Dia de média montanha pelo País Basco! Os fervorosos adeptos bascos prometem dar espetáculo, será que os ciclistas estarão à altura e também irão atacar a corrida?
Percurso
A Vuelta chega ao País Basco para um dia de média montanha nas já conhecidas curtas mas duras subidas desta região do país vizinho. 7 contagens de montanha no total da etapa, um dia que começa logo com o Alto de Laukiz (4 kms a 4,7%) e logo depois com o Alto de Sollube (7,3 kms a 4,2%). Aindana primeira metade da etapa aparecem o Balcón de Bizkaia (4,4 kms a 5,3%) e o Alto de Morga (8,2 kms a 3,5%), subidas que servirão para endurecer antes dos últimos 55 quilómetros finais mais sérios.
O Alto del Vivero (4,3 kms a 7,9%) será ultrapassado por duas vezes, a 53 e a 24 quilómetros do final, e pode já fazer estragos pois é uma subida em que o primeiro e o último quilómetro rondam os 8%. Fica a faltar uma subida mas não é “apenas” uma subida. O Alto de Pike, a 10 kms do final é bastante inclinado, não só pelos 2100 metros a 9,1%, mas pelo 1000 metros finais a 12,5%, que prometem fazer algumas diferenças. Seguem-se quase 9 kms em descida antes do último quilómetro em falso plano para a meta.
Táticas
Um dia de média montanha com muito potencial! Antes da Vuelta diríamos que esta era uma etapa para a fuga e esta pode ser uma situação a repetir-se já que não há muitas equipas interessadas em perseguir. Por outro lado, temos visto num passado recente que estas etapas são muito perigosas e capaz de fazer mais diferentes do que dias de alta montanha com subidas de grande extensão. Uma etapa atacada desde o início, com grande ritmo pode fazer muitos estragos.
Com o Angliru na sexta-feira, talvez a Visma|Lease a Bike se poupe um pouco, apenas acelerando na parte final, mas também imaginamos Jonas Vingegaard a querer aproveitar a oportunidade se estiver bem pois a etapa 12 é mais tranquila. A Q36.5 pode ser uma das equipas mais interessadas, é um dia perfeito para Pidcock dar uma vitória histórica à equipa. A UAE Team Emirates vai preferir apostar na fuga e depois ajudar João Almeida na parte final, muito à semelhança de hoje. Damos 65/35% para os favoritos à vitória final na Vuelta.
Favoritos
Jonas Vingegaard está cada vez melhor nas subidas mais curtas e explosivas. No Tour vimos isso só que tinha como grande rival Tadej Pogacar que é um fora de série. Na Vuelta, já mostrou que está forte neste tipo de subidas e se o deixam chegar com equipa e fresco ao Alto de Pike vai disparar para a vitória. O dinamarquês quer aproveitar todas as oportunidades, amanhã é mais uma. Vencer no País Basco depois da queda grave que sofreu seria um fechar de capítulo.
Tom Pidcock tem estado a um nível que não esperávamos. O britânico está a subir melhor que nunca, a conseguir seguir os principais ataques na montanha e, agora, tem uma etapa bem ao seu estilo. Em teoria, um dos melhores puncheurs presentes, Pidcock terá vantagem nestas pendentes mais inclinadas e não se vai importar se estiver num pequeno grupo, é muito rápido.
Outsiders
João Almeida tem sido um dos ciclistas mais ofensivos dos últimos dias, hoje foi o único a testar e, finalmente, teve a equipa a seu lado. O português também está cada vez melhor nestas subidas mas sabe que terá de entrar bem colocado para, se for necessário, responder aos ataques. Não costuma ir ao choque e, nestas subidas, pode ser importante para não rebentar. Ainda em Abril venceu a Volta ao País Basco.
Wout Poels tem estado muito discreto nesta Vuelta. Amanhã é um bom dia para o neerlandês, subidas com pendentes inclinadas a fazer lembrar as Ardenas onde deu boa conta de si. Já muito veterano, Poels costuma escolher as suas etapas a dedo e raramente falha, é um ciclista muito cirúrgico. Se lhe dão espaço, será difícil de bater.
Já com duas vitórias no bolso, Jay Vine pode ficar no apoio a João Almeida mas amanhã é um dia importante para a montanha e, como tal, pode estar na frente. Com isso, também se pode vir a desgastar, no entanto não tem tido rivais e, com facilidade tem ganho as contagens. Se o deixam chegar no grupo dianteiro na subida final, nunca mais o veem.
Possíveis surpresas
Giulio Ciccone – venceu em San Sebastian, quer repetir triunfo no País Basco. Terá aprendido com o erro de seguir Vingegaard, tem de ser mais calculista pois sabe que tem uma boa ponta final em grupos restritos.
Matteo Jorgenson – se houver reagrupamento entre os favoritos, o norte-americano pode aproveitar a superioridade numérica da Visma para atacar. Hoje foi dos poucos a seguir o ataque de Almeida, é um bom sinal.
Matthew Riccitello – o pequeno ciclista está como peixe na água nestas subidas inclinadas. Está a ser bastante regular, é um sinal positivo, ainda hoje conseguiu seguir os melhores.
Jai Hindley – parece em subida de forma mas ainda sem capacidade para seguir os melhores, no entanto se estes hesitarem pode conseguir surpreender com um ataque na descida. Não tem medo de arriscar.
Juan Ayuso – hoje esteve ao trabalho mas antes da etapa teceu duras críticas à equipa, amanhã pode estar ao ataque! O espanhol é uma caixinha de surpresas mas, se tivéssemos de adivinhar, talvez esteja a guardar energias para o Angliru.
Marco Frigo – voltamos a mencionar o italiano, um ciclista talhado para estes dias de média montanah e, sem final em alto, ainda melhor. Terá de atacar de longe mas todos sabemos que essa é a sua imagem de marca.
Mikel Landa – um basco a correr no País Basco quer sempre mostrar-se. Landa tem estado muito desaparecido, já era de esperar, de forma a ganhar ritmo competitivo depois de uma longa paragem. Com o Angliru na sexta-feira, pode fazer um teste à sua condição.
Michal Kwiatkowski – em duas fugas consecutivas, o polaco pode tentar a terceira, numa etapa que faz lembrar uma clássica. A subida final pode ser dura demais mas, até lá, há terreno suficiente onde pode fazer diferença.
David Gaudu – desde a 6ª etapa que tem andado desaparecido, está a passar por um período menos bom mas também não acreditamos que a forma tenha desaparecido de um momento para o outro. Este tipo de subida são perfeitas para as suas características.
Santiago Buitrago – com Torstein Traeen fora da liderança, a Bahrain pode dar liberdade aos seus ciclistas e o colombiano é a principal aposta. Buitrago adora este tipo de etapas, com muito acumulado e com sobe e desce constante.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Harold Tejada e Antonio Tiberi.