A La Vuelta está de regresso! Dia de média montanha, com uma parte final bastante complicada e que servirá de teste aos homens da geral. Teremos João Almeida ao ataque?

 

Percurso

168,4 quilómetros para o regresso da Vuelta, com partida em Poio. Os primeiros 73 quilómetros são os mais simples de toda a etapa, poucas subidas, terreno bastante rápido até à primeira contagem de montanha do dia, o Alto de San Antoñino (8,9 kms a 4,1%). O Alto da Groba (11,4 kms a 5,4%) é já um teste importante, uma subida mais longa e que tem 3 kms a mais de 8% na sua fase inicial. Lá no alto, restam pouco mais de 50 quilómetros, os próximos 20 em descida antes de uma colina de 3,7 kms a 6,9% que leva os ciclistas até ao sprint intermédio 3 kms volvidos.

As dificuldades ainda não terminaram, com o Alto de Prado (3,2 kms a 8,9%) a estar de seguida, uma subida curta mas muito íngreme. No topo também existem bonificações e com 20 quilómetros para a chegada pode haver quem queira tentar a sua sorte. Após uma curta descida que é “cortada” por um pequeno topo, os ciclistas chegam ao Alto Castro de Herville (8,3 kms a 5,2%). Esta é uma subida feita em duas fases, com os primeiros 1700 metros a terem 10,3%, seguindo-se 1 km plano, 3 kms de falso plano (inclinação nunca acima dos 4%), antes dos 1300 metros finais a 6,4%.



 

Táticas

O regresso de um dia de descanso costuma ser sempre algo traiçoeiro. Nem todos se adaptam a um dia de repouso, as sensações podem não ser as ideais, há quem tenha sempre um dia menos positivo. Com isto, esperamos uma etapa bastante rápida, nem que sirva apenas para testar os adversários, principalmente na fase inicial. As subidas do dia não são muito duras nem continuas (principalmente a última), o que pode fazer com que as equipas dos homens da geral se resguardem para outros dias mais importantes. Tudo vai depender se alguém sentir dificuldades.

Apesar disto, é uma etapa que deverá sorrir à fuga. Quarta-feira é um dia ainda mais importante para os homens da geral, aí já se devem fazer diferenças maiores do que os escassos segundos que podem acontecer amanhã. Pela Visma a fuga terá sucesso, a UAE Team Emirates mais depressa coloca alguém na fuga do que trabalha no pelotão, a Q36.5 deverá correr mais na defensiva, sobrando apenas a Red Bull-BORA que sozinha não conseguirá anular uma numerosa fuga.

 

Favoritos

Juan Ayuso venceu etapas nas duas semansa de competição, teremos o espanhol a vencer na terceira? É certo que Matxin disse que a UAE Team Emirates se iria focar mais em João Almeida mas no mesmo dia Marc Soler foi para a fuga e venceu. Antes de uma etapa mais exigente, Ayuso pode ter nova oportunidade para vencer em mais uma etapa ao seu jeito. Até nem se importava de um final mais duro, no entanto é suficiente para fazer diferenças.

Eddie Dunbar tem ido de menos a mais na Vuelta. O irlandês está a apontar a uma boa 3ª semana, já esteve em duas fugas e com melhoria de resultados mostra que a forma está em crescendo. Não é um puro trepador e, por isso, estas inclinações mais suaves acabam por beneficiar o ciclista da Jayco AlUla.

 

Outsiders

Santiago Buitrago é mais um ciclista que tem tentado bastante nos últimos dias. Por norma, o colombiano acaba as Grandes Voltas muito bem e, como tal, é um nome muito importante a ter em atenção. Se tiver de atacar de longe para forçar uma seleção no grupo vai fazê-lo e é um ciclista explosivo caso o final seja discutido num pequeno grupo.



Fora da luta pela geral, Egan Bernal virou-se para as etapas e já ontem esteve ao ataque. Todos sabemos da qualidade do colombiano, por isso será sempre um ciclista muito marcado e só conseguirá vencer se for, definitivamente, o mais forte do dia. A INEOS Grenadiers tem conseguido colocar múltiplas opções na fuga, pode vir a ser importante.

Antonio Tiberi pode ser um ciclista perigoso em duo com Buitrago. Cedo fora da luta pela geral, o italiano apareceu na etapa do Angliru mas dois furos e uma queda deitaram tudo a perder. Está a recuperar as melhores sensações e, apesar de tudo, continua a ser um ciclista que se adapta às Grandes Voltas, pelo que a condição física não deverá estar em baixo. Quando está bem, Tiberi é um ciclista perigoso, seria uma forte de salvar a sua Vuelta.

 

Possíveis surpresas

Jay Vine – a etapa de ontem foi importante para ganhar pontos “de borla” para a montanha. Apesar de tudo, a classificação ainda não está garantida, o australiano ainda deve entrar em mais fugas apesar de ser um dos principais apoios de João Almeida. Entre Ayuso e Vine um deles deve estar na frente e serão sempre um dos mais fortes.

Bob Jungels – esteve em destaque no Angliru, uma das melhores etapas que o vimos fazer nos tempos recentes. Se voltar a estar na frente, pode ser a opção ofensiva da INEOS, um ciclista que se defende muito bem quando está sozinho.

Javier Romo – sem Pablo Castrillo, é a melhor hipótese da Movistar. Ao não ser um puro trepador, estas são as etapas que melhor se encaixam no seu perfil. Caiu ontem mas não pareceu nada de grave.

Lorenzo Fortunato – desde que foi 3º na etapa 6, tem tido uma Vuelta discreta. Já perdeu bastante tempo na geral, agora tem o foco nas etapas e todos sabemos da qualidade do italiano neste cenário. Quando mais dura a corrida melhor.

Harold Tejada – tem sido o ciclista mais regular da XDS Astana nas fugas. O colombiano é um trepador muito competente, não é dos melhores, mas a sua regularidade algum dia o vai recompensar. Nos últimos dias testou-se com o grupo dos favoritos e chegou sempre perto destes.



Marco Frigo – o combativo italiano voltou a ter destaque na etapa de ontem depois de algumas etapas discretas. Amanhã é mais um dia ideal para Frigo, média montanha, possivelmente com um ataque de longe aproveitando a desorganização no grupo.

Kevin Vermaerke – já esteve numa mão cheia de fugas, tem sido um homem numa missão. O norte-americano não quer deixar a Vuelta sem resultados de relevo, amanhã é mais uma etapa de montanha para tentar.

Jonas Vingegaard – não é o final ideal para o dinamarquês no entanto tem a equipa certa para armadilhar a etapa. É um ciclista explosivo, já o provou nesta Vuelta, se poder ganhar tempo vai fazê-lo.

João Almeida – Dia importante para o português, tem de estar muito atento e sempre bem posicionado. O apoio da equipa será fundamental, se chegar fresco à subida final vai testar os seus rivais.

Jai Hindley – em crescendo de forma e em busca do pódio. Mais uma etapa para continuar a sua recuperação e, apesar do final não ser tão bom para as suas características, a frescura física já conta muito.

Tom Pidcock – com dias mais duros pela frente, o britânico sabe que tem aqui uma oportunidade para se defender e, quem sabe, ganhar alguns segundos a Hindley num final mais explosivo.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Finlay Pickering e Brieuc Rolland.



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