Há alguns dias Filippo Pozzato anunciou que iria deixar de ser ciclista profissional no final de 2018. Apesar de controverso por vezes, o carismático corredor transalpino vai deixar muita saudade, e prova disso foram os testemunhos de alguns jornalistas que já acompanham o ciclismo há vários anos, contando histórias que reflectem bem toda a simpatia que Pozzato recolhia neste meio.



Foram 19 anos como profissional, onde representou 7 estruturas diferentes, somou 33 vitórias e participou em 51 Monumentos (média de quase 3 por ano) e 16 Grandes Voltas (média inferior a 1 por ano). Vice campeão Mundial de juniores em 1998, passou em 2000 para a Mapei-Quick Step. Começou a despontar aos 21 anos, já com 2 etapas no Tour de l’Avenir no bolso. Passou pela Fassa Bortolo em 2003 e 2004, onde averbou uma vitória de etapa no Tour (numa fuga com Francisco Mancebo e Iker Flores) e o Tirreno-Adriatico.

Voltou à estrutura da Quick-Step em 2005 para épocas muito profícuas, em 2005 obteve 3 triunfos, antes de ganhar a Milano-Sanremo em 2006, à frente de Alessandro Petacchi, naquela que seria a sua melhor vitória. Em 2007 saiu para a Liquigas, nesta que foi a melhor fase da carreira até 2010. Só esteve 2 épocas na Liquigas, mas esteve excelente, ganhando de novo no Tour, triunfou na Omloop e ainda esteve perto de outra vitória na Milano-Sanremo, vendo Fabian Cancellara festejar.



Na Katusha, entre 2009 e 2011 claramente teve um papel mais preponderante nas clássicas do empedrado, sendo 2º no Paris-Roubaix e 5º no Tour des Flandres, incluindo grandes batalhas com ciclistas como Tom Boonen, Juan António Flecha ou Alessandro Ballan. Nesse período foi campeão nacional, ganhou 1 etapa no Giro e ainda arrecadou a E3 Harelbeke.

Vestiu de amarelo em 2012, com as cores da Farnese-Vini-Neri, garantindo o convite da equipa italiana para as principais clássicas. Pozzato não desiludiu, sendo 6º na Milano-Sanremo e na Dwars door Vlaanderen e 2º no Tour des Flandres, num sprint a 3 com Boonen e Ballan. Na época seguinte começou uma estadia de 3 anos na Lampre, onde o nível de resultados baixou um pouco. Foi precisamente em 2013 que somou as últimas 3 vitórias da carreira, uma delas no G.P. Plouay.



O italiano concluiu a sua carreira com 3 temporadas na Wilier Triestina/Southeast, onde era claramente o ciclista mais experiente da equipa e ainda mostrou um nível competitivo e foi 8º na Milano-Sanremo em 2016 e no Tour des Flandres em 2017. Com alguns laivos de brilhantismo e classe, foi muito irregular nesta fase final da carreira.

A revelação da retirada de Pozzato foi feita numa entrevista do italiano à Gazzetta Dello Sport. Pozzato explica que “tomei a decisão em Agosto, aquando do G.P. Plouay. Gostaria de ter feito uma 20ª época como profissional, mas só se fosse a um alto nível. Para conseguirmos um bom desempenho, precisamente de motivação. Correr na China, Coreia e Marrocos foi uma boa experiência, mas não é o meu desejo como corredor”.



O carismático ciclista conta ainda algumas histórias interessantes. “Em 2006 sentia-me muito forte nas clássicas mas respeitei as ordens da equipa e trabalhei para Boonen. Fui para a Liquigas para ter mais espaço, abdicando de muito dinheiro.” Pozzato já está envolvido num projecto Continental, a Beltrami-Tsa, e deverá continuar a ajudar esta equipa.

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