Um dos projectos mais interessantes do ciclismo internacional teve em 2024 a sua melhor temporada até agora, mostrando em muitas corridas que pode competir de igual para igual com a maioria do World Tour. Estamos a falar de 26 vitórias, um triunfo no World Tour, e mais do que isso, uma imagem muito positiva passada ao longo da época.

 

Os dados

Vitórias: 26 triunfos, e até com um sucesso no World Tour, por intermédio de Magnus Cort.

Pódios: 63 pódios, para uma equipa que nem corre assim tanto isto é um número incrível

Dias de competição da equipa: 211 dias, não é uma estrutura que corra muitos, limitam-se muito à Europa, ao contrário de outras formações que vão agora mais à Ásia.

Idade média do plantel: 26,6 anos, é um projecto com uma média de idades relativamente jovem, mesmo tendo o super veterano Alexander Kristoff.

Mais kms: Alexander Kristoff é alguém que gosta de correr muito e que muitas vezes melhora com os dias de competição, somou 13 803 kms.

Melhor vitória: Ganhar no World Tour tem outro significado, Magnus Cort na etapa 2 no Dauphine, quando bateu Primoz Roglic num final em subida depois de um grande trabalho da equipa.



 

O mais

Magnus Cort é realmente um ciclista fantástico, um corredor de culto, extremamente completo e inteligente, que sabe escolher como poucos os seus momentos para maximizar os resultados. E atenção que muitas vezes este acréscimo de responsabilidade fazem os ciclistas encolher-se um pouco, mas Cort não: ganhou a tal etapa no Dauphine e tem um final perfeito de temporada, ganha a Arctic Race, faz 2º na Volta a Dinamarca, 3º na Bretagne Classic e ainda vence a Veneto Classic mesmo a fechar o ano. Alexander Kristoff mostrou que velhos são os trapos, tendo a consciência e a inteligência que já não tem a ponta de velocidade de outrora e já não consegue rivalizar com os melhores do World Tour, ajudou como pôde e acabou 2024 com 8 vitórias e 17 pódios, números que faziam corar qualquer jovem. Contribuiu com mais de 1400 pontos e foi decisivo para a subida no ranking da Uno-x.

Jonas Abrahamsen foi uma das surpresas da temporada do pelotão internacional, pela sua capacidade de rolar e combatividade, ele que fez a transição de tentar ser trepador para um portento físico. Esteve muito perto de ganhar na Volta a França, foi um dos destaques da equipa na maior competição do Mundo, venceu a Brussels Cycling Classic com um ataque incrível perto do final e faz 2º na Dwars door Vlaanderen depois de participar na fuga. Mais do que os resultados, foi também a imagem positiva que deixou. Para terminar, Markus Hoelgaard sagra-se campeão nacional, vence o Tour of Leuven e 1 etapa do Tour of Wallonie e faz top 10 em mais algumas clássicas, voltou ao nível que nos habituou. Não referimos aqui Waerenksjold porque actuou dentro das expectativas que havia para este enorme talento.

 

O menos

Aqui há essencialmente 3 nomes a destacar, o primeiro deles é Tobias Haaland Johannessen, e atenção que o jovem norueguês não fez propriamente uma má época, a questão é que havia grande expectativas sobre ele, ganhou a Volta a França do Futuro em 2021, no ano passado começou a aparecer mais, fez um bom Tour, alguns triunfos de bom nível e este ano desiludiu de certa forma. Fez um bom início de ano e um bom final de ano, o Tour foi de algum desapontamento e mesmo nas corridas de 1 semana no World Tour não esteve bem, parece ter capacidade e potencial para muito mais.





Rasmus Tiller fez 400 pontos UCI, muito menos do que os 1138 que somou em 2023, naquela que foi a sua melhor temporada de sempre. É verdade que Tiller este ano apresentou mais uma versão gregária, até porque Waerenksjold subiu bastante nos rankings, mas esteve muito mais apagado nas clássicas mesmo quando o seu colega não estava. Por fim, Andreas Leknessund foi uma grande aposta da equipa, alguém para partilhar a liderança nas provas por etapas com Johannessen, mas o melhor que conseguiu foi ser 2º no Sibiu Tour, num dos poucos pódios da época.

 

O mercado

A formação norueguesa conseguiu, neste defeso, fazer o que é mais complicado quando uma ProTeam tem sucesso, segurar as principais referências e os jovens mais promissores. Isso foi o mais importante, manter Waerenskjold, Abrahamsen, Johannessen, entre outros, a maior perda até é a de Tord Gudmestad para a Decathlon-AG2r, não sendo muito relevante. Para já são apenas 3 contratações, 2 jovens da equipa de formação e um corredor bastante conceituado. Um dos jovens é Henrik Pedersen, campeão europeu sub-23 em 2023 e vencedor de uma etapa da Volta a França do Futuro este ano. A outra promoção foi Simon Dalby, um pequeno trepador que fez 4º na Corrida da Paz e 6º na Volta a França do Futuro este ano.

No entanto, o grande reforço é mesmo Andreas Kron, dinamarquês de 26 anos que representou a Lotto-Dsnty nas últimas 4 temporadas. Kron tem 4 vitórias na carreira, 3 delas no World Tour, é um corredor com “killer instinct”, um trepador razoável, muito bom nas colinas e com boa ponta final, sendo também um nome a ter em conta nas clássicas das Ardenas. 2024 não lhe correu de feição, mas estamos a falar de alguém que já fez top 10 na Amstel Gold Race, no Giro di Lombardia e nos Europeus.



O que esperar de 2025?

Vai ser um ano muito importante para a Uno-x, uma temporada ligeiramente melhor do que esta pode valer uma subida ao World Tour para a equipa norueguesa, para isso tem de fazer mais cerca de 3000 pontos do que Cofidis ou Team DSM, o que não é fácil, mas com este plantel é possível. A equipa de clássicas é fortíssima, com Abrahamsen, Tiller, Waerenksjold, o próprio Kristoff em algumas corridas com menos dureza e depois para as Ardenas tanto Kron como Cort ou mesmo Johannessen são boas alternativas. Eu acredito que a equipa se concentre mais até fora do World Tour em corridas 1.1 e ProSeries para maximizar o número de pontos alcançados. Tobias Johannessen é obviamente um nome a ter em conta nas provas por etapas e caso haja contra-relógios pelo meio cuidado com Andreas Leknessund. Dos jovens em ascensão tenho muita curiosidade para ver Simon Dalby na montanha. Diria que com esta motivação toda e todo o caminho de ascensão que estão a fazer, 30 vitórias em 2025 não é impossível.

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