A montanha está de regresso na Vuelta! Primeiro dia com muitas dificuldades ao longo do percurso, com a etapa a visitar um novo país, desta vez a terminar em Andorra com nova chegada em alto.

 

Percurso

Finalmente a montanha a aparecer, com pouco mais de 3600 metros de desnível acumulado positivo. A etapa começa logo a subir, com Collada de Santigosa (11,1 kms a 4,2%), depois um pequeno vale para a subida de  Collada de Toses (24,4 kms a 3,5%). Apesar de longas, estas duas primeiras subidas não são muito inclinadas, pelo que servirá apenas para endurecimento.

Atingido o alto da segunda subida, são praticamente 70 quilómetros em descida ou falso plano, depois mais 18 quilómetros em ligeira subifda até ao começo do Alto de La Comella (4,2 kms a 8%), sendo que lá no alto existe, para além dos pontos da montanha, um sprint bonificado. 21 quilómetros para a chegada, curta descida e nova fase de falso plano em direção ao sopé da subida final. A ascensão para Paul tem um total de 9,6 kms a 6,5% e tem as suas principais rampas no seu miolo, com 2 kms entre os 8-9%. O final é em falso plano, a haver ataques tem de ser cedo.



Táticas

As 5 primeiras etapas já lá vão, finalmente um dia com montanha mas já há ciclistas muito atrasados. Ainda é cedo numa Grande Volta mas a Vuelta já nos habituou a muitas fugas a triunfar e amanhã é um bom dia para isso. Jonas Vingegaard não se vai importar de perder a camisola vermelha, desde que não seja um perigo mais à frente na competição, pelo que os primeiros quilómetros, ainda para mais em subida, serão importantes para a definição da fuga.

Para além disso, a subida final não é assim tão dura pelo que, se os favoritos discutirem a vitória, um final ao sprint, tal como aconteceu em Piemonte é um cenário muito provável. Trabalhar o dia todo para, potencialmente, ganhar alguns segundos nas bonificações pode não ser assim tão vantajoso. Desta forma, vemos como a primeira grande chance para a fuga pode vingar na Volta a Espanha deste ano.

 

Favoritos

Bem falamos de ciclistas mais afastados da geral para a fuga mas porque não pensar em Marc Soler? O espanhol está a apenas 8 segundos da liderança mas não é nenhum perigo para a geral final. Na Vuelta, Soler costuma mostrar as suas melhores versões, sempre muito combativo e forte nas subidas. Está a correr em estradas que bem conhece, seria um prémio vencer a etapa e ser líder.

Não é de todo certo que a fuga chegue e se Jonas Vingegaard sentir que está bem e pode ganhar tempo aos rivais vai colocar a sua equipa ao trabalho. A Visma sabe o que tem de fazer, tem um dos melhores blocos da prova e esta é uma etapa em que se pode notar isso. O dinamarquês já venceu uma etapa, estará confiante que pode derrotar os rivais nem que seja ao sprint.



Outsiders

Pablo Castrillo fez um brilharete no ano passado, está na hora de mais. Numa Movistar focada em vencer etapas, o espanhol já se encontra muito atrasado na geral, terá liberdade para estar na frente. Isso também será importante pois apenas se vai focar na etapa, não gastando mais energias. Terá mais marcação que em 2024 mas se tiver as mesmas pernas do ano passado será difícil de bater.

Lorenzo Fortunato vem com a classificação da montanha na cabeça, amanhã é o primeiro dia importante. O início difícil beneficia o italiano, é mais simples estar na fuga. A partir daí é esperar estar num bom dia, tal como aconteceu no Giro, sempre que estava numa fuga era muito complicado de superar.

Giulio Ciccone quer quebrar com a “maldição” da Lidl-Trek. A equipa norte-americana já tem vários pódios, tem trabalhado muito, mas a vitória não aparece. Terá aprendido com o pequeno erro de domingo e sabe que tem mais um final ao seu jeito. Tem de aproveitar este tipo de chegadas para ganhar tempo aos rivais.

 

Possíveis surpresas

David Gaudu – o francês voltou a encontrar a sua melhor versão na Vuelta, parece que espera sempre por esta altura do ano. Está a andar muito bem, é um ciclista muito combativo, sem medo de atacar e sabe que em grupos restritos é rápido.

Juan Ayuso – mais discreto que alguns rivais até agora, é certo que ainda não existiram grandes oportunidades. Talvez o espanhol estivesse a recuperar o ritmo competitivo. É um ciclista muito explosivo.

João Almeida – muito atento, o português tem estado sempre bem colocado, a fazer uma Vuelta dentro do esperado. Primeiro grande teste, se quer marcar posição dentro da UAE Team Emirates tem de se mostrar bem. Em 2025 tem estado mais explosivo que anteriormente.



Felix Gall – a primeira chegada em alto não lhe assentava bem e mostrou-se muito ativo, nota-se que saiu com a confiança em alta do Tour. Se sentir que pode atacar também não vai desperdiçar a oportunidade. Apesar de tudo, não é uma boa subida para as suas características.

Egan Bernal – estas etapas são de sobrevivência para o colombiano, preferiria finais mais duros mas também é um ciclista rápido em grupos restritos. É um ciclista muito ofensivo.

Eddie Dunbar – um bom dia para o irlandês tentar a sua sorte, mesmo com Ben O’Connor na luta pela geral. Dunbar tem uma boa relação com a Vuelta, já venceu na montanha, sabe o que precisa de fazer.

Marco Frigo – o italiano não é ciclista para esperar pela subida final, se estiver na fuga é alguém para atacar de longe, já é a sua imagem de marca. Tem de saber gerir o seu esforço, muitas vezes acaba alcançado na parte final.

Harold Martin Lopez – grande ano que o equatoriano está a fazer, já somou muitos pontos UCI. Está na hora de se confirmar no World Tour e logo numa Grande Volta seria de grande nível. A qualidade está lá, veremos se consegue corresponder.

Léo Bisiaux – por falar em qualidade, é algo que não falta ao jovem francês. Esteve em grande plano na Vuelta a Burgos, o seu primeiro grande momento entre os elites. Trepador de muita qualidade, é daqueles que também gosta de atacar de longe.

Matthew Riccitello – o pequeno norte-americano é uma boa opção para “roubar” a liderança, um ciclista que sobe bem, é capaz de grandes exibições e não é um perigo a longo prazo. Pode ter aqui o grande momento da sua carreira.

Sergio Chumil – a opção para surpresa. O guatemalteco é a principal aposta da Burgos para este tipo de dias, é um ciclista capaz de grandes vitórias, já venceu no Gran Camiño e no Alto da Torre. É preciso um dia perfeito, mas a Vuelta já mostrou que as surpresas são possíveis.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Wout Poels e Junior Lecerf.



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