Com a aposta declarada da Astana nas Grandes Voltas alguns pontos de interrogação surgiram quando a equipa cazaque deixou (já) sair 6 ciclistas do corrente plantel (Dario Cataldo, Magnus Cort, Andrey Zeits, Davide Villella, Davide Ballerini e Jan Hirt, que vamos falar de seguida). São 6 corredores que têm marcada presença em Grandes Voltas e nas provas por etapas, numa equipa que tem em Jakob Fuglsang e Miguel Angel Lopez os seus 2 grandes líderes.
No entanto a estrutura liderada por Alexandre Vinokourov já está precavida e começou a anunciar contratações e renovações. A principal foi a de Aleksandr Vlasov, russo de 23 anos, que em 2018 foi o único ciclista capaz de bater João Almeida no Baby Giro. O ciclista em que representou a Gazprom-Rusvelo em 2018 e 2019 foi ainda 4º na Volta a França do Futuro. Esta época foi dos melhores ciclistas de equipas Profissionais Continentais, 8º na Vuelta a Andaluzia e na Settimana Coppi e Bartali, 4º no Giro di Sicilia, 3º na Vuelta Asturias e na Volta a Eslovénia, campeão nacional de estrada e 5º na Volta a Áustria, o que impressionou mais foi a capacidade de Vlasov andar o ano todo com os melhores, a sua regularidade. E um trepador que até se defende nos contra-relógios, tem tudo para daqui a 2 ou 3 temporadas atingir a sua plenitude como corredor numa estrutura como a Astana.
Como já referimos uma das saídas da Astana nos últimos dias foi a de Jan Hirt, checo de 28 anos que representou a Astana em 2018 e 2019. Se a primeira temporada foi complicada, com poucas oportunidades e sempre trabalhando para os outros, este ano Hirt exibiu-se a um nível superior, sendo 5º na Volta a Suiça e estando sempre ao lado de Miguel Angel Lopez no Giro. Hirt tinha saído da CCC para a Astana depois de ter feito 12º no Giro e 2º na Volta a Croácia em 2017.
E Jan Hirt vai voltar precisamente para a CCC em 2020, agora uma estrutura que evoluiu para o World Tour, e que permite ao checo continuar a correr as maiores competições a nível mundial. A CCC está à procura de construir um bom bloco à volta de Ilnur Zakarin e isso já se começa a desenhar, com Jan Hirt, Fausto Masnada e os experientes Alessandro de Marchi, Simon Geschke e Serge Pauwels. É provável que a equipa polaca aposte muito no Giro, tem ciclistas com excelentes resultados nessa prova e o mercado italiano é crucial para a CCC.
Já tivemos algumas transferências surpreendentes neste mercado, por exemplo Daniel Martin para a Israel Cycling Academy ou Marco Canola para a Gazprom-Rusvelo, esta não se fica atrás. Aos 30 anos Nathan Haas vai correr na Cofidis nas próximas 2 temporadas. Com a Katusha Alpecin em vias de terminar o australiano não perdeu tempo e assinou com a equipa francesa. Haas tem passagens por 3 equipas WT, na Garmin de 2012 a 2015, na Dimension Data em 2016 e 2017 e na Katusha-Alpecin em 2018 e 2019.
É um corredor extremamente irregular, passa bem as colinas e com uma boa ponta final, tem variado entre boas épocas e épocas horríveis. Mais recentemente 2017 e 2018 não foram maus anos para ele, em 2017 foi 4º no Tour Down Under e na Amstel Gold Race, em 2018 5º no Tour of Oman ganhando 1 etapa e 3º na Volta a Turquia. Não sabemos muito bem o que esperar dele, vai para uma equipa que aposta muito em Elia Viviani e Guillaume Martin e nos seus grandes objectivos pode estar um pouco isolado.
Passando para um mercado um pouco mais local, a Bardiani terá a entrada de um novo patrocinador em 2020 e quer dar a volta depois de um 2019 muito mau, onde a equipa italiana ainda só tem 2 vitórias e conta com um plantel muito débil. Para isso a equipa aposta na experiência e potência de Matteo Pelucchi, sprinter de 30 anos que passou pela IAM e pela Bora-Hansgrohe, antes de se instalar na Androni em 2019. Já leva 4 triunfos nesta temporada, 2 etapas no Tour de Langkawi, 1 tirada na Vuelta a Aragon e ainda picou o ponto no Tour of Poitou Charentes. Ainda é garantia de um par de vitórias por ano, um puro sprinter que passa mal na montanha.
A outra aposta da equipa até agora é em Iuri Filosi, italiano de 27 anos que estava na Delko Marseille. Filosi é um puncheur típico, passa bem a média montanha e depois finaliza com qualidade. Obteve os seus melhores resultados em 2017, quando somou a única vitória que tem na carreira, no G.P. Lugano e ainda foi 8º nos 4 dias de Dunkerque. A Bardiani para além destas contratações conseguiu manter Giovanni Carboni no plantel e provavelmente ainda se irá reforçar com mais uma mão cheia de corredores.