O momento de todas as decisões! A Vuelta chega à última etapa de montaha com a chegada no topo da Bola del Mundo. Conseguirá João Almeida fazer história e revirar a geral a seu favor?

Percurso

A 20ª etapa da Vuelta abre logo com a subida para o Alto de La Escondida (9 kms a 4,1%), seguida imediatamente do Puerto de La Paradilla (5,8 kms a 5,8%). Ainda nem 30 quilómetros estão ultrapassados e os ciclistas já têm duas subidas nas pernas. Após 25 quilómetros mais acessíveis aparece o Alto del León (7,1 kms a 7,3%) para terminar a primeira fase da etapa. Cerca de 50 quilómetros num longo vale que leva os ciclistas ao sopé do sempre complicado Puerto de Navacerrada (6,9 kms a 7,5%), uma subida muito regular e cujo alto fica a 49 quilómetros do fim.

Num instante os ciclistas vão fazer 37 quilómetros, 19 em descida, 18 já num falso plano que leva os ciclistas ao momento de todas as decisões. Início da Bola del Mundo, a subida final desta edição da Volta a Espanha, uma categoria especial! 12 400 metros de puro sofrimento, uma subida com uma inclinação média de 8,6% e se a média já é dura, os derradeiros 3100 metros prometem doer muito, com média de 12,1%!

Táticas

Dia de tudo ou nada! E não falamos apenas na luta pela geral mas também pela etapa. O início difícil será importante para os trepadores que quiserem estar na fuga, muito da etapa vai-se jogar nesse momento, também pode vir a ser fundamental para as equipas da geral teres ciclistas satélite na fuga para serem úteis mais à frente. É aqui que entra a UAE Team Emirates. De uma vez por todas, a equipa tem de se focar em João Almeida, reunir tropas no pelotão e endurecer a corrida. O percurso não é o ideal para ataques de longe mas é o que há, portanto foco total no português e esquecer a fuga.

A Visma|Lease a Bike está reduzida a 6 elementos, Jonas Vingegaard não parece no seu melhor, talvez cansado ou ainda afetado pela doença. Com tudo isso, não vemos a equipa neerlandesa a perseguir como nas outras etapas. A Red Bull-BORA-hansgrohe deve ser a aliada da UAE, ainda sonha com o pódio de Jai Hindley e só uma corrida dura pode retirar forças a Tom Pidcock. Com tudo isto, com tanto por decidir, não esperamos ver a fuga a ter sucesso, esperamos ver uma subida à Bola del Mundo muito endurecida e uma batalha pela Vuelta e pelo pódio!

Favoritos

Dia de João Almeida deixar tudo na estrada! O português tem uma última oportunidade para revirar a Vuelta a seu favor numa chegada durísima. A UAE Team Emirates vai endurecer a corrida, esperemos que tenha um bloco mais coeso que noutros dias, e depois cabe ao português rematar. Acreditamos que faça uma subida ao estilo do Angliru, tendo asfixiar os seus rivais com um ritmo infernal.

Jai Hindley vai jogar o tudo ou nada na luta pelo pódio. O australiano não tem nada a perder e sabe que tem de recuperar tempo, por isso terá de atacar ainda cedo. Nas subidas mais longas tem-se mostrado um dos mais fortes, veremos se chega ao momento da verdade e consegue corresponder. Uma vitória e o pódio final seriam importantes para marcar posição dentro da equipa.

Outsiders

Na última chegada em alto vimos Giulio Pellizzari aproveitar a marcação, poderá voltar a fazê-lo? O italiano é um enorme talento e, apesar do foco estar em Hindley, nova oportunidade pode surgir. O italiano adora as terceiras semanas de Grandes Voltas, já no Giro deste ano foi um dos ciclistas mais fortes.

Acreditamos que Jonas Vingegaard vai correr num modo mais defensivo, já só quer vencer a Vuelta mas se a oportunidade surgir porque não? Grandes campeões como o dinamarquês querem sempre vencer e fazê-lo no alto desta subida e com a camisola vermelha seria o confirmar do triunfo da Vuelta e algo que ficaria para sempre na memória.

Tom Pidcock tem aqui o derradeiro teste! O britânico tem conseguido defender o seu 3º lugar mas também vimos que nos dias mais duros sofreu mais, o que pode ser o caso de amanhã. Será muito atacado pela Red Bull-BORA, vai defender-se com unhas e dentes mas se chegar bem aos quilómetros finais tem uma chance, são rampas duras como tanto gosta.

Possíveis surpresas

Matthew Riccitello – está a acabar muito bem a Vuelta, estando já em 6º. Na última chegada em alto mostrou-se forte, atacando várias vezes. Ainda sonha com a camisola branca, um cenário já difícil.

Felix Gall – parece que o tanque já está a esvaziar, não dá para muito mais. Tem descolado cedo mas, ao seu ritmo, tem conseguido fazer boas subidas e minimizar perdas. Gall é inigmático, do nada pode ter um grande dia.

Egan Bernal – já com uma vitória no bolso, o colombiano corre sem pressão e à procura de mais. Vencer neste local mítico seria a cereja no topo do bolo da Vuelta, depois de ter ficado afastado da geral.

Santiago Buitrago – várias tentativas de fugas mas sempre sem sucesso, o colombiano tem uma última oportunidade, caso contrário terá uma Vuelta bastante negativa.

Antonio Tiberi – o mesmo podemos dizer de outra Bahrain-Victorious. Já esteve em duas fugas, em ambas pareceu muito forte, no entanto o pelotão lutou pela vitória nesses dias.

Harold Tejada – mais um colombiano para a fuga! Está a andar muito bem, já esteve em fugas e mesmo assim não está muito distante na geral, pelo que vai dar tudo por tudo para um bom lugar.

Jay Vine/Juan Ayuso – estamos à espera que a UAE Team Emirates e foque em João Almeida mas, por outro lado, já sabemos como é a equipa árabe. Não seria de estranhar ver um destes dois na fuga, onde seriam os principais favoritos a somar mais uma vitória, principalmente Vine, está muito forte.

Mikel Landa – última oportunidade para o basco que tem estado muito discreto desde que foi 2º na etapa encurtada. Dia do Landismo renascer e tentar uma vitória numa subida mítica.

Eddie Dunbar – a grande aposta da Jayco AlUla, defendeu-se bem na última chegada em alto mesmo já não estando na luta pela geral. O irlandês já sabe o que é vencer em subidas importantes da Vuelta.

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Lorenzo Fortunato e Finlay Pickering.