Está na hora da única clássica espanhola presente no World Tour. Duras subidas e adeptos fervorosos caracterizam esta região do País Basco. Uma corrida sempre espetacular, que marca a estreia de João Almeida como campeão nacional.

 

Percurso

Em relação ao traçado desta prova, não há grandes mudanças em relação a outros anos, são 225 quilómetros com mais de 4000 metros de acumulado, o que torna esta corrida própria para trepadores que gostem de pendentes muito elevadas. A primeira fase da corrida tem cerca de 160 kms, 3 subidas e aí o mais importante é poupar energia para o que aí vem.



Uma primeira definição, muitas vezes com ataques de figuras secundárias acontece em Jaizkebel, com 7,9 kms a 5,5%. É uma ascensão que engana muito porque tem 2 kms praticamente planos a baixar a média. Os primeiros 3 kms têm 7,5%, por exemplo. Segue-se a subida de Erlaitz, com os seus 10,6% durante 3900 metros, um momento decisivo na corrida, uma subida que anda sempre entre os 9% e os 12%.

Caso ainda haja diferenças para fazer há a subida de Murgil a cerca de 7 kms da meta, à qual se segue uma rápida aproximação ao final. Tem 2100 metros a 10,9%, terrível quando as forças já escasseiam.

 

Táticas

Estando situada logo após o Tour de France, muitos dos ciclistas que participam na Grande Boucle fazem esta prova aproveitando o seu momento de forma. Assim, na grande maioria das vezes são ciclistas que fizeram o Tour que estão na discussão da corrida, no entanto nem sempre são os que estiveram na luta pela vitória no Tour a lutar pela prova espanhola.

O Tour acabou há menos de 1 semana e os ciclistas que foram ao limite estão longe de estar recuperados, é uma incógnita como as pernas vão reagir a subidas tão duras. Para além disso algumas das figuras da Volta a França andaram de um lado para o outro a correr em critérios onde os resultados já estão definidos à partida, desgastantes mentalmente, mas não deixam de ser um bom complemento financeiro.



Nas últimas 10 edições, 8 dos vencedores correram o Tour, as únicas exceções foram Michal Kwiatkowski, em 2017, e Remco Evenepoel, em 2019. É muito curioso ver que desses 10 ciclistas, somente 1 deles (Alejandro Valverde, em 2014) tinha terminado o Tour no top 10.

 

Favoritos

Toda a “teoria” descrita anteriormente pode ser desmontada por um nome: Tadej Pogacar. O esloveno faz a última prova antes de uma pequena pausa competitiva e se há ciclista que temos a certeza que vai atacar é este. Após ter perdido o Tour, Pogacar vai querer dar a melhor resposta possível, num terreno perfeito para si. Tanto pode vencer isolado como num grupo restrito e conta com um forte bloco.

Fazendo um calendário alternativo, Simon Yates tem somado triunfos em Espanha na última semana. É certo que a concorrência não era a mais forte mas venceu sempre com muita autoridade, mostrando estar em excelente forma. O britânico é muito explosivo, este final assenta-lhe que nem uma luva e quererá somar mais pontos importantes para a BikeExchange.

 

Outsiders

Remco Evenepoel inicia a segunda fase da temporada, numa prova que já venceu. O belga é um corredor muito ofensivo, foi assim que triunfou em 2019, não tem medo de atacar de longe e destruir um pelotão e costuma render bem após um longo período de treino. Não nos admiraríamos se atacasse antes da subida final que, apesar de curta é muito ingrime, tentando dar uso da sua excelente capacidade de contra-relogista.

Daniel Martinez acabou o Tour de France bem melhor do que aquilo que começou. Estes sinais indicam que o colombiano conseguiu, finalmente, chegar ao seu melhor e, depois de uma Grande Boucle para esquecer, vai tentar salvar a sua honra. O colombiano adora estes percursos, já se deu bem no País Basco este ano, e pode vencer em diversos cenários de corrida.




O senhor San Sebastian está de regresso! Bauke Mollema parece ter uma história de amor com a prova espanhola, já a venceu em 2016, e nas últimas 9 edições terminou sempre entre os 10 melhores, incluindo 4 pódios. O neerlandês saiu bem do Tour, destacou-se no contra-relógio final, e não foi a fundo durante as 3 semanas.

 

Possíveis surpresas

João Almeida regressa à competição após se ter sagrado campeão nacional de fundo e em plena preparação para a Vuelta. Num bloco onde Pogacar é líder, o português correrá com menos pressão mas isso pode ser benéfico pois não terá tanta marcação e poderá aproveitar isso para atacar e chegar num grupo restrito. Dentro da UAE Team Emirates, o mesmo pode ser dito em relação a Juan Ayuso. Vindo de um grande Tour, David Gaudu tenta dar continuidade à sua excelente temporada. O francês não é um homem de clássicas mas sendo esta uma prova com um perfil mais duro, pode usar a sua explosão e boa ponta final para um excelente resultado. Alberto Bettiol, Maximilian Schachmann e Nick Schultz saíram do Tour em excelente forma, não são dos principais candidatos, mas numa corrida onde os favoritos se marquem entre si, estes podem aproveitar. Ruben Guerreiro teve tempo para recuperar das suas lesões, já lá vão quase 3 semanas desde que abandonou o Tour, está a subir melhor que nunca, pode surpreender. Por fim, destacar Michael Matthews, Lorenzo Rota, Guillaume Martin, Alejandro Valverde (um ciclista já com 8 top-10 aqui) e Mattias Skjelmose.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Carlos Rodriguez e Patrick Konrad.



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