É um discurso dito e repetido por muitos directores desportivos em Portugal, “temos a ambição de subir de escalão”. Todos os fãs da modalidade gostariam de ver uma equipa portuguesa a competir lá fora, nas principais competições internacionais, e essa espera deverá estar a terminar. A W52-FC Porto, equipa que tem dominado a Volta a Portugal nos últimos anos, vai tentar cumprir essa promessa e subir ao escalão Profissional Continental, o segundo da hierarquia mundial, e onde a equipa terá acesso a convites para provas World Tour. A candidatura já foi enviada para a União Ciclista Internacional.
Este assunto já vinha sendo falado nas últimas semanas e a intenção de subir de escalão foi confirmada ontem à noite na RTP3 pelo director-desportivo Nuno Ribeiro. O escalão Profissional Continental exige que a equipa tenha outro perfil, diz Nuno Ribeiro que “a nível internacional obriga-nos a ter um plantel mais alargado e um plano competitivo ainda maior. A equipa sendo portuguesa não nos podemos demarcar dos objectivos a nível nacional e possivelmente daqui a algum tempo estar em grandes competições.”
Como já referimos, a entrada no escalão Profissional Continental permite à W52-FC Porto aspirar a entrar em provas do World Tour, através de convites, e possivelmente até na Vuelta. O director desportivo que guiou a equipa a vários triunfos na Volta a Portugal diz que “o objectivo da subida de escalão é estar presente em grandes provas a nível internacional, mas penso que é difícil no 1º ano. Se tudo correr bem, se conseguirmos fazer um bom calendário e competir com as equipas internacionais e demonstrar que temos capacidade, no segundo ano pode tornar-se tudo mais fácil e obter mais convites.” Desta forma, apontou a voos mais altos num segundo ano, contando com uma boa prestação da equipa no primeiro ano nesta categoria.
Em relação a saídas e entradas, Nuno Ribeiro não quis abrir o jogo, provavelmente porque grande parte das entradas estarão dependentes do processo de candidatura ser bem sucedido. As equipas Profissionais Continentais são obrigadas a ter pelo menos 16 ciclistas e cada um deles a ter um vencimento superior a 30 000 euros anuais, sobre isso, “a maior parte da equipa vai continuar, o Raul Alarcon vai continuar. Vamos tentar reforçar-nos com ciclistas com muita qualidade para tentar demonstrar a qualidade da equipa.”
Por falar em reforços, um dos nomes que entra nas cogitações da W52-FC Porto é Tiago Machado, segundo noticiou hoje o jornal “O Jogo”, um ciclista que já confirmou numa entrevista no início desta semana que está de saída da Katusha-Alpecin e que está em contacto com 3 equipas em Portugal. Precisamente sobre esse tema, o jornal “Record” noticiou ontem que Tiago Machado está próximo do Sporting-Tavira, equipa que contratou Marco Chagas como consultor técnico, e que estará muito perto de perder o seu grande líder nos últimos anos, Joni Brandão para a Efapel. Neste capítulo, o Sporting/Tavira vê em Tiago Machado um ciclista que pode substituir Joni Brandão como líder e a W52-FC Porto pode achar que com Tiago Machado no plantel, a possibilidade de obter convites para provas do World Tour seja mais elevada. Neste panorama, o cenário mais provável é a equipa do Sporting/Tavira.
Tendo em conta que a equipa tem 12 ciclistas, e que pode haver 1 ou 2 saídas, serão necessários, pelo menos, 6 reforços. Pelas informações que dispomos, alguns dos melhores sub-23 a correr em Portugal (entre 2 e 3) entrarão na estrutura, e outro nome que tem vindo a ser falado é o de Daniel Mestre, que daria outras opções à equipa em chegadas ao sprint. Ainda é possível que se verifique um regresso a Portugal de um ciclista que corre no estrangeiro.
De qualquer das formas, a intenção é oficial, e segundo Nuno Ribeiro, nas próximas semanas haverá novidades, “teremos de ter um mínimo de 16 ciclistas e o processo tem de estar concluído até ao meio de Outubro. Requer mais orçamento e outro tipo de logística.” Um orçamento que pode passar para mais do dobro. É precisamente isso que a União Ciclista Internacional está a analisar, tal como o faz todos os anos, o projecto, que tipo de projecto e as garantias financeiras que a equipa apresenta. Nos próximos dias também é de esperar mais novidades sobre o mercado interno.
Foto: PODIUM.