Foto: João Matias Facebook

Estivemos presentes na apresentação oficial da equipa Tavfer/Ovos Matinados/Mortágua e não poderíamos deixar passar a ocasião sem falarmos com um dos principais rostos da formação do interior, o sprinter João Matias.

 

Camisola Amarela (CA) – Boa tarde, João! Estamos aqui na apresentação da Tavfer/Ovos Matinados/Mortágua. Mais uma temporada, o ano passado correu muito bem para ti, conseguiste ganhar na Volta a Portugal, entre outros triunfos, o que esperas para 2024?

João Matias (JM) – Tanto este ano de 2023 como 2022 foram anos sim para mim. Penso que fui sempre em crescendo e, cada vez, me tenho mais afirmado mais como um dos melhores sprinters em Portugal. Para 2024, o desejo será lutar por vitórias e levar o nome da equipa Tavfer/Ovos Matinados/Mortágua à vitória.

É claro, como foi falado aqui hoje (ontem), não prometemos vitórias. Prometemos esforço, trabalho e dedicação e, penso que se houver essa parte do nosso lado, que de certeza que vai haver, podemos estar, pelo menos, na disputa das vitórias. Espero que bem cedo na temporada possamos triunfar para sair logo essa pressão de cima e conseguirmos fazer um bom ano, para continuar a confirmar que somos uma das principais equipas do pelotão.




CA – Tens mostrado uma grande química com o Leangel Liñarez, tanto tens trabalhado para ele como ele tem trabalhado para ti. A equipa mantém-se praticamente a mesma, os reforços são apenas dois (César Martingil e Andres Taboada). Existe um reforçar do comboio do sprint, que tem sido um dos principais do pelotão. Como vês esta chegada do César para o coletivo?

JM – Claro que sim. Penso que, se calhar, temos sido a principal equipa na disputa dos sprints, temos trabalhado muito isso. Fazemos esse trabalho muito afincadamente, desde a pré-época. Ainda agora estivemos no Algarve em estágio, um dos pontos cruciais que gostamos de trabalhar é a preparação dos sprints. Com o Leangel, é uma relação especial que tenho com ele, para além de sermos colegas de equipas somos amigos, ele a mim chama-me “papá”, eu já o chamo de “filhote”. Basta, às vezes, um olhar para perceber o que temos de fazer naquele momento e a confiança que temos um no outro é a chave para o sucesso.

E agora vem o César Martingil, que já é meu amigo antes de entrar na equipa. Já lidei com ele na Seleção Nacional, nunca fomos colegas de equipa, sempre quisemos ser para trabalharmos juntos e estes primeiros dias em que estamos juntos tem sido algo especial. Ele adapta-se muito bem ao grupo. É certo que levamos 2 anos quase com o mesmo grupo mas encaixar um ciclista como o César, um atleta humilde e que sabe estar e se adapta perfeitamente ao nosso grupo é muito fácil. Por isso, penso que sim, será uma mais-valia para a área do sprint e penso que o comboio sairá mais reforçado.




CA – Tocaste agora no ponto da Seleção Nacional. Falando mais em ti, no ano passado representaste a Portugal nos Europeus de Estrada e também és uma presença habitual na Seleção da Pista. Este é um ano olímpico, Portugal tem uma equipa muito forte com o Iuri Leitão, os gémeos Oliveira, entre outros. Quais são as ambições que tens em 2024 para a pista?

JM – As ambições para a pista são a qualificação olímpica. É o meu sonho, é o sonho dos atletas que referiste e dos outros todos que estão a vir – Diogo Narciso, Rodrigo Caixas, João Martins. Temos vários atletas na calha para puderem trabalhar. A nível pessoal, é claro que seria um sonho tornado realidade. O maior sonho da minha carreira seria estar nos Jogos Olímpicos, mas é certo que, em princípio, só podem ir dois atletas.

Para esses dois irem alguns terão de ficar de fora. Vai ser injusto para alguns, mas de certeza vai ser justo para quem for. Mais importante do que justiça é que Portugal consiga a qualificação. Se eu for aos Jogos Olímpicos ficaria extremamente contente, se forem os meus colegas fico igualmente contente. Gostaria de ir mas não vou ficar magoado se não for. O mais importante é conseguirmos o apuramento. Numa seleção com tantos poucos anos no ciclismo de pista, conseguir os resultados que temos atingido já é algo histórico e de sonho.

Não escondo que tinha algumas corridas programadas e, este início de época, estava a preparar-me muito bem para o Campeonato da Europa. Acabei por ter o azar de ficar doente, com mononucleose, e isso atrasou um pouco a preparação. Acabei por ficar de fora dos Europeus. Também não vou poder estar presente na primeira Taça do Mundo na Austrália mas estou a trabalhar para estar na melhor forma e apontar às Taças do Mundo em Hong Kong e no Canadá. Depois temos o Mundial e outras corridas onde o João Matias conta estar presente e no seu melhor.

Foto: Camisola Amarela

CA – Tens 32 anos, estás no auge da tua carreira. Quais os teus sonhos e objetivos que ainda tens para alcançar?

JM – A primeira coisa que quero dizer é que me sinto mais jovem do que nunca e sinto que, neste momento, posso correr até aos 40 e tal anos. A idade é que me vai dizer. Se alguém achar que estou bem para competir e se me contratar, em princípio estarei disponível. É certo que a idade começa a passar mas, com 32 anos, sinto que o trabalho que tenho desenvolvido me está a tornar mais forte ano após ano.




Digo em brincadeira, se terminasse a carreira hoje, já estaria satisfeito. É sempre um sonho ser um ciclista profissional. Depois estar presente na Volta a Porutgal, é claro que ganhar uma etapa era um sonho e já o consegui. Neste momento, a única camisola que não vesti na prova foi a camisola da juventude. Fui um ciclista que começou a ganhar tarde. Não tenho um objetivo delineado mas quero continuar na linha do que tenho vindo a fazer. Gostaria de bater as 12 vitórias do Gustavo Veloso só para brincar um bocadinho com ele.

CA – Obrigado João pela disponibilidade para a entrevista! Desejamos uma época cheia de sucesso e muitas felicidades!

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