Está na hora dos Campeonatos do Mundo! Os ciclistas viajam até ao Ruanda e, para começar, é hora de atribuir o título de contra-relógio. Conseguirá Remco Evenepoel revalidar o título?
Percurso
Um dos traçados mais complicados de sempre num Mundial de contra-relógio, estamos a falar de 4 subidas, mais de 700 metros de desnível em cerca de 40 quilómetros, um facto que inclusivamente afastou alguns especialistas desta prova. As subidas não são incrivelmente complicadas, mas vão deixar mossa, estamos a falar de 2,5 kms a 5,8%, 6,6 kms a 3,5%, 2 kms a 6% e 1,3 kms a 6,3%, esta última em paralelo. Com as descidas adjacentes estamos a falar que terreno plano praticamente só nos 8 kms iniciais. É preciso recuarmos até Bergen, em 2017, para um traçado tão duro e mesmo aí o final foi em subida, nesse ano ganhou Dumoulin seguido de Roglic e Froome.

Favoritos
Remco Evenepoel – Um corredor que foi campeão do Mundo nos últimos 2 anos é obviamente um dos grandes candidatos, já para não falar que mesmo este ano tem consolidado esse estatuto. Julgo que teve uma preparação melhor do que Pogacar para este momento, pelo menos mais orientada para este momento, não viajou para o Canadá, foi ganhar rodagem a Inglaterra. Se olharmos para os duelos entre ambos Evenepoel ganhou quase sempre, a excepção foi o contra-relógio final do Tour no ano passado, onde Pogacar arrasou toda a gente por mais de 1 minuto, na altura também com uma dureza extrema. A estratégia de Evenepoel tem de passar por gerir nas subidas e ganhar o máximo de terreno possível nas partes mais planas.
Tadej Pogacar – Sinto que este é mesmo o grande objectivo do esloveno neste final de temporada, ainda mais do que a prova de estrada porque é uma vitória mais complicada de alcançar e pode não haver outra oportunidade tão boa enquanto ainda está no auge de adicionar este título ao seu currículo. Em condições normais já está entre os 5 melhores do Mundo, com tantas subidas vai sobressair ainda mais e creio que foi uma das razões que abdicou de estar na Vuelta, tentar fazer uma dobradinha histórica num traçado anormalmente duro.
Outsiders
Jay Vine – A luta pela medalha de bronze creio que está muito em aberto e pelo que vimos na Vuelta o australiano pode ser um forte candidato, foi 3º e 6º nos contra-relógios do Giro, 4º na Romândia num percurso duro, 2º na Vuelta já com 2 vitórias de etapa e muitos dias de corrida em cima, parece um corredor ainda fresco. O meu medo em relação a Vine são as descidas, tem tendência a perder muito tempo aí.
Luke Plapp – É alguém que está a preparar este dia há já algum tempo, não compete há quase 2 meses e não é que tenha estado lesionado, é mesmo por opção. É um bom rolador e um bom trepador, basta ver que fez 5º na cronoescalada do Tour. Atenção que não seria a primeira vez que cairia num momento importante, Plapp tem tendência a arriscar em demasia.
Isaac del Toro – Está num grande momento de forma, dominou a seu belo prazer as clássicas italianas, levou 4 para casa. É alguém que se defende mas não é um especialista incrível, só está nesta categoria pela orografia e pela condição física neste momento, de recordar que no ano passado nos Mundiais levou 1:20 de Ivan Romeo, a questão é que pode ganhar muito tempo nas subidas e mesmo a descer tem boa técnica.
Possíveis surpresas
Stefan Kung – Dos poucos especialistas que mesmo assim veio ao Ruanda, também para ajudar na prova de estrada, no entanto não só não parece em grande forma como é pesado demais para este traçado, vai ser difícil fazer top 5, acho impossível chegar às medalhas.
Bruno Armirail – Vem em boa forma da Vuelta e durante as últimas semanas vimos o francês a subir até bastante bem, chegou a ameaçar o top 10 da geral. Campeão nacional francês foi 4º no contra-relógio da Vuelta e 4º também no esforço do Tour.
Mattia Cattaneo – O italiano é um dos mais regulares nesta especialidade, foi 4º no contra-relógio do Giro este ano, 3º nos Europeus do ano passado, para além disso não sobe nada mal, diria que o top 10 é provável para ele.
Paul Seixas – Uma das grandes incógnitas para amanhã, vem da vitória moralizadora na Volta a França do Futuro, ele este ano tem 2 testes em contra-relógio entre os elites, foi 3º nos Nacionais a 44 segundos de Armirail e 10º no Dauphine curiosamente mesmo à frente do seu compatriota. Por um lado em teoria terá mais dificuldades em contra-relógios longos derivado à sua idade, por outro lado um traçado mais complicado é bom para as suas características, não seria uma surpresa assim tão grande se fizesse top 5.
Thymen Arensman – Julgo que pode ser a grande surpresa na luta pelas medalhas, pelo menos tem potencial para isso. Um ciclista pouco habituado a Mundiais e corridas de 1 dia que muitas vezes se destaca na 3ª semana das Grandes Voltas, um corredor que quando há expectativas por vezes desaparece e quando ninguém dá nada por ele por vezes brilha, veja-se as 2 etapas conquistadas no Tour. Arensman não é um mau especialista e sobe bastante bem, estas subidas que não são muito inclinadas são boas para ele.
Ilan van Wilder – Tem tido uma época super discreta ainda assim este percurso encaixa-se bem nas suas qualidades e no início do ano participou em 3 contra-relógios e fez top 10’s em todos, pode ter um desempenho semelhante.
Ivan Romeo – Campeão do Mundo de contra-relógio nos sub-23 no ano passado, tem estado constantemente entre os 10 melhores em esforços individuais este ano, é verdade que gostaria de menos dureza ainda assim creio que tem tudo para integrar o top 10 final, tem um excelente motor.
Mauro Schmid – Longe de ser um trepador e longe de ser um especialista em contra-relógio, mas é um exímio rolador e pode ter vantagem nas descidas, defende-se bem nas subidas e como as pendentes não são assim tão extremas é um boa hipótese para o top 10.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Andreas Leknessund e Raul Garcia Pierna.