Depois das clássicas voltamos às provas por etapas, com o Tour de Romandie a marcar uma nova fase na temporada. Conseguirá João Almeida conquistar a segunda prova por etapas World Tour consecutiva?
Percurso
Prólogo
Saint-Imier recebe o prólogo de abertura, 3400 metros num esforço muito explosivo. Percurso totalmente plano, com algumas curvas bastante apertadas e retas longas, o que demostra a “lotaria” que a etapa pode ser.
Etapa 1
195 quilómetros e mais de 3200 metros de desnível acumulado positivo. Dia de sobe e desce constante, apenas 4 subidas categorizadas, todas ainda na primeira metade da etapa, mas longe de ser uma segunda parte acessível. Os últimos 25 quilómetros têm várias pequenas colinas e, a destacar, 1000 metros a 6,7% a apenas 3 quilómetros da chegada. Curta descida e final em ligeira subida em Fribourg.
Etapa 2
Mais uma etapa bastante complicada, com o habitual traçado por estradas helvéticas. Os primeiros 42 quilómetros têm duas longas subidas, podem reduzir bastante o pelotão, mas se há subida que pode ser decisiva é a 50 quilómetros do fim, com 3200 metros a 11,4%. A corrida pode ficar muito selecionada e, a partir daqui, o terreno torna-se muito rápido até Saint-Aubin-Sauges. De destacar uma colina com 1200 metros a 4% a 8 quilómetros da chegada.
Etapa 3
As dificuldades continuam a aumentar nesta Volta a Romandia, um dia com subidas mais curtas mas que torna o dia ainda mais rompe-pernas. O Col de Mollendruz (14,1 kms a 3,5%) a 40 quilómetros do fim pode reduzir o pelotão, numa corrida que se vai tornar muito rápida na aproximação a Cossonay. Os últimos 2000 metros são em subida.
Etapa 4
A grande etapa de montanha desta edição! Chegada a Thyon 2000, não é a primeira vez que esta competição tem este final, a 2090 metros de altitude. Com algumas diferenças na classificação geral não é de descartar que nas primeiras 3 subidas categorizadas do dia se forme uma fuga mais perigosa do que o normal. A subida de Thyon 2000 é tão dura que dificilmente a montanha de Suen (14 kms a 6,6%) terá ataques. A chegada em alto tem um total de 20,2 kms a 7,7%, indubitavelmente será uma das subidas mais complicadas do ano e tem mesmo uma fase intermédia de 8,2 kms a 9%.
Etapa 5
A Volta a Romandia ficará decidida em Genebra. 17 100 metros de esforço individual pode parecer pouco, mas com o tipo de percurso desenhado, dá para fazer diferenças. Logo a abrir, 300 metros a 7,8%, antes de praticamente 9 quilómetros planos e em longas linhas retas, perfeito para os puros especialistas. As dificuldades surgem depois com 1500 metros a 5% e ainda 1500 metros em ligeira subida em direção ao único ponto intermédio do dia. Rápida descida, alguns quilómetros planos antes de 600 metros a 4,1%, uma colina que termina já dentro do quilómetro final.
Táticas
Apesar das dificuldades existentes, a corrida vai decidir nos últimos dois dias, primeiro com a chegada em alto e depois com o contra-relógio individual. Até lá, vai ser uma questão de não perder tempo, não ficar em cortes e chegar sempre integrado no pelotão. Desta forma, e apesar da chegada a Thyon 200 ser muito dura, o contra-relógio torna-se ainda mais importante. É preciso ser um ciclista bastante completo para vencer a Volta a Romandia deste ano.
Ter um bloco forte para controlar as etapas mais complicadas também será importante e é aí que entra a UAE Team Emirates de João Almeida, com Jan Christen, Felix Grosschartner, Pablo Torres e Jay Vine. Quase todos estes ciclistas poderiam ser líderes noutras equipas, o que demonstra a qualidade da equipa árabe. As restantes equipas têm um líder bem definido, mas faltam alternativas, o que pode vir a ser importante.
Favoritos
João Almeida termina esta semana a primeira parte da temporada e procura fazê-lo em grande. O português vem de ganhar, e dominar, a Volta ao País Basco, um enorme boost de confiança para a restante temporada. Almeida anão podia pedir um percurso melhor para as suas características, subidas longas e um contra-relógio duro a terminar. Os ares suíços também costumam ser bons para as cores nacionais.
Que versão teremos de Remco Evenepoel? De ganhar e estar na luta nas primeiras corridas para desaparecer na recente Liège-Bastogne-Liège, a condição física do belga pode ser uma pequena incógnita. Se estiver bem é um dos grandes candidatos, um corredor muito completo, mas se não se sentir em condições irá acabar muito atrasado. O próprio já admitiu que pode não lutar pela geral da prova mas Evenepoel nunca pode ser descartado.
Outsiders
Carlos Rodriguez está pronto para defender o título do ano passado. O espanhol regressou à competição no domingo, depois de uma paragem devido a lesão, e tem logo um grande objetivo pela frente. A INEOS Grenadiers está a correr de maneira muito mais ofensiva este ano e o espanhol é um ciclista que gosta de atacar, não vira a cara à luta e, no final, pode colher os frutos.
Lenny Martinez é um dos grandes puros trepadores presentes, tudo vai depender se consegue sobreviver nos primeiros dias. Nem sempre o pequeno ciclista da Bahrain-Victorious consegue chegar em posição de discutir a geral aos momentos decisivos, tem de aproveitar estes momentos de liderança. Esteve bem na semana das Ardenas e quererá marcar posição dentro da equipa. Sabe que tem de ganhar tempo antes do contra-relógio final.
O que esperar de Aleksandr Vlasov? O russo tem sido uma das desilusões da temporada, pouco tem aparecido nos momentos mais importantes, mas também é certo que tem estado muito ao serviço da equipa. Na Romandia tem uma oportunidade rara de liderar a Red Bull-Bora e tem de aproveitar. Costuma aparecer muito forte nas provas de uma semana, ele que já venceu aqui em 2022 e foi 2º no ano passado.
Possíveis surpresas
Oscar Onley – o britânico tem tido um ano muito regular, no top 10 em todas as provas por etapas World Tour que fez, esperamos mais do mesmo aqui. Onley está cada vez mais regular e sabe que é uma peça importante para a Picnic PostNL garantir a manutenção, deverá ser muito protegido.
Jay Vine – uma verdadeira caixinha de surpresas, nunca sabemos o que esperar dele. Quando está em dia sim, o australiano é um perigo à solta, o problema é que pode perder tempo num dia simples, antes da chegada do fim-de-semana decisivo. Se chegar lá sem perder tempo muito cuidado.
Jan Christen – a correr em casa, o ciclista da UAE Team Emirates pode ter alguma liberdade, apesar da liderança assumida de João Almeida. Cada vez melhor a subir, Christen pode ser usado como uma opção ofensiva.
David Gaudu – sem correr desde que abandonou o Tirreno-Adriático, o gaulês é uma grande incógnita. Iniciou a temporada em grande forma, se estiver perto desse pico será um grande perigo para as etapas de montanha, pois no contra-relógio vai perder bastante tempo.
Lennert Van Eetvelt – os resultados que o belga tem apresentado este ano não estão a ser os melhores, mas o mau posicionamento em certos dias tem sido o principal responsável. É mais um ciclista que vai tentar sobreviver nos primeiros dias.
Luke Plapp – por falar em sobreviver, Plapp é mais um ciclista que é capaz do melhor e do pior num curto espaço de tempo. O australiano é um enorme talento, tentará defender-se na chegada em alto, possivelmente com o apoio de Eddie Dunbar, outra alternativa da Jayco AlUla.
Pablo Castrillo e Ivan Romeo – dois jovens dentro de uma Movistar que está a conseguir excelentes resultados este ano. A correr por fora, podem ter liberdade para atacar de longe e, a partir daí, conseguir bons resultados. Dois ciclistas completos, um percurso perfeito para ambos.
Harold Tejada – numa XDS Astana que está a voar, o colombiano tem de ser tido em conta. 8º no Paris-Nice e 9º na Catalunha, mais um top-1o numa prova World Tour seria um resultado importante para todas as partes.
Cristian Rodriguez – mais um líder dentro de uma equipa que precisa, desesperadamente, de pontos. O espanhol é um ciclista muito regular, raramente se dá pela sua presença, mas terminar sempre bem colocado. Numa semana perfeita, o top-1o seria um excelente resultado.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Pablo Torres e Alex Baudin.