Por uma última vez, a equipa foi liderada por Patrick Lefevere. A formação belga continua a sua transformação de plantel, focada em Remco Evenepoel que, mais uma vez, voltou a ser a grande figura. Tim Merlier foi o mais ganhador e Julian Alaphilippe brilhou no ano de despedida da equipa.



Os dados

Vitórias: 34 triunfos, um número bem abaixo do habitual, o que mostra a mudança de paradigma da equipa.

Pódios: 82 pódios, um número muito interessante, não foi fácil transformar os pódios em vitórias.

Dias de competição da equipa: 242 dias de competição, uma equipa focada no calendário World Tour e que corre essencialmente na Europa.

Idade média do plantel: 28,3 anos, muita juventude (6 ciclistas abaixo dos 23) mas também muita experiência (5 ciclistas acima dos 33).

Mais kms: Mauri Vansevenant termina o ano com 12 822 kms, muitos deles em fuga e com muita combatividade.

Melhor vitória: Remco Evenepoel tem grandes vitórias, no entanto pela forma como foi conquistada, a fuga vitoriosa de Julian Alaphilippe na etapa 12 do Giro d’Itália merece o destaque.

O mais

Remco Evenepoel voltou a ser a figura de proa da equipa belga. O ciclista belga conseguiu 9 vitórias, incluindo os dois títulos olímpicos e o título mundial de contra-relógio, isto depois de ter iniciado a temporada em Portugal, vencendor a Clássica da Figueira e a Volta ao Algareve. Sem nunca deixar para trás o seu espírito ofensivo, Evenepoel ainda foi 2º no Paris-Nice e na Lombardia e, na estreia no Tour, foi 3º, venceu um contra-relógio e conquistou a camisola branca. Mais um ano que serviu de afirmação entre os melhores, principalmente na Grande Boucle. O Landismo esteve bem vivo esta temporada, com Mikel Landa a terminar o Tour em 5º, a Vuelta em 8º e duas provas por etapas do World Tour no top-10, fora toda a ajuda que deu a Evenepoel.

Tim Merlier subiu o nível, o belga não conseguiu fazer o Tour, aproveitou o Giro da melhor forma com 3 vitórias num total de 16 na época. O segundo ciclista mais vitorioso do ano maximizou o calendário ao máximo e já pede outras oportunidades. Entre os sprinters, e na estreia no profissionalismo, anos muito positivos para os jovens Luke Lampaerti e Paul Magnier, conseguiram vitórias, ajudaram a equipa e mostraram-se opções para o futuro. Para qual adepto da modalidade, foi muito bom vermos Julian Alaphilippe de volta às boas exibições. O antigo campeão do Mundo pode já não ser o que era mas o que fez no Giro foi fabuloso, o mais ofensivo da prova! Mais de 1700 pontos UCI, vários pódios em clássicas World Tour, um ano em grande para LouLou. Mauri Vansevenant e Jan Hirt aproveitaram, da melhor maneira possível as chances que tiveram, um voltou às vitórias, outro terminou o Giro no top-10.

 

O menos

Ilan van Wilder não conseguiu manter o nível de resultados que se esperava. O belga até foi 4º no UAE Tour e na Volta a Romandia e 2º na Japan Cup, no entanto são resultados espaçados no tempo, não conseguiu ser tão regular como em 2023 quando deu um salto qualitativo enorme. Mattia Cattaneo focou-se mais no trabalho de gregário de Evenepoel, os resultados pessoais ficaram para segundo plano e daí a folha de resultados mais despida.



Kasper Asgreen e Yves Lampaert eram os líderes para as clássicas da Primavera da equipa belga e se a temporada de clássicas correu mal, muito se deveu a estes dois nomes. Essa fase da época é apenas um resumo do que foi 2024 para estes dois experientes classicómanos, já que as restantes temporadas também foram para esquecer, conseguiram resultados esporádicos mas sem grande valor.

 

O mercado

Poucas mas importantes saídas na equipa belga. Julian Alaphilippe deixa a equipa da sua carreira, o francês era uma das figuras centrais do projeto belga e segue para a Tudor. Kasper Asgreen é outra baixa importante para as clássicas, apesar de nas últimas temporadas ter estado mais discreto. Jan Hirt e Fausto Masnada desfalcam o bloco de montanha e Gianni Moscon deixa de ser um dos principais gregários para as provas por etapas, o seu papel foi muito elogiado por Remco Evenepoel.

Saíram nomes sonantes e, apesar de tudo, não entraram ciclistas dessa categoria. A equipa belga continua a reforçar o bloco de Remco Evenepoel e, para a montanha, chegam o franzino Valentin Paret-Peintre, Gianmarco Garofoli e Maximilian Schachmann. Este último também pode liderar em provas de uma semana, tem muita experiência nesse papel. Pascal Eenkhoorn e Dries van Gestel são dois reforços interessantes para o bloco de clássicas, corredores muito completos. Ethan Hayter pode fazer de tudo um pouco, depois de vários anos mais fracos, tenta relançar a sua carreira. Por fim, da equipa de desenvolvimento chega o contra-relogista Andrea Raccagni Noviero.



O que esperar de 2025?

Se escrevessemos esta análise há uma semana, a mesma seria diferente, o acidente de Remco Evenepoel veio alterar os seus planos, já que dificilmente vamos ver o belga em competição antes de Abril. O campeão olímpico irá entrar tarde na temporada e, ao que tudo indica, conseguirá focar-se nas Ardenas e no Tour de France, o que abre possibilidades de liderança para Mikel Landa, Ilan van Wilder e Max Schachmann. Com mais liberdade, estamos expectantes em ver o alemão a voltar às boas exibições. William Lecerf é outro nome a ter debaixo de olho.

Com uma equipa cada vez menos focada nas clássicas da Primavera, cabe a Yves Lampaert e Dries van Gestel tentar salvar a honra do convento. Muito curto para aquilo que já foi a equipa belga. Tim Merlier chama por mais protagonismo, as vitórias e a regularidade são prova disso. Será interessante se estará no Tour ou será novamente relegado para o Giro e/ou Vuelta, ele que deverá ter um ano novamente ganhador. Luke Lampaerti e Paul Magnier serão as segundas opções, muito competentes devem continuar a sua evolução e somar vitórias importantes.

Por fim, Ethan Hayter é outra contratação que estamos muito curiosos de ver. O britânico estava muito estagnado na INEOS e chega a uma equipa com novos métodos, outro ambiente e muito mais liberdade. A equipa belga costuma transformar estes ciclistas em homens ganhadores.

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