A Intermarche-Wanty-Gobert tem sido uma das equipas sensapção da temporada pela qualidade e consistência dos resultados apresentados. Diversas vitórias por parte de vários corredores e o sentimento de que estão a conseguir tirar a melhor versão de cada ciclista, maximizando o desempenho. Vimos isso com o rumo ao estrelato de Girmay, o Giro de Hirt e Pozzovivo, o Tour de Meintjes e as exibições de ciclistas como Lorenzo Rota ou Quentin Hermans.
Isto tornou a formação belga muito mais atractiva no mercado de transferências e é vista agora com outros olhos pelos jovens talentos belgas, que antes viam a Quick-Step e a Lotto-Soudal como opções mais válidas. Não obstante esta temporada fenomenal, a equipa decidiu revolucionar imenso o plantel, mantendo apenas algumas das bases já instaladas. Kristoff, Hirt, e Pozzovivo são saídas confirmadas, Claeys e Van Melsen vão deixar o ciclismo. Com a partida de tantos ciclistas experientes, a equipa escolheu Rui Costa como um dos novos capitães de estrada, numa transferência da qual já falamos.
Para além do ciclista português foram anunciados mais 6 reforços, 2 ciclistas bem ambientados ao World Tour e 4 belgas que vêm de ProTeams e que se vão estrear no World Tour. Passemos então a analisar melhor estas contratações.
Mike Teunissen – Um dos maiores talentos da sua geração, sempre foi visto como um ciclista a ter em conta para as clássicas. Terminou a sua formação na Jumbo-Visma, esteve 2 anos na equipa principal e saiu para a Sunweb à procura de mais liberdade. Não correu de feição e regressou à casa-mãe, onde fez um 2019 de sonho, foi 7º no Paris-Roubaix, ganhou os 4 dias de Dunkerque e o ZLM Tour, venceu de forma surpreendente a jornada inaugural do Tour e andou de amarelo e ainda fez 6º no BinckBank Tour.
Pensava-se que era o derradeiro ano de afirmação, aos 27 anos, e era visto como a alternativa a Wout van Aert nas clássicas da Primavera. Só que entre lesões (falhou as clássicas em 2021) e as épocas do Covid a equipa foi buscar Tiesj Benoot e Christophe Laporte, Teunissen perdeu espaço, perdeu estatuto e os resultados nunca mais foram os mesmos, apesar de mostrar capacidade para ainda liderar em provas menores. Assina agora pela equipa belga onde será importantíssimo no apoio a Biniam Girmay (tem mais provas dadas que Bystrom ou Van der Hoorn nas clássicas) e como se sabe estes braços direitos de qualidade às vezes têm oportunidade de uma vida se a corrida se proporcionar para isso. Também é explosivo e pode fazer parte do comboio de Girmay numa Grande Volta, tem tudo para ser um reforço espectacular.
Laurenz Rex – Belga de 22 anos que estava desde 2019 na estrutura da Bingoal. É um ciclista de clássicas, de média montanha e que provavelmente vai integrar o bloco das clássicas europeias. Não tem grandes resultados até agora na sua ainda curta carreira, tendo já sido 16º na Gent-Wevelgem e 21º no Paris-Roubaix. Nesta fase da carreira entra na Intermarche-Wanty para ser gregário nesta estreia no World Tour.
Tom Paquot – Um ciclista com o mesmo perfil de Rex, 22 anos, belga, desde 2019 na Bingoal. Paquot mostra ser um corredor mais explosivo, mas que também entra com um estatuto de gregário, muito combativo. Terminou 2021 muito bem ao fazer 2 pódios, na 1ª etapa do Tour du Limousin e no Tour du Doubs, onde só perdeu para Godon e Girmay.
Rune Herregodts – Um dos reforços mais interessantes, é mais um graduado da Sport Vlaanderen, formação belga que quase todos os dias vê elementos sair para o World Tour. Desde cedo mostrou ser um bom contra-relogista e ter um grande motor, terminou 2021 a ganhar a Ronde van Drenthe, onde terminou isolado face a um grupo ainda grande. Em 2022 confirmou tudo o que tinha feito, foi o mais forte da fuga na 1ª etapa da Vuelta a Andaluzia e na 1ª etapa do Sazka Tour, foi 4º nos Nacionais de contra-relógio e 4º na Brussels Cycling Classic. Herregodts ainda tem apenas 24 anos e mostra ter uma aptidão especial para fugas, entra numa equipa super-combativa e com mestres nessa arte como Taco van der Hoorn, vamos ver se segue as pisadas de Thomas de Gendt.
Arne Marit – Também vem da Sport Vlaanderen, tem 23 anos e é um sprinter por natureza. Com as afirmações de Girmay e Thijssen, entra como 3º sprinter da equipa a par de Mihkels, o que ainda lhe dá chances de liderar em algumas corridas, nomeadamente na Bélgica. Curiosamente Marit tem tido um 2022 para esquecer depois de um 2021 de sonho, onde fez 9 top 10 de Agosto a Outubro, incluindo uma vitória no Grande Prix du Morbihan, inclusivamente batendo Coquard e Viviani ao sprint, o que dá boas indicações sobre o seu potencial. Não se amedronta com algumas colinas, como o 7º posto no Paris-Tours indicia.
Rick Zabel – O experiente alemão entra para fazer um pouco o papel de Rui Costa, capitanear a equipa em algumas corridas e dar apoio aos ciclistas mais rápidos, seja Girmay ou Thijssen, entrando preferencialmente no comboio do eritreu. Parece que Zabel já anda aqui há muitos anos, mas é preciso lembrar que ele tem apenas 28 anos, apesar de ser um dos lançadores mais experientes do pelotão. Já trabalhou com Kristoff e Nizzolo nas suas estadias na Katusha-Alpecin e na Israel-Premier Tech.