O ciclismo é um desporto de altos e baixos, um desporto onde a exigência é uma constante e onde a dedicação e o sofrimento são indispensáveis. A própria exigência não tem de ser externa, pode ser interna e a frustração de não alcançar os objectivos abala, e de que maneira, o psicológico. Por vezes os resultados não aparecem e nem tudo é uma questão física, já diz o ditado “mente sã em corpo são”.
Peter Kennaugh já em 2018 tinha sentido a necessidade de se afastar do ciclismo, uma modalidade por vezes fria e cruel, não chega ser-se bom, tem de se ser muito bom. Hoje, a 5 de Abril de 2019 volta a fazer o mesmo, vai fazer um intervalo na sua carreira de ciclista profissional, anunciou a Bora-Hansgrohe, a sua actual equipa. Num comunicado curto e visivelmente complicado, Kennaugh limitou-se a agradecer à equipa toda a compreensão e apoio, enquanto que Ralph Denk quer ver o atleta totalmente recuperado dos seus problemas relacionados com saúde mental.
Recuando um pouco no tempo, Kennaugh sempre demonstrou muito potencial, num país com alta exigência e altos padrões, o Reino Unido. Campeão nacional no escalão de juniores, 3º no Baby Giro, 4º nos Mundiais de sub-23, augurava-se uma carreira de excelência. Em 2010 ingressou na Sky e viria a mostrar laivos do seu potencial em 2011, sendo 5º na Volta a Polónia. No ano seguinte dedicou-se à pista, foi campeão olímpico.
Entre 2014 e 2016 obteve 9 das suas 11 vitórias como profissional, ganhou a Settimana Coppi e Bartali, foi campeão nacional, triunfou na Volta a Áustria, levou para casa a Cadel Evans Great Ocean Road Race e ainda conquistou 1 tirada no Criterium Dauphine. Perdendo progressivamente protagonismo na Team Sky decidiu sair para a Bora-Hansgrohe, e nem por isso as coisas melhoraram, interrompeu a actividade no início de 2018 e no final da temporada parecia recuperado, ganhando mesmo o G.P. Cerami.
Em 2019 tinha 12 dias de competição, com um 23º posto como melhor classificação, na Vuelta a Murcia.