Melgaço recebe, amanhã, a prova de estrada de elites, a última dos Campeonatos Nacionais de 2019. Teremos a terceira dobradinha desta edição?
Percurso
Quase 200 quilómetros verdadeiramente duros, mais de 3000 metros de desnível acumulado. Haverá 7 voltas a um circuito principal que tem cerca de 23 kms. A parte mais dura é a parte final de cada volta, com 1 km a 6% e depois 1 km a 8%, coincidente com a meta. Depois de cada passagem na linha de meta a estrada continua a subir ligeiramente. Na última volta os ciclistas passam por Paderne (2700 metros a 5%) antes do final em Melgaço.
Tácticas
Num nacional de estrada há sempre muito táctica envolvida. Muitas vezes os ciclistas que correm no estrangeiro (teoricamente favoritos) estão sozinhos e perdem a corrida por causa disso, enquanto as equipas nacionais têm lotes fortes e extensos e por isso tentam partir a corrida. Para quem está sozinho é bom que a corrida se parta cedo e não haja grande jogo táctico, o percurso duro pode favorecer isso. Veja-se no ano passado em Belmonte, muitos ficaram fora da luta assim que se formou aquele grupo grande, que depois foi fazendo a selecção entre si. José Gonçalves, Nelson Oliveira e Domingos Gonçalves estão nesta situação. Em termos de números a vantagem está do lado da W52/FC Porto, que tem 10 ciclistas. A equipa que mais se aproxima é o Sporting/Tavira com 6 corredores.
Favoritos
O ciclista mais forte no panorama nacional tem sido Joni Brandão. O ciclista da Efapel tem ganho bastantes etapas, mas tem falhado a conquista das classificações gerais. Tem 4 colegas que devem fazer de tudo para a vitória dele, apesar de Henrique Casimiro e Sérgio Paulinho terem estado num estágio de altitude (3500 metros). É uma incógnita como o corpo vai reagir a um esforço destes. Joni sabe bem o que é ganhar um nacional, foi campeão em 2013, 2º em 2015 e em 2018. Grande candidato em caso de um puro duelo de força.
Com tantos ciclistas de qualidade é normal que a W52-FC Porto tente forçar fugas onde tenha superioridade numérica. César Fonte tem tido uma temporada complicada, passou por um longo processo do qual saiu absolvido e está com o sangue na guelra. O percurso de sobe e desce é perfeito para ele, é muito explosivo e mostrou no G.P. Abimota que está a melhorar a condição física.
Outsiders
Domingos Gonçalves no ano passado fez a dobradinha e José Gonçalves tentará o mesmo este ano, tendo grandes possibilidades disso. Tem de estar perfeito a marcação directa e tem a tarefa dificultada devido à lesão de Ruben Guerreiro, terá de procurar alianças inesperadas. Nunca esteve no pódio do nacional de estrada, tem aqui uma boa oportunidade.
Edgar Pinto é um dos ciclistas mais consistentes do pelotão nacional e mostrou isso mesmo quando a W52-FC Porto fez uma incursão em provas do World Tour, na Volta a Turquia. No entanto, será também um dos mais marcados pelas equipas rivais, o que pode dificultar uma possível fuga para a vitória.
António Carvalho mostrou no último mês que já está em boa forma, e provou isso mesmo ontem ao garantir a medalha de bronze nos Nacionais de contra-relógio. É um talento enorme, já fez pódio no início desta década e quando está confiante e em forma é um perigo à solta, é muito inteligente tacticamente.
Possíveis surpresas
A Burgos-BH tem uma equipa interessante, com Ricardo Vilela, Nuno Bico e José Fernandes podem marcar os ataques à vez sem grandes problemas e são 3 ciclistas já com alguma experiência. No Sporting/Tavira, Tiago Machado e Frederico Figueiredo serão as principais apostas, Tiago Machado tem um historial incrível nesta prova, conta com 3 pódios entre 2013 e 2015, Frederico Figueiredo procura dar o salto para o nível superior em 2019. Luís Fernandes é outro bom trepador português que adora uma prova longa e com dureza. Nelson Oliveira será um perigo, mas está sozinho nesta prova, é um ciclista muito vigiado e não quer arriscar nas descidas de modo a comprometer uma possível presença no Tour e Domingos Gonçalves ainda está a recuperar da violenta queda que sofreu em Março. Atenção ao que a Rádio Popular/Boavista pode fazer, têm uma equipa experiente e compacta e entre João Benta, Daniel Silva, David Rodrigues e Luís Gomes podem decidir a competição.
Super-Jokers
Os nossos super-jokers são Joaquim Silva e Daniel Mestre.