Entre etapas de montanha, os sprinters podem ter mais uma oportunidade para brilhar mas, para tal, têm que ultrapassar as dificuldades que estão pelo caminho.

 

Percurso

Camargo acolhe a partida da 7º etapa, um dia com um perfil não muito comum nos dias de hoje. Cerca de 105 quilómetros planos, apenas com alguns pequenos topos, levam ao Puerto de San Glorio (19,5 kms a 5,8%), uma subida bastante regular e muito longa, que pode ser fatal para muitos. Esta escalada termina a 63 quilómetros e, a partir daqui, os ciclistas seguem num longo planalto até à meta em Cistierna.

 

Tácticas

Só vemos 2 cenários possíveis de acontecer amanhã, um sprint em grupo mais ou menos restrito ou uma fuga a resultar. O primeiro cenário envolve uma fuga de 5/6 elementos a ganhar algum espaço e a ser controlada pelas equipas dos sprinters (Bora tem obrigação porque ganhou os outros 2 sprints, Alpecin tem Merlier e Trek-Segafredo tem Pedersen). Depois na contagem de 1ª categoria a Trek-Segafredo terá um plano claro de endurecer a corrida com Mads Pedersen, que está em grande forma e ultrapassa como poucas as subidas. A Bora-Hansgrohe não pode deixar muita gente para trás e a Alpecin não é incrivelmente forte, portanto se a Trek contar com a ajuda de uma Israel de Impey ou de uma Cofidis de Coquard pode aguentar o pelotão até à parte final. É preciso recordar que a próxima oportunidade de um sprint assim mais restrito só surge na 13ª etapa, daqui a 1 semana.



O outro cenário é nenhuma equipa querer controlar a fuga e até estar mais interessada em infiltrar lá alguns elementos, isso vê-se logo nos primeiros quilómetros, até porque a Trek-Segafredo sozinha não consegue controlar tudo.

 

Favoritos

Mads Pedersen será um dos maiores candidatos a uma etapa como a de amanhã, alguém que disputa sprints massivos com Merlier e Bennett e finais de 1 km a 8% com Roglic tem a polivalência necessária para ganhar. A Trek-Segafredo sabe que tem aqui uma boa chance e vai fazer de tudo para levar o dinamarquês a festejar, habitualmente traça bons planos nestas etapas, é pena já não contar com Daan Hoole.

Daryl Impey é um ciclista muito perigoso neste tipo de etapas, ganhou um sprint com 60 ciclistas na Volta a Suíça, foi 2º nos Commonwealth Games e foi também 2º há 2 dias, quando ganhou Marc Soler. Estamos a falar de um ciclista que já venceu o Tour Down Under e que sabe medir como poucos o seu esforço. Hoje foi  um dos últimos para se poupar, o problema é que neste momento quase não tem equipa, Woods já foi para casa, Froome e de Marchi parecem completamente fora de forma, Einhorn passa muito mal a montanha e Hagen caiu muito feio hoje.

 

Outsiders

Incrível a quantidade de vezes que Fred Wright esteve perto de uma grande vitória ou de uma camisola nos últimos meses. O britânico parece estar a conseguir manter a forma que apresentou no Tour e é um grande perigo nesta tirada, tanto pode integrar uma fuga vencedora como surpreender um pelotão já algo cansado e sem recursos nos últimos quilómetros.

No caso de um sprint num grupo ainda mais reduzido do que o normal Ethan Hayter é o maior candidato. Aquela subida feita a um ritmo confortável para ele não é demasiado dura e estamos a falar num grupo de 40/50 unidades em que seria complicado Pedersen estar. O problema é que a Ineos-Grenadiers depois não terá muita gente de trabalho visto que Rodriguez, Carapaz, Hart e Sivakov ainda estão relativamente perto na geral.



Olhando puramente em ciclistas para a fuga, estamos muito curiosos em ver o que consegue Harry Sweeny, um promissor australiano que tem uma boa ponta final e que chegou à Vuelta aparentemente em excelente forma. A Lotto-Soudal precisa de vitórias como de pão para a boca e Sweeny pode ser daquelas vitórias surpresa que por vezes acontecem na Volta a Espanha.

 

Possíveis surpresas

Pela nossa análise, podem aferir que duvidamos da presença de Sam Bennett, Tim Merlier e Kaden Groves na discussão da vitória. Seria preciso que a fuga fosse relativamente fraca e pequena e que nenhuma equipa acelerasse o ritmo na contagem de 1ª categoria, é um cenário improvável. Em caso de sprint reduzido a Bora-Hansgrohe tem outra opção de nome Danny van Poppel, o neerlandês tem feito uns lançamentos incríveis e passa muito melhor a montanha que Bennett. A Cofidis aposta tudo em Bryan Coquard, o francês tem uma hipótese séria de pódio, faltando-lhe muitas vezes aquela ponta final mortífera, incrivelmente nunca ganhou no World Tour. Andrea Vendrame, Nikias Arndt e Mike Teunissen até são hipóteses para vários cenários, têm uma ponta final interessante, mas longe dos puros sprinters. Praticamente metade do pelotão está potencialmente interessado na fuga, mas há alguns nomes que destacamos pelo perfil da etapa, falamos de Samuele Battistella, Jesus Ezquerra (tem estado muito bem nesta Vuelta), Antonio Tiberi, Nans Peters, Bruno Armirail, Jesus Herrada e Patrick Bevin.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Robert Stannard e Quentin Pacher.




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