A Clássica das Folhas Caídas, o último Monumento do ano, é hora do Giro di Lombardia! Conseguirá Tadej Pogacar fazer história?

 

Percurso

241 quilómetros e mais de 4500 metros de desnível acumulado, o Giro di Lombardia é claramente o Monumento mais duro e selectivo do ano, aquele que melhor se adapta aos trepadores. Os primeiros 100 quilómetros são relativamente acessíveis, a subida de Madonna del Ghisallo não assusta. A corrida vai começar a endurecer em Roncola (7,5 kms a 7,4%) e depois em Berbenno (6,9 kms a 4,9%). Veremos se os primeiros ataques mais a sério surgem no Passo della Crocetta, cujo topo está a 75 kms da meta, a subida tem 11,7 kms a 5,8%, com uma fase no meio com 4 kms a 7,5%. Depois não há propriamente grande descanso com a ascensão a Zambia Alta, com 2,6 kms a 6,9%.

A descida é bastante longa, com 22 kms e não dá azo a grandes recuperações antes do decisivo Passo di Ganda, com 9300 metros a 7,1% em que os 3 kms finais têm 8,7%. Nova longa descida e uma última colina já bem perto da meta com 1300 metros a 7,4% onde se podem eventualmente ainda decidir posições importantes.



Tácticas

Qual a táctica para bater Tadej Pogacar e a armada da UAE? Neste momento ninguém sabe e parece impossível fazer tal coisa porque tanto o esloveno como os seus companheiros estão a ter um final de época brutal. Em Kigali vimos opções tácticas incompreensíveis, a Bélgica a ajudar a Eslovénia a controlar a corrida para acontecer o inevitável, em França nos Europeus já foi diferente, com alguns ataques a tentar isolar Pogacar, mas mesmo assim resultou num longo solo até à meta com Evenepoel em ambos os casos a ser o corredor mais próximo do astro esloveno.

Creio que a tendência nas corridas de 1 dia principalmente será cada vez mais esta, a de tentar isolar Pogacar desde cedo, a questão é que a UAE é mais forte que a selecção eslovena e duvido que isso vá acontecer aqui apesar de algumas possíveis tentativas. A questão agora fica até onde vai durar a UAE e onde vai atacar Pogacar, o Passo Della Crocetta, a 80 kms da meta será possivelmente longe demais e ciclistas como Vine, Yates e Sivakov podem durar até ao Passo di Ganda, a cerca de 40 kms do final, aí pode surgir o movimento decisivo.

 

Favoritos

Tadej Pogacar – Campeão do Mundo, campeão da Europa, vencedor do Tour, vencedor das últimas 4 edições desta corrida. Em 2021 bateu Masnada ao sprint, em 2022 derrotou Enric Mas da mesma forma, em 2023 já chegou sozinho e em 2024 deu mais de 3 minutos a toda a gente, por isso mesmo parte como o grande candidato.

Remco Evenepoel – Tem tido uma relação de extremos com esta corrida, já sofreu uma grave queda e abandonou, no ano passado foi 2º. Foi também 2º nos Mundiais e Europeus, o único que ainda deu alguma luta a Pogacar pelo menos no sentido de obrigar o esloveno a esforçar-se até ao final, em França teve durante muito tempo a desvantagem em 1 minuto. Aqui tem o problema que não há muito terreno plano para recuperar caso descole, veremos como a Soudal aborda esta corrida naquela que será a despedida de Evenepoel nos grandes eventos já que irá para a Red Bull-Bora.

 

Outsiders

Isaac del Toro – Está um mini-Pogacar neste final de temporada e não me admirava nada que a estratégia passasse por colocar o mexicano na roda de Evenepoel para bloquear e frustrar ainda mais o belga, nos Mundiais foi o único que conseguiu seguir Pogacar no Mur de Kigali, depois teve uma quebra também devido a problemas estomacais. Estou muito curioso para ver o nível do mexicano e acho mesmo que irá fazer pódio.

Ben Healy – Fez uma preparação muito específica para os Mundiais que resultou numa merecida medalha de bronze, com uma larga vantagem para o 4º classificado. Não tem histórico aqui e sempre pensei que esta corrida pudesse ser dura demais para ele, mas o irlandês provou que quando está em grande forma consegue ultrapassar estas dificuldades, viu-se no Tour. É outro bom candidato ao pódio.



Tom Pidcock – Está a ser a temporada de grande afirmação de Pidcock, veremos o que consegue fazer no último Monumento da temporada. Depois do surpreendente pódio na Vuelta o britânico conseguiu continuar o bom momento de forma ao ser 10º nos Mundiais e 2º no Giro dell’Emilia, o único capaz de oferecer mais resistência a Isaac del Toro.

 

Possíveis surpresas

Paul Seixas – Exibição de antologia nos Europeus ao conquistar uma medalha de bronze em casa aos 19 anos perante concorrência de peso e chega aqui cheio de moral e confiança. A longa distância poderá ser um desafio, mas este traçado com subidas longas e duras é melhor para ele do que um circuito cheio de colinas como em Kigali.

Mattias Skjelmose – 4º nos Mundiais e 7º nos Europeus, mas não creio que venha na forma de disputar a corrida, nem talvez o pódio. Estas subidas são bastante duras para as suas características, é mais talhado para um perfil ondulado como tivemos no Mundial e não está na condição física que o levou a ganhar a Amstel Gold Race face a Evenepoel e Pogacar este ano.

Primoz Roglic – Nunca foi tremendamente feliz nesta corrida, 4º em 2021 e 3º em 2023 são bons resultados, em ambos os casos nunca logrou seguir Pogacar aquando do ataque do seu compatriota. Foi 11º nos Mundiais e no Giro dell’ Emilia, uma corrida perfeita para as suas características, também não conseguiu seguir Del Toro e Pidcock. Acho que não está a 100%.

Richard Carapaz – Sempre uma caixinha de surpresas, bem tentou seguir os melhores no Mundial, não foi capaz, também ficou curto de forças no Giro dell’Emilia não obstante ser uma corrida demasiado explosiva para ele. Aqui está mais na sua praia, pela distância e pelo tipo de subidas, foi 13º em 2018 e 8º em 2023, das 2 vezes que participou.

Cristian Scaroni – Nos Europeus vimos um grande Scaroni, foi um osso muito duro de roer para Paul Seixas, parecia o ciclista do início de época, antes de ter alguns problemas físicos, nesta altura do ano até com Ayuso andava. Foi uma desilusão no Gran Piemonte depois da equipa trabalhar para ele, veremos se foi só um mau dia.

Oscar Onley – 4º no Tour, foi adicionado à lista de participantes à última hora, é alguém que não tem muita experiência em clássicas, mas que já se viu que consegue andar com os melhores em alturas chaves do ano. Fez 12º num Monumento este ano, na Liege-Bastogne-Liege.

Lenny Martinez – É uma Bahrain muito forte para um corredor que teoricamente está ainda a ganhar ritmo e a subir de forma como se viu no Giro Dell’Emilia. Praticamente não competiu desde Agosto, a frescura física pode ser uma arma para ele.



Toms Skujins – Top 5 dos Mundiais e nos Europeus a correr completamente sozinho, 6º na Tre Valli Varesine, acho que a Lidl-Trek lhe vai dar liberdade até porque Skjelmose não oferece todas as garantias. É alguém que se destaca quando a corrida é muito dura e parte desde cedo e adora distâncias longas.

Tobias Johannessen – A Uno-x precisa de pontos por causa da luta com a Cofidis que se prepara para somar alguns pontos UCI na China e o norueguês, 6º no Tour, é uma boa aposta para o top 10.

Michael Storer – Um excelente trepador que há 1 mês em estradas italianas ganhou uma clássica e fez pódio noutra, até esteve bem na Tre Valli Varesine, portanto não seria uma surpresa estar entre os melhores nestas subidas longas.

Ben Tulett – Creio que será o ciclista mais protegido na Visma, fez uma excelente Vuelta e vem de 2 bons resultados nas clássicas italianas. Pode aproveitar a ausência de Vingegaard para ganhar pontos internamente.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Giulio Pellizzari e Afonso Eulálio.



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