A segunda semana da Vuelta termina com uma etapa onde os cenários possíveis são muitos. Conseguirão os sprinters sobreviver ou teremos a fuga a vingar?

 

Percurso

Esta etapa começa com uma 1ª categoria, o Puerto A Garganta (16,4 kms a 5,1%) que é uma subida muito regular e apenas com um quilómetro realmente duro. Podem passar quase 40 quilômetros até nova contagem de montanha, no entanto, pelo caminho, há 3 colinas entre os 2-3 kms a rondar os 6%. O Alto de Barbeitos é uma subida que engana, pois apesar de serem 11,9 kms a 3,8% os primeiros 3,6 kms são a 6,9%.

Atingido o alto desta montanha, ainda restam mais de 100 quilómetros para o final e o terreno torna-se muito mais acessível. Mais duas pequenas colinas antecedem uma longa fase de falso plano em descida que praticamente deixa os ciclistas a 35 quilómetros do fim e no sprint intermédio do dia. Passado esse ponto de interesse há 4,8 kms a 4% e os últimos 30 quilómetros em direção a Monforte de Lemos serão muito rápidos. Falando do final, tem uma longa reta entre os 2100 e os 800 metros, curva a 90 graus para a direita, reta de 500 metros antes de nova curva a 90 graus para a reta da meta que tem apenas 300 metros de extensão.



Táticas

Último dia da segunda semana da Vuelta, as energias já não são muitas mas os ciclistas também sabem que depois têm um dia de descanso por isso pode dar mais. O início da etapa é bastante complicado, é aqui que está a chave de como irá correr a mesma. O primeiro cenário é um grupo numeroso destacar-se na primeira subida e depois vir a discutir a vitória entre si, pois o terreno ondulante ainda vai durar muitos quilómetros e as equipas não terão muito espaço para perseguir.

O segundo cenário que vemos a acontecer é a Lidl-Trek voltar a assumir o protagonismo, tal como aconteceu no início da Vuelta. A equipa norte-americana em trabalhado tanto e ainda não conseguiu vencer nesta prova, é um pouco inglório. Amanhã pode ser o dia de tudo ou nada para Mads Pedersen, o dinamarquês continua cheio de energia, tem estado em muitas fugas em dias complicados, vencendo sprints intermédios. Um ritmo mais alto vai colocar os sprinters puros em dificuldade e depois é manter a fuga debaixo de olho e anulá-la em direção ao final. Outro cenário plausível é a Lidl-Trek ver que não consegue controlar e, dessa forma, ir para a fuga com o próprio Pedersen.

 

Favoritos

Mads Pedersen tem de ter esta etapa marcada no seu livro de prova. Apesar da vantagem que tem, a classificação por pontos não está segura e sabe que este é um dia decisivo. É um ciclista capaz de vencer em vários cenários, acreditamos mais que vai confiar na Lidl-Trek, a equipa está unida em torno do seu líder. Não pode é ter receio no sprint, como tem acontecido.

Olhando para a fuga, Fabio Christen pode ser uma boa opção. O helvético está a ter a sua temporada de afirmação entre a elite e vencer na Vuelta seria a cereja no topo do bolo. É um ciclista muito completo, passa bem este tipo de subidas e tem uma excelente ponta final e, apesar de tudo não deverá ser assim tão marcado. A Q36.5 ainda procura a vitórai.

 

Outsiders

Orluis Aular foi um dos ciclistas mais regulares da primeira metade da Vuelta mas a vitória também não apareceu. Muito mais que um sprinter, o venezuelano adora estes dias mais duros e, com o avançar das Grandes Voltas, também tem alguma vantagem. Posiciona-se muito bem, pode ser importante.



Aos 21 anos, Thibaud Gruel está a ter uma temporada no World Tour de grande nível. O jovem da Groupama-FDJ tem dado nas vistas no calendário francês e, recentemente, já tem mostrado a sua qualidade no World Tour, inclusive nesta Vuelta. Ciclista muito completo, poderá ter aqui uma grande oportunidade para surpreender.

Jasper Philipsen não terá tarefa fácil, a primeira subida pode fazer-se longa demais no entanto nunca podemos descartar o belga. O próprio admitiu que não chegou a 100% e mesmo assim venceu duas etapas, acreditamos que agora esteja melhor e, possivelmente, também está a subir melhor. Se o deixam passar a fase mais dura, o belga não vai desperdiçar.

 

Possíveis surpresas

Ivan Garcia Cortina – pode ser usado como a opção ofensiva da Movistar. Não tem tido muitas oportunidades, mas continua a ser um ciclista bastante rápido em grupos restritos.

Jake Stewart – dentro da Israel-Premier Tech, o britânico é a melhor hipótese. Passa melhor as subidas que Ethan Vernon, tem uma das últimas oportunidades.

Thomas Silva – o uruguaio começou a Vuelta com bons resultados e, desde aí, tem estado mais discreto. As etapas ao seu jeito voltam a aparecer, é um ciclista que pode conseguir um bom resultado em diversos cenários.

Jenthe Biermans – um sprinter já com muitos top-10 ao longo do ano, fruto da sua polivalência e capacidade de posicionamento. Um pódio já ser um lugar de destaque para o belga da Arkea.



Ben Turner/Filippo Ganna – duo muito perigoso na INEOS Grenadiers. Turner poderá ser a carta para o sprint, ao passo que Ganna o ciclista mais ofensivo, numa fuga será muito perigoso.

Michal Kwiatkowski – outra alternativa dentro da INEOS, um ciclista que tem tentado muito nas últimas etapas mas que ainda não teve sorte nas fugas onde esteve. A experiência pode ser muito importante.

Nico Denz – um mestre neste tipo de etapas. Já venceu por várias vezes em Grandes Voltas em dias que seriam destinados ao sprint. Com um motor impressionante, o alemão é daqueles que escolhe o momento certo para atacar e raramente falha.

Gal Glivar – se a Alpecin-Deceuninck não se focar somente em Philipsen, o esloveno pode ter a sua oportunidade. Um ciclista rápido em grupos restritos, tantos resultados de relevo conseguiu entre os sub-23 e que está na estreia entre a elite.

Huub Artz – a grande opção da Intermarché. O campeão da Europa sub-23 tem uma etapa ao seu jeito, um ciclista que gosta da média montanha e depois não tem medo de atacar, mesmo sendo rápido em grupos restritos.

Sean Quinn – está a ser um dos combativos da Vuelta, esteve em muitas fugas, amanhã pode ser mais uma. Um ciclista talhado para estes dias, numa EF Education que ainda procura a primeira vitória.

Alec Segaert – o belga já esteve numa fuga e tentou a sua sorte de longe, não nos admirávamos que amanhã tentasse o mesmo. Não lhe podem dar muito espaço, é um excelente contra-relogista.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Matteo Sobrero e Ivo Oliveira.



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