A Vuelta despede-se de Itália mas ainda não chega a Espanha! França é o destino, num percurso que começa bastante montanhoso e terminar plano. Conseguirão os sprinters aguentar ou teremos a fuga a triunfar?
Percurso
O pelotão da Vuelta despede-se de Itália com partida em Susa e com um final muito complicado, logo com a subida do Puerto Exiles (5,7 kms a 5,6%) encadeado com o Col de Montgenèvre (8,4 kms a 5,9%), numa altura em que o pelotão chega a França. Não há duas sem três e, depois dede 15 quilómetros mais acessíveis surge o Col du Lautaret (13,8 kms a 4,3%). 77 quilómetros, ainda 130 para percorrer e já estão quase todas as dificuldades ultrapassadas.
O terreno torna-se muito mais rápido, até ao quilómetro 156 é quase sempre em descida ou falso plano, até 2300 metros a 6,3%. Pouco mais de 40 quilómetros para o fim, terreno totalmente plano até aos quilómetros finais em Voiron, onde se torna em ligeira subida. Os últimos quilómetros são muito traiçoeiros, muitas rotundas (6 em menos de 2 quilómetros), a última das quais a 600 metros do fim. A 300 metros do fim surge a última curva, antes da estrada inclinar a 4%.
Táticas
Se hoje vimos a Lidl-Trek sozinha na frente do pelotão, amanhã o cenário será o mesmo. Esta é uma etapa que encaixa na perfeição a Mads Pedersen e o dinamarquês sabe que tem de estar na frente se quiser ganhar a classificação por pontos. Uma corrida endurecida não trará dificuldades para o escandinavo mas sim para os seus rivais, os sprinters mais puros deverão ter uma tarefa muito complicada na parte montanhosa e, se não ficarem para trás nas primeiras subidas, irão ficar na última.
O problema estará nos 130 quilómetros que restam, a Lidl-Trek poderá ter pouca ajuda e aí torna-se complicado controlar a corrida. Assim, com o início difícil e se ninguém ajudar a equipa norte-americana, a fuga pode sonhar com o triunfo. Para estar na frente é preciso ser um ciclista muito completo, não será nada fácil estar na frente com a dureza inicial, mas também é preciso ter uma boa ponta final, devido ao final mais plano.
Favoritos
Mads Pedersen já leva duas oportunidades desperdiçadas, devem estar furioso! O dinamarquês tem colocado a sua equipa ao trabalho, hoje foi mais que evidente, e tem acabado derrotado. Amanhã é mais uma chance, a pressão começa a aumentar e, para ter mais hipóteses, a corrida terá de ser endurecida para deixar os sprinters puros para trás. Dia muito importante para Pedersen!
Hoje voltamos a ver Orluis Aular posicionar-se muito bem, foi o único “sprinter” para além de Pedersen a conseguir aguentar o ritmo infernal na subida final. O venezuelano tem mais uma chance para um bom resultado, em mais uma chegada técnica e em ligeira subida. Tudo boas notícias para Aular.
Outsiders
Jasper Philipsen ainda não está na sua melhor forma, hoje foi mais que evidente. Amanhã será um dia de muito sofrimento, especialmente no início só que, após todas as subidas ainda restam 130 quilómetros para o fim, a probabilidade de regressar ao pelotão é considerável. Com uma equipa focada em si, já vimos que não há um comboio tão forte.
A Groupama-FDJ pode estar focada em David Gaudu mas amanhã pode ser uma boa oportunidade para Thibaud Gruel. O jovem francês é um sprinter muito completo, passa bem este tipo de subidas, conforme já comprovou no calendário francês. Num pelotão mais reduzido terá mais facilidade no posicionamento. A Vuelta chega a França … com uma vitória francesa?
Matteo Sobrero é a nossa aposta para a fuga. O italiano encaixa na categoria de ciclistas que sobem bem e têm uma boa ponta final, o início de etapa não lhe vai meter medo. É um ciclista que também anda bem num contra-relógio, num grupo mais reduzido ou até em solitário, será difícil correr tempo no final.
Possíveis surpresas
Ben Turner – hoje o britânico esteve ao serviço da equipa, amanhã deve ter nova oportunidade. Um dia mais duro será do seu agrado, consegue aguentar melhor que os puros sprinters e, na forma que tem estado, tem de aproveitar a oportunidade.
Jake Stewart – não conseguiu estar na luta na etapa de hoje, em teoria era para si. Amanhã com um final mais simples será mais fácil, vai sofrer nas subidas mas deverá passá-las. É um sprinter que se coloca muito bem, neste tipo de finais é fundamental.
Bryan Coquard – esta é uma etapa perfeita para o pequeno ciclista, quando está bem passa com relativa facilidade este tipo de subidas. Para além disso, o final em ligeira subida é ideal para Le Coq.
Thomas Silva – o uruguaio não aguentou hoje, amanhã tem uma nova oportunidade. Numa Caja Rural a tentar justificar o convite, todos os resultados são bem-vindos. Consegue posicionar-se relativamente bem, num grupo restrito ainda mais fácil será.
Jenthe Biermans – mais um sprinter muito regular devido à sua capacidade de posicionamento. Adora estes dias mais duros e o final em ligeira subida também são boas notícias para o belga.
Nico Denz – alguém falou em fugas em etapas que, em teoria, são para os sprinters? O alemão é um especialista em estragar a festa aos homens rápidos, consegue escolher as etapas a dedo e raramente falha. Em grupos restritos é relativamente rápido.
Finn Fisher-Black – mais uma alternativa na Red Bull-BORA. O neozelandês é capaz de grandes exibições ou completos desastres, não sabemos o que esperar. Um ciclista que passa bem a média montanha e com uma boa ponta final, tem tudo o que é preciso.
Fernando Barceló – o espanhol é mais experiente que Silva e é uma boa alternativa da Caja Rural. Talvez seja a carta ofensiva da equipa, alguém que sobe bem e tem uma boa ponta final, será sempre perigoso numa fuga.
Marco Frigo – o italiano tem um início perfeito para si, até se fosse mais duro não seria do seu desagrado. Já o final não se pode dizer o mesmo mas, para um ciclista tão combativo, um ataque de longe não é algo incomum. Todos estarão atentos.
Marc Soler – sem um grande líder, a UAE Team Emirates é um barco à deriva e costuma dar mais oportunidades. A correr em casa, o espanhol deverá ter as suas chances, amanhã é uma delas, com um início bastante duro. Tal como Frigo, é alguém que tem de chegar isolado.
Fabio Christen – com Tom Pidcock focado na geral, o helvético pode vir a ter liberdade. Christen está a ter o seu ano de afirmação, excelentes resultados em provas deste género, principalmente devido à sua boa ponta final em grupos restritos.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Alex Molenaar e Jordan Labrosse.