Alpecin-Deceuninck

Por norma, a equipa belga vem com segundas linhas para a Vuelta, dando a oportunidade a ciclistas menos experientes de conseguirem ter um contacto com uma realidade diferente. Este ano o cenário muda com a inclusão surpresa de Jasper Philipsen. O abandono precoce no Tour alterou os planos e o sprinter belga estará na Vuelta e será um dos principais homens rápidos da prova. Edward Planckaert, Jonas Rickaert e Gal Glivar serão as peças principais do seu comboio.
Sem nenhum líder para a montanha, Luca Vergallito é a principal seta apontada, um jovem ciclista que, a espaços, consegue boas exibições. Oscar Riesebeek será um ciclista de
muito trabalho, tal como Ramses Debruyne, em estreia em Grandes Voltas. Tobias Bayer
tem andado afastados das boas exibições mas é alguém a ter debaixo de olho na média
montanha.
Previsão: A inclusão de Jasper Philipsen vai trazer os seus frutos e o belga vai vencer 2 etapas, mais uma Grande Volta de sucesso para a equipa.
Arkéa-B&B Hotels

Dificilmente a equipa francesa vai garantir a manutenção World Tour mas também não será pela Vuelta que o vai conseguir e sabem bem disso. Desta forma, o elenco está longe de ser o melhor, apostando no calendário europeu. Cristian Rodriguez é o líder da equipa, a correr em casa o trepador espanhol até pode ambicionar com um bom lugar na geral, foi 13º nas últimas duas edições. Raul Garcia Pierna vem de um bom Tour e também pode tentar uma “gracinha”.
Alessandro Verre e Louis Rolland são outras opções para a montanha mas são escassas. Pierre Thierry, Victor Guernalec e Leandre Lozouet fazem a estreia em Grandes Voltas, vêm ganhar experiência. Jenthe Biermans aparece um pouco isolado, o belga será o sprinter da equipa, um ciclista que passa bem as pequenas dificuldades.
Previsão: A combatividade será muita, o alinhamento não é o melhor. Cristian Rodriguez vai remar contra a maré e ficará às portas do top-10 final.
Bahrain – Victorious

Não tem sido a melhor das temporadas para a equipa árabe, pode estar aqui a tábua de salvação. Antonio Tiberi vem de ser 2º na Volta a Polónia, as indicações são boas, veremos se o jovem italiano consegue corresponder às expectativas e fazer melhor que no Giro, onde abandonou sem nunca estar na luta. Santiago Buitrago pode, muito bem, ser a alternativa para a geral. O colombiano acabou o Tour em crescendo de forma, recuperado da queda sofrida no início e já sabe o que é fazer top-10 na Vuelta.
A raposa velha é Damiano Caruso, o italiano foi 5º no Giro, já conseguiu top-10 na Vuelta mas acreditamos que seja o braço direito dos líderes e, também, pode vir a ter oportunidades em fuga. Jack Haig e Torstein Traeen compõem o bloco de montanha, dois ciclistas muito fiáveis. Roman Ermakov e Mathijs Paasschens irão ajudar na média montanha, na estreia de ambos em Grandes Voltas. Também Nicolò Buratti se estreia em 3 semanas, será a aposta para as poucas chegadas ao sprint.
Previsão: Antonio Tiberi vai terminar a Vuelta no top 10, um resultado decente. Damiano Caruso terá liberdade e vai vencer uma etapa em fuga.
Burgos Burpellet BH
Vencer uma etapa é o principal objetivo da equipa espanhola, uma tarefa nada mas nada fácil. A combatividade estará sempre presente, é a imagem de marca da equipa burgalesa. Eric Antonio Fagundez é a principal aposta, o uruguaio evoluiu muito nas últimas temporadas, é um ciclista muito forte na média montanha e tem uma boa ponta final. Também para este tipo de terreno, Sergio Chumil pode ser outra opção, o guatemalteco não é muito consistente, terá de ter um bom dia e estar na fuga certa, são precisas muitas condições. Ainda na média montanha, Mario Aparicio, José Luis Faura, Carlos Garcia Pierna e Sinuhé Fernandez tentarão mostrar serviço na estreia em Grandes Voltas.
Para as chegadas mais rápidas os jovens Daniel Cavia e Hugo de la Calle tentarão assumir o leme da equipa. O primeiro deverá ser o líder nas chegadas mais planas, ao passo que o segundo gosta de dias com mais dificuldade, uma vez que não é um puro sprinter.
Previsão: Muita combatividade durante as 3 semanas mas será difícil pedir mais que alguns top 10. Fagundez para ser o destaque.
Caja Rural – Seguros RGA

De regresso à Vuelta! A equipa espanhola consegue voltar a estar presente na “sua” Grande Volta após um ano de ausência e traz um alinhamento bastante competente. Thomas Silva está a ter um ano de grande nível, o uruguaio é um poço de regularidade, foi 2º no Tour of Qinghai Lake e tem mais de uma dezena de top-10 na temporada. Adora as etapas de média montanha e tem uma excelente ponta final. Com Fernando Barceló, um ciclista em tudo com características idênticas, pode fazer uma dupla muito perigosa. Barceló tem mais experiência, pode ser importante.
Não seria de estranhar Silva será a aposta para os sprints, mas aí achamos que Alex Molenaar pode vir a ter as suas oportunidades, é um corredor relativamente rápido. Depois há os ciclistas para a montanha, por sinal 5 ciclistas combativos. Abel Balderstone é a grande figura, o espanhol surpreendeu tudo e todos ao vencedor a prova de contra-relógio dos Nacionais, e foi 7º no recente Troféu Joaquim Agostinho. Jaume Guardeño, outro nome habituado a correr em Portugal, é uma alternativa para os dias mais duros. Esperamos muita combatividade de Joel Nicolau, Joan Bou e Jakub Otruba nas etapas mais acessíveis, são corredores que deixam tudo na estrada.
Previsão: Gostavamos muito de ver Thomas Silva a vencer uma etapa, o uruguaio tem muita qualidade, mas o nível aqui é muito alto. Vai andar perto. Quem sabe um dos ciclistas consiga a camisola da montanha nos primeiros dias.
Cofidis

A luta pela permanência no World Tour continua a estar bem presente e, depois de um Tour para esquecer, a equipa francesa vem à Vuelta tentar fazer melhor figura, uma prova onde tem conseguido sempre bons resultados. Emanuel Buchmann apareceu antes do Tour mas teve uma Grande Boucle muito discreta, devia focar-se nas fugas onde até acreditamos que Simon Carr possa ser melhor opção, só que o britânico também tem tido um ano para esquecer, muito afetado por lesões. Se estiver bem é um perigo para as fugas.
Jesus Herrada é uma das raposas do pelotão, o espanhol chega sempre em forma nesta altura do ano e, mesmo quando pouco se espera que esteja na luta consegue surpreender. Sergio Samitier será o apoio destes ciclistas. Paul Ourselin e Oliver Knight são dois ciclistas combativos, deverão tentar estar em fugas mas também serão os apoios de Bryan Coquard e Stanislaw Aniolkowski, os dois homens rápidos. Para um bom resultados, acreditamos principalmente no polaco, alguém que se consegue posicionar bem e tem uma melhor ponta final, ainda para mais num elenco de sprinters mais fraco que o habitual.
Previsão: A Cofidis dá-se sempre bem com a Vuelta e vai somar alguns top-10. Atenção à raposa velha Herrada.
Decathlon AG2R La Mondiale Team

Vindo do 5º lugar no Tour, Felix Gall procura mais um bom resultado em Grandes Voltas. A tarefa não se avizinha fácil, apesar das muitas etapas duras, este percurso não lhe assenta tão bem e nunca é fácil fazer duas provas de 3 semanas em bom nível. Apesar de tudo, mantendo a consistência, um bom resultado é mais que possível, também seria a confirmação do Gall como líder.
O bloco que terá no seu apoio é bastante bom. Bruno Armirail volta a ser braço-direito como aconteceu no Tour, e que jeito que deu ter o francês ao seu lado! Nans Peters, Johannes Staune-Mittet, Jordan Labrosse e Callum Scotson são trepadores competentes e já com alguma experiência World Tour, o que é sempre fundamental. Depois temos a inclusão de Léo Bisiaux, aos 20 anos e depois do brilharete na Vuelta a Burgos, o francês estreia-se em Grandes Voltas. Trepador muito talentoso, parte sem pressão, vai conhecer novos limites e quem sabe pode surpreender numa etapa em fuga. Sander de Pestel completa o elenco, um homem de muito trabalho nas etapas planas
Previsão: Felix Gall vai confirmar o estatuto de voltista e finalizar no top-10 final. A equipa estará muito centrada em si mas Leo Bisiaux terá liberdade e vai confirmar todo o seu potencial com uma vitória em fuga.
EF Education – EasyPost

Richard Carapaz decidiu não vir à Vuelta e, assim, a equipa norte-americana terá uma estratégia diferente, apostando nas fugas. Esteban Chaves já brilhou na Vuelta mas a idade já começa a pesar no colombiano, será difícil conseguir um bom resultado. Mais depressa acreditamos nos jovens Lukas Nerurkar e Archie Ryan, dois dos bons valores do plantel. Ambos são corredores que gostam da média montanha e têm uma excelente ponta final, o percurso da Vuelta tem muitos dias deste género e jovens valores costumam despontar aqui. Sean Quinn também encaixa neste perfil de ciclista, sem um líder definido, é provável ter as suas chances. Jardi van der Lee e James Shaw deverão ter muito trabalho pela frente.
Sem muito apoio, Madis Mihkels vai tentar desenvencilhar-se nas chegadas ao sprint, o jovem estónio é um enorme talento e, num dia sim é capaz de grandes resultados. O elenco fica completo com outro jovem talento, falamos do espanhol de 20 anos Markel Beloki, filho de Joseba Beloki, um trepador com grande margem de progressão, deverá vir para ganhar experiência.
Previsão: Equipa de ataque! Ryan e Nerurkar vai estar perto nas etapas de média montanha mas vai haver sempre alguém mais forte. Vai acontecer o mesmo a Mihkels nas chegadas ao sprint.
Groupama – FDJ

David Gaudu parte para a segunda Grande Volta do ano, uma temporada que começou bem e está a correr mal. O francês é uma caixinha de surpresas, ainda no ano passado ninguém dava nada por ele e conseguiu terminar em 6º, algo que não vemos a acontecer este ano. Guillaume Martin é a outra opção plausível para a geral, o gaulês esteve muito discreto no Tour e não acreditamos que tenha conseguido melhorar muito desde aí. Também não é um ciclista muito ofensivo para as fugas, deverá tentar um lugar honroso na geral bem ao seu estilo.
Os jovens Brieuc Rolland e Clément Braz Afonso, dois trepadores competentes, têm o seu primeiro contacto com uma Grande Volta. Já Rudy Molard é a voz da experiência para esse terreno, deverá ter a sua liberdade. Stefan Kung e Remi Cavagna são dois roladores de grande nível, não estão na melhor fase, precisam de um bom resultado para dar o clique, quem sabe não será aqui. Thibaud Gruel é a última peça da carruagem, o jovem francês é um sprinter que passa bem as dificuldades, tem tido excelentes resultados no calendário francês e chega cheio de confiança.
Previsão: Vuelta para esquecer para a equipa francesa. Gaudu a fracassar, Martin a falhar o top 10 e Kung com a cabeça noutro lado. Gruel pode somar alguns top-10.
INEOS Grenadiers

Egan Bernal aposta na segunda Grande Volta da temporada, não podemos acusar o campeão colombiano de falta de ambição. Foi 6° na Vuelta a Burgos, está preparado para a luta e para tentar brilhar numa prova onde apenas participou por 2 vezes. O apoio está longe de ser o ideal, Victor Lancellotti brilhou na Polónia mas está longe de ser um trepador, Lucas Hamilton e Bob Jungels também têm as suas limitações na alta montanha, só mesmo Brandon Rivera pode estar no apoio mais direto.
Magnus Sheffield pode fazer de tudo um pouco, vai ser um ciclista importante na dinâmica da equipa e também pode vir a ter as suas oportunidades em fugas, no entanto ainda não demonstrou muita regularidade, é preciso mais. Michael Kwiatkowski é a voz de experiência da equipa, o polaco é um ciclista de muito respeito. Após ter abandonado na primeira etapa do Tour, Filippo Ganna aposta na Vuelta, tem um contra-relógio e depois tentará nas finais ao sprint e em fugas, foi assim que fez no ano passado onde deu muito nas vistas.
Previsão: Egan Bernal vai terminar no top 10, será um ciclista muito ofensivo mas as vitórias estão “caras”. Filippo Ganna para vencer o contra-relógio, está cá para isso.
Intermarché – Wanty

Uma temporada para esquecer e, com este alinhamento, não esperamos milagres. Louis Meintjes já não é o que era, o sul-africano já nem consegue estar entre os melhores da classificação geral e não tem o instinto matador para as fugas. Simone Petilli é curto para este tipo de provas, mais depressa vemos Kamiel Bonneu a destacar-se, só que o trepador belga também tem tido um 2025 para esquecer, em clara adaptação ao World Tour.
Huub Artz é quem pode remar contra a maré, o campeão da Europa sub-23 tem sido um dos poucos ciclistas da Intermarché a conseguir bons resultados em 2025. O neerlandês é mais que um puncheur de bom nível, a Vuelta costuma ser a prova que revela grandes talentos. Numa Vuelta com poucas oportunidades, Arne Marit é a aposta do sprint. O belga é um ciclista muito regular e até vai ter muito apoio, com Dries de Pooter, Luca van Boven e o experiente Dion Smith, o que lhe pode valer um bom resultado.
Previsão: Será uma Vuelta de fraco rendimento, não se pode esperar muito com este alinhamento. Só Artz se vai conseguir mostrar minimamente competitivo.
Israel – Premier Tech

Era falado que Derek Gee estaria presente mas, contas feitas, o canadiano não irá viajar até Turim. Desta forma, a aposta está em vencer etapas, não vemos ninguém apontado para a geral. Matthew Riccitello tentará na alta montanha, o pequeno norte-americano é um enorme talento só que nem sempre é muito regular. A veterania de George Bennett e Jan Hirt pode vir a ser importante, dois ciclistas que sabem muito de Grandes Voltas, mas que não tem conseguido resultados interessantes nos últimos tempos.
Marco Frigo é sempre uma seta apontada nas etapas de média montanha, os seus ataques de longe são sempre perigosos e algum dos seus “tiros” pode ser certeiro. Para os sprints as opções são variadas, com Ethan Vernon e Jake Stewart a poderem dividir as oportunidades, apesar de acreditarmos mais no potencial de Vernon. Pier-André Côte e Nadav Raisberg completam o elenco, fazendo parte do comboio.
Previsão: Não nos admirávamos que Vernon conseguisse vencer uma etapa, é capaz de surpreender quando poucos esperam. Riccitello e Frigo para serem muito combativos na montanha.
Lidl – Trek

Querem fazer o hat-trick de Grandes Voltas de sucesso em 2025, depois de um Giro onde Mads Pedersen venceu 4 etapas e levou para casa a classificação por pontos e de Jonathan Milan ter triunfado na luta pela camisola verde no Tour, a receita é muito parecida para esta Vuelta com Mads Pedersen a tentar fazer a dobradinha. O dinamarquês mostrou-se em grande forma na Volta a Dinamarca, dominou por completo a competição, ganhou 3 das 5 etapas e neste momento sozinho já leva mais de 4000 pontos UCI, mais do que muitas equipas. Vai ter aqui algumas etapas boas para as suas características, no entanto desta vez não terá grande comboio, um homem crucial nesse departamento será o seu compatriota Soren Kragh Andersen, visto que nem Daan Hoole nem Andrea Bagioli estão muito habituados às loucuras dos sprints finais.
Para a montanha a Lidl-Trek vem apetrechada com Giulio Ciccone, que fez pódio na Liege-Bastogne-Liege, ganhou a Classica San Sebastian e também fez uma excelente Vuelta a Burgos batendo Isaac del Toro no mano a mano. O italiano fez questão de dizer que está aqui para ganhar etapas, no entanto creio que vai lutar pelo pódio, esta é talvez a melhor corrida de 3 semanas para as suas características, não é propriamente um voltista, mas é preciso recordar que quando abandonou o Giro ainda estava na luta pela vitória e este ano no Tour vimos vários corredores com as suas características dentro do top 10. Para a montanha Carlos Verona será o ciclista mais importante no apoio.
Previsão: A equipa norte-americana não vai falhar! Mads Pedersen entra em grande, vai vencer três etapas e juntar a classificação por pontos. Giulio Ciccone pode ter o discurso fora da geral mas com o passar dos dias vai ficar focado nisso e conseguirá o pódio final e uma etapa.
Lotto
Será que aos 36 anos Elia Viviani ainda tem capacidade física para dar uma grande alegria à Lotto? Eu creio que não, esta foi uma aposta mais a pensar nos pontos UCI, o italiano fez 100 até agora e julgo já estar no declínio, principalmente para um sprinter que está numa estrutura onde não parece muito confortável. Diria que pode conseguir um ou outro top 5, também porque tem em Jasper de Buyst um dos melhores lançadores do pelotão internacional, no entanto uma das dificuldades de Viviani sempre foi seguir a roda do seu lançador.
Honestamente não espero muito de Eduardo Sepulveda, Jonas Gregaard, Arjen Livyns, Lars Craps e Liam Stock, acho que são corredores que não têm capacidade para fazer pódios a um nível destes. Tenho curiosamente para ver Alec Segaert, que foi por 3 vezes campeão europeu de contra-relógio sub-23 e que ocasionalmente tem mostrado que mesmo em corridas longas e com colinas se consegue adaptar bem, esta Vuelta vai ser um momento importante na sua evolução.
Previsão: Equipa fraca e resultados fracos, não há milagres.
Movistar Team

É muito estranho ver o alinhamento da Movistar sem Enric Mas pela primeira vez em muitos anos, é hora dos mais jovens mostrarem do que são capazes naquela que é uma das corridas mais importantes do ano para os espanhóis. Neste caso a maior responsabilidade cai sobre Pablo Castrillo (7º no UAE Tour, 11º no Paris-Nice e 9º na Volta a Suíça) e Javier Romo (2º no Tour Down Under e 10º no Tour de Romandie). Ambos são muito inexperientes a este nível no que toca a liderar uma estrutura como a Movistar e creio que o melhor a fazer seria mesmo perder algum tempo nos primeiros dias para depois procurar uma eventual vitória em etapa. Julgo não estarem prontos para fazer um top 10 na geral.
Está presente Jefferson Cepeda para dar uma mãozinha na montanha, Ivan Garcia Cortina e Michel Hessmann para o terreno mais plano e depois a estranha opção de trazer Carlos Canal e Orluis Aular, 2 ciclistas com características muito semelhantes, ambos gostam muito de um final inclinado e é aí que obtêm os melhores resultados. Seria de esperar que trouxessem 1 deles acompanhado por um sprinter mais puro para as etapas mais fáceis. Jorge Arcas completa o alinhamento.
Previsão: Este alinhamento alternativo não vai trazer os seus resultados. Castrillo e Romo vão estar muito motivados, terão de ter um dia perfeito. Aular para top-5 nas etapas mais duras com chegada ao sprint.
Red Bull – BORA – hansgrohe

Continuo muito confuso com as opções estratégicas da Red Bull-Bora. No Tour onde tinha Roglic e Lipowitz levou 5 corredores para o terreno plano, para a Vuelta onde tem Pellizzari e Hindley vem sem sprinters, não se percebe. Ainda por cima quando Jai Hindley, vencedor do Giro 2022, ainda não mostrou absolutamente nada este ano e duvido muito que esteja na luta pelo pódio e quando Giulio Pellizzari ainda é uma incógnita aos 21 anos, fez 6º no Giro quando até partia como gregário de luxo. Pellizzari é um corredor corajoso, com margem de progressão, mas ainda com algumas debilidades para uma Grande Volta, ainda assim mostrou que tem potencial para ir melhorando ao longo dos dias. Tem boa capacidade de recuperação e pode ser das grandes surpresas desta Vuelta.
Finn Fisher-Black é um joker, um corredor que nunca se sabe quando vai estar ao seu melhor nível, tem uma boa ponta final em grupos reduzidos e em finais duros, no papel as suas características são boas para uma Vuelta. Matteo Sobrero, Ben Zwiehoff e Giovanni Aleotti podem ser boas ajudas na montanha, enquanto Nico Denz e Tim van Dijke farão a protecção no terreno plano. Ambos têm capacidade de sprintar e fazer top 10 ocasionalmente e ambos são um perigo naquelas fugas em etapas mais planas já no final de uma corrida de 3 semanas, especialmente Denz.
Previsão: Jai Hindley não mostrou nada em 2025 e vai voltar a falhar. Sem contar com isso, Giulio Pellizzari vai terminar no top 10 depois de uma recuperação na semana final.
Soudal Quick-Step

Mikel Landa garante que não vem a pensar na geral, o que não seria de todo descabido tendo em conta que apenas competiu em Burgos desde que se lesionou no Giro. Só que estamos a falar do basco, um ciclista irreverente e que vai tentar manter-se na luta enquanto der. Com este discurso, até pode ganhar alguma liberdade e, a correr em casa, a motivação estará em alta. O bloco até é bastante competente, com Valentin Paret-Peintre à cabeça, o francês vai tentar repetir o brilharete do Tour, não seria descabido. Louis Vervaeke e Gianmarco Garofoli são ciclistas fiáveis, podem vir a ser importantes na manobra da equipa.
Junior Lecerf vem de ganhar a Volta a República Checa, talvez seja o clique que faltava para o jovem belga começar a ter bons resultados. Maximilian Schachmann é um perigo nas etapas de média montanha, este ano mostrou qualidade a espaços, e Mauri Vansevenant, com o seu estilo característico, é sempre perigoso se estiver num dia sim. O jovem Pepijn Reinderink completa o elenco, alguém que terá muito trabalho pela frente.
Previsão: De Landa podemos esperar muita coisa mas desta vez não vai estar a fazer bluff, a geral é demais para si. Foco total em vencer uma etapa, a equipa é bastante forte nesse sentido e tanto ele como Lecerf vão estar perto. A “consolação” vai chegar com a classificação da montanha.
Team Jayco AlUla

Um alinhamento completamente virado para a montanha e as ambições da equipa são bastante claras, ganhar etapas e levar Ben O’Connor a um bom resultado na classificação geral. O australiano é um dos corredores mais enigmáticos do pelotão, tanto faz exibições monstruosas no dia dele como perde tempo quando menos se espera, vem moralizado de um triunfo épico no Tour e fez 2º nesta corrida no ano passado depois de andar com a camisola vermelha praticamente 2 semanas, ou seja, será alguém certamente muito vigiado pelos rivais.
Chris Harper e Eddie Dunbar, ambos ciclistas que sobem muito bem e que já sabem o que é ganhar em Grandes Voltas, serão os principais escudeiros de Ben O’Connor e terão a liberdade de procurar as suas oportunidades, tendo em conta o elevado número de finais em alto haverá certamente algumas chances para aproveitar. Anders Foldager é o corredor mais designado a sprintar, longe de ser um puro sprinter, é alguém que em grupos reduzidos pode fazer top 5/top 10. Koen Bouwman e Chris Juul Jensen são muita solidez e experiência, enquanto Patrick Gamper e Kelland O’Brien vão ajudar tanto no terreno plano como no contra-relógio colectivo.
Previsão: Eddie Dunbar vai continuar a sua boa relação com a Vuelta e vencer uma etapa em fuga. Ben O’Connor vai adotar a estratégia do ano passado e, no final, vai conseguir um brilhante top 5.
Team Picnic PostNL

Inicialmente vinham com o plano traçado de trazerem Max Poole para lutar por um bom lugar na geral, o britânico teve problemas de saúde e infelizmente irá falhar a Vuelta, portanto o foco estará somente em etapas nos diferentes terrenos. É o elenco mais jovem da Vuelta, são 5 ciclistas que contam para a juventude, um deles o sprinter Casper van Uden, que irá liderar as hostes. O neerlandês chega pleno de confiança depois de ter ganho 1 tirada no Giro, estreando-se a ganhar em Grandes Voltas, veremos se abriu o “ketchup” ou se foi uma feliz ocasião apenas. O comboio não me parece incrível, é mais débil e o homem chave será Timo Roosen, um ciclista com experiente habituado a guiar Dylan Groenewegen na Visma.
Juan Martinez tem apenas 20 anos, foi 3º na Volta a Turquia, Kevin Vermaerke e Chris Hamilton vão tentar na montanha, no entanto a mais esperança nesse terreno creio que seja Gijs Leemreize, um corredor que já fez 4 Grandes Voltas e que em todas fez top 10’s em etapas, inclusivamente pódio numa delas. Patrick Eddy e Bjorn Koerdt são os estreantes que vêm para ganhar experiência.
Previsão: O raio não cai duas vezes e Van Uden não vai vencer na Vuelta, apesar de andar perto. Vermaerke para ser protagonista em algumas etapas de média montanha.
Team Visma | Lease a Bike

Que equipa, que bloco, a vontade é muita de mostrar que Jonas Vingegaard e a Visma ainda estão aqui para as curvas e estão de regresso a uma corrida que já dominaram por completo há 2 anos. Mesmo derrotado no Tour por Tadej Pogacar, obviamente que Jonas Vingegaard parte como o principal favorito, também porque pareceu terminar o Tour com uma boa condição física. Curiosamente, quando em 2023 triunfou no Tour, não iniciou a Vuelta a voar, as suas 2 vitórias em etapa surgiram na segunda metade da corrida, portanto os rivais podem tentar testar a sua sorte na primeira semana. Para a Visma é muito importante “desempatar” a contenda com a UAE, visto que ganharam o Giro, mas saíram derrotados no Tour.
Matteo Jorgenson e Sepp Kuss voltam a ser os principais escudeiros de Vingegaard, finalmente vimos em França melhorias na condição física de Sepp Kuss e espero que o norte-americano esteja bem mais presente aqui, já quanto a Jorgenson esperava mais dele no Tour, o desgaste de tentar atacar Pogacar à vez pode ter passado factura. Wilco Kelderman é dos corredores com mais experiência a este nível, Ben Tulett parece em boa forma e pode estar até próximo do nível de Kuss em algumas etapas. Já vimos que Dylan van Baarle e Victor Campenaerts nos seus dias podem desfazer pelotões por completo, até na montanha. Axel Zingle é muito talentoso, não o vejo como um rolador incrível, mas sim como alguém que pode ter as suas oportunidades nos finais mais explosivos e dar uma mãozinha ocasionalmente na média montanha.
Previsão: Com uma equipa destas não podem e não vão falhar! Jonas Vingegaard vai conquistar a primeira Vuelta da carreira e vencer três etapas. Victor Campenaerts vai triunfar numa fuga, tal como Axel Zingle. O contra-relógio coletivo também será da equipa neerlandesa. Por fim, top-10 final para Matteo Jorgenson.
Q36.5 Pro Cycling Team
É caso para dizer que não aprendem, mais uma vez mostram ambições na classificação geral com Thomas Pidcock num percurso tão bom para caçar etapas e assim ter uma maior exposição mediática. Pidcock foi 16º no Tour 2022, 13º no Tour 2023, 16º no Giro 2025, diria que nesta fase e aos 26 anos é altura de dizer basta, o britânico não é um voltista, não tem o que é preciso para andar sempre ao melhor nível numa corrida de 3 semanas, é um corredor incrível, mas não é um puro trepador, e isso também é responsabilidade da equipa colocar isso na sua cabeça. O desfecho mais provável é ir perdendo tempo, depois abdicar, só que caçar etapas na última semana pode já ser tarde demais.
A equipa vem com alguns bons caça etapas, a questão é saber se vão ter liberdade ou se vão ter de ficar agarrados a um eventual honroso lugar na classificação geral de Pidcock. Eu colocaria David de la Cruz e Zukowsky nessas funções e dava carta verde a Damien Howson e a Fabio Christen (uma das boas surpresas de 2025 e que tem aqui uma primeira experiência em 3 semanas) para entrarem em fugas na média e alta montanha. David Gonzalez, Camprubi e Azparren vão marcar presença na Grande Volta do seu país e vão querer dar nas vistas nas etapas planas com fugas.
Previsão: Tom Pidcock que esqueça a geral, vai perder tempo e, depois vai salvar a honra ao vencer uma etapa de média montanha.
UAE Team Emirates – XRG

Têm as pipocas prontas? É que isto promete. 2025 tem mostrado, mais uma vez, que existe uma UAE com Tadej Pogacar e focada no domínio do astro esloveno, e uma UAE sem Tadej Pogacar, onde aparentemente reina a anarquia e as decisões a roçar o incompreensível. E este alinhamento é mais uma prova disso mesmo, inicialmente parecia que João Almeida teria a oportunidade de liderar a equipa na Vuelta com um bloco totalmente focado nele, até que foi confirmado Juan Ayuso, que até aí parecia um pouco de castigo depois do que aconteceu no Giro. Não sabemos se foi uma operação de charme para manter o espanhol na equipa, algo que também não se percebe muito bem porque durante a época afirmou-se um tal de Isaac del Toro.
Creio que depois de ganhar a Volta ao País Basco, Tour de Romandie e Volta a Suíça, João Almeida merecia um pouco mais de consideração e podia ter recebido este prémio depois do que lhe aconteceu no Tour, mesmo disposto a sacrificar-se por Tadej Pogacar. Ayuso voou em Março, estava a andar bem no Giro e depois abandonou, voltou em San Sebastian onde desapontou, em Getxo esteve bem melhor. Vingegaard vai aparecer aqui bem, é preciso uma força conjunta dos 2 para bater o dinamarquês, mas para isso é preciso sacrifício, boa coordenação, comunicação e liderança.
Outro aspecto que não compreendo é, não há Tadej Pogacar, vimos com uma liderança partilhada com 2 ciclistas que pode dar alguma polémica, então em vez de trazermos os gregários de montanha mais sólidos e consistentes, levamos os corredores mais intermitentes e inconsistentes. Falamos de Marc Soler e Jay Vine, ambos incríveis no seu dia, ambos capazes de apagar as luzes e desaparecer. Neste sentido será muito importante o nível de Felix Grossschartner, sendo que Mikkel Bjerg e Ivo Oliveira estão mais vocacionados para o terreno plano e a média montanha, com o ciclista português a ter algumas chances nos sprints em pelotão compacto. Domen Novak é um bom trepador, mas se quisermos comparar com a Visma, de um nível inferior e Tulett, por exemplo.
Previsão: Muita tensão ao longo de 3 semanas, com João Almeida a conseguir vencer uma etapa e terminar em 2°. Juan Ayuso não se vai dar com o português, até vence uma etapa mas será apenas 4° e conquista a juventude. Marc Soler aparece sempre na Vuelta, vai vencer em fuga.
XDS Astana Team

Uma temporada que está a ser fabulosa e a equipa quer que assim continue, para isso vem com um conjunto de ciclistas muito ofensivas e de grande qualidade na montanha. Lorenzo Fortunato teve a sua melhor época em termos de classificação geral, foi 4º no Tour de Romandie, 2º na recente Vuelta a Burgos, veremos qual é a aposta e a ideia para a Vuelta depois de um Giro onde andou a caçar etapas e, principalmente, caçar pontos para a montanha.
Sergio Higuita está a tentar regressar ao seu melhor nível, o 14º lugar do Tour é um sinal que o colombiano está bastante melhor, ainda assim parece que perdeu um bocadinho aquela atitude de maior risco. Harold Martin Lopez tem sido uma máquina de fazer pontos, tem quase 800 pontos em 2025, creio que o nível da Vuelta é um bocadinho demais para as suas capacidade, uma coisa é a Volta a Grécia ou competições na China, outra coisa é uma Grande Volta. Wout Poels é uma caixinha de surpresas, teve um Giro apagado quando semanas antes venceu a Volta a Turquia, desta vez não tem referências positivas antes da Vuelta, portanto até pode perfeitamente ganhar 1 jornada. Harold Tejada, Nicola Conci e Fausto Mas nada já tiveram melhores dias, eram um perigo nas etapas de média montjaa.
Previsão: Lorenzo Fortunato chega bem e, como tal, vai fazer o mesmo que no Giro e vencer uma etapa de montanha.