades, olho em Max Kanter, Milan Fretin e Madis Mihkels.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Nick Schultz e Axel Mariault.

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