Os sprinters tiveram de se esforçar para passar a montanha e têm agora uma recompensa na forma de uma etapa plana e bastante acessível, teremos repetente ou novo vencedor?
Percurso
Depois das primeiras chegadas em alto e das primeiras diferenças mais a sério na classificação geral os sprinters têm um dia perfeito para as suas características, 1200 metros de acumulado, nenhuma contagem de montanha e um final acessível em Zaragoza. Os últimos 3 quilómetros não têm praticamente curvas, destaca-se uma rotunda feita pela esquerda antes da entrada nos 1000 metros finais, depois a recta da meta (ligeira a curvar para a esquerda) é bastante grande, mas é importante percorrer o mínimo de distância possível.
Tácticas
Creio que amanhã não vai haver hipóteses para a fuga, a Lidl-Trek ainda não ganhou, a Alpecin tem aqui uma boa oportunidade e a Israel também pode achar que tem hipóteses. No entanto, no lugar da Lidl-Trek jogaria poker e não ajudaria em nada depois do desgaste que a equipa já teve, é que Mads Pedersen já tem a camisola por pontos e como se viu hoje é o único sprinter capaz de passar estas montanhas e continuar a somar pontos nos sprints intermédios, não lhes interessa um final ao sprint onde já se viu que o comboio e o dinamarquês são algo vulneráveis e tudo pode acontecer.
Favoritos
Jasper Philipsen – Para mim a vinda do belga à Vuelta é mais uma demonstração de pragmatismo por parte da Alpecin, mesmo estando Philipsen longe do seu melhor nível, com o nível de sprinters aqui presentes a Alpecin entendeu que esta decisão poderia resultar em vitórias sem grande esforço, e duvido seriamente que o belga termine esta Vuelta. Mesmo assim, nas 2 chegadas em pelotão compacto fez 1º e 2º, muito ajudado pelo seu comboio, que quase foi forte demais na 4ª etapa.
Ethan Vernon – Estando próximo do seu melhor creio que é aquele que mais condições reúne para bater Philipsen numa mano a mano a grande velocidade e numa jornada muito acessível como esta. Não dispõe de um grande comboio, mas tem em Jake Stewart uma grande carta que tem de ser jogada na altura certa.
Outsiders
Mads Pedersen – É verdade que não está na sua zona de conforto num sprint final, mas tem tido condições para fazer muito melhor do que até agora tem feito, pensava-se que por esta altura já teria ganho uma etapa. Más colocações, ajudadas por um comboio pouco oleado e por um Soren Kragh Andersen já pouco habituado a estas funções, também explicam estes resultados.
Ben Turner – Está longe de ser um puro sprinter, é alguém que este ano melhorou bastante neste departamento e que com a envergadura que tem consegue posicionar-se muito bem ao ganhar muitos dos duelos ombro a ombro que um sprint tem, depois é muito inteligente e parece saber sempre a roda certa, outro corredor que não era para vir à Vuelta e que até abandonou o Renewi Tour para estar aqui presente e já justificou a decisão.
Orluis Aular – O pequeno venezuelano tem um talento, um dom, para geralmente conseguir uma boa colocação nos sprints, mesmo que prefira um grupo mais reduzido no final ou um sprint em subida. Ajudado por Ivan Garcia Cortina, pode perfeitamente aproximar o pódio, com o desgaste dos últimos dias a explosão pode ter igualado mais face aos puros especialistas.
Possíveis surpresas
Casper van Uden – As coisas ainda não clicaram para o holandês que vinha para esta Vuelta com grandes ambições, foi 16º e 17º, 2 resultados muito abaixo do pretendido e do que ele pode fazer dentro deste pelotão, a equipa também precisa de fazer um trabalho melhor na aproximação à meta.
Jake Stewart – Tudo depende das sensações de Ethan Vernon, na teoria este será um dia para Vernon, no entanto o seu compatriota também tem ponta de velocidade suficiente para fazer um bom resultado.
Jenthe Biermans – Foi 5º na 4ª etapa, é um ciclista que está a fazer uma boa temporada, repleta de top 10’s mesmo numa Arkea que está em grandes dificuldades, é experiente e sabe lidar com a luta por colocação num sprint final.
Elia Viviani – Creio que tendo em conta as circunstâncias é talvez a última grande oportunidade para o veterano sprinter italiano triunfar nesta Vuelta com a ajuda de Jasper de Buyst, quanto mais desgaste e mais montanha pior será para ele.
Stanislaw Aniolkowski – A Cofidis tem de tomar uma decisão em termos de hierarquia, porque esta coisa de ter 2 sprinters a fazer a corrida cada um por si não está a resultar, a escolha mais óbvia é o polaco neste tipo de etapas e Coquard nos finais em subida.
Madis Mihkels – Com a colocação certa é um grande outsider ao pódio, de todos os sprinters que aqui estão parece-me aquele que tem mais potencial e no seu dia as coisas podem mesmo clicar e aparecer um grande resultado.
Nicolo Buratti – Ciclista possante e poderoso que fez 2 top 10’s na Volta a Suíça, mesmo com Traeen de vermelho creio que terá liberdade.
David Gonzalez – Sólido candidato ao top 10, a Q36.5 precisa de pontos.
Guillermo Thomas Silva – Outro candidato ao top 10, seria um bom resultado para a Caja Rural.
Arne Marit – Está a ser, como se esperava, uma Vuelta para esquecer para a Intermarche-Wanty, os resultados de belga não estão a ajudar.
Ivo Oliveira – Já vimos que na UAE todos vão ter oportunidades nesta Vuelta, um bom resultado do ciclista português, habituado a estas andanças, levantaria a moral sem dispender muita energia.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Bryan Coquard e Ivan Garcia Cortina