Uma equipa que parece ir de mal a pior, já há pelo menos 5 anos que a Movistar não tem estatuto para estar entre as 10 melhores formações do Mundo, longe vão os tempos de Quintana e Valverde quando eram crónicos candidatos a bons resultados nas Grandes Voltas.
Os dados
Vitórias: 9 vitórias e o mais grave é que 4 delas foram obtidas em campeonatos nacionais e somente 2 no World Tour.
Ciclista mais vitorioso: Ivan Romeo foi o único a levantar os braços por 3 ocasiões.
Dias de competição da equipa: 260 dias, a manutenção no World Tour estava praticamente garantida, portanto restringiram-se a um calendário mais caseiro.
Idade média do plantel: 29,2 anos, uma das médias mais elevadas do World Tour, uma equipa que tem mais de 1 dezena de trintões.
Mais kms: Ivan Garcia Cortina quase chegou aos 14 000 kms, foi o primeiro deste ranking por larga margem.
Melhor vitória: Elegemos Ivan Romeo na etapa 3 do Dauphine, quando triunfou depois de uma fuga recheada de qualidade, foi um dos destaques da época.
O mais
Aqui não há grandes dúvidas, Javier Romo fez um início de ano fulgurante, brilhou no Tour Down Under ao ganhar 1 etapa e fazer 2º na geral, ainda foi 4º na Cadel Evans Race, depois caiu no regresso à Europa, andou um pouco desaparecido e fez 2 pódios em etapa na Vuelta. Orluis Aular foi uma surpresa pela consistência ao mais alto nível, nomeadamente em Grandes Voltas onde ainda não tinha muita experiência, conseguiu 2 pódios em etapa no Giro e 3 na Vuelta, sempre que havia um sprint em pelotão reduzido ou uma chegada mais dura o venezuelano estava lá.
Ivan Romeo, campeão do Mundo de contra-relógio sub-23 em 2024 foi um dos faróis desta equipa, abriu a ganhar 1 etapa na Volta à Comunidade Valenciana, foi 4º no UAE Tour, foi campeão nacional, venceu no Dauphine e depois teve muito azar no Tour, com quedas nos momentos cruciais e quando tinha chances de vitória. Nota positiva ainda para Jon Barrenetxea e Carlos Canal.
O menos
Quando o principal líder de uma equipa tem uma temporada como a que Enric Mas teve obviamente que todo o colectivo sente, o espanhol só andou bem mesmo em Março e Abril, quando foi 3º na Catalunha e 2º no País Basco. A partir daí praticamente fechou a torneira dos pódios, fez um Tour discreto, que abandonou precocemente e não competiu mesmo depois disso com um problema na perna.
De resto, onde anda o Gonzalo Serrano de 2021 e 2022 que disputava de igual para igual todas as chegadas em pequenas colinas? Fernando Gaviria continua desaparecido do mapa, é verdade que sem grande apoio, mas terminar uma época sem qualquer pódio é mesmo muito mau para um sprinter deste gabarito. Jefferson Cepeda passou da melhor temporada de sempre para o anonimato e Einer Rubio não conseguiu tapar o buraco Enric Mas, apenas se destaca o 8º lugar no Giro.
O mercado
| Entradas | Saídas | |||
| Ciclista | Equipa de origem | Ciclista | Equipa de destino | |
| Roger Adrià | Red Bull – BORA – hansgrohe | Will Barta | Tudor Pro Cycling Team | |
| Raul Garcia Pierna | Arkéa – B&B Hotels | Davide Cimolai | Reforma | |
| Juan Pedro Lopez | Lidl – Trek | Fernando Gaviria | Caja Rural – Seguros RGA | |
| Pavel Novak | MBH Bank Ballan CSB | Ruben Guerreiro | ? | |
| Cian Uijtdebroeks | Team Visma | Lease a Bike | Gregor Muhlberger | Decathlon CMA CGM Team | |
| Mathias Norsgaard | Lidl – Trek | |||
| Antonio Pedrero | ? | |||
Não podemos dizer que tenha sido um mau mercado para a Movistar, mas também não foi nada de transcendente, não foi mau na perspectiva de não perder ciclistas que tenham obtido grandes resultados em 2025, podemos mesmo dizer que tirando Barta e Muhlberger estavam em subrendimento. Agora, as contratações são um bocadinho tiros no escuro, primeiro não creio que Lopez tenha perfil e capacidade para liderar uma equipa World Tour, Raul Garcia Pierna é uma incógnita de certo modo ao mais alto nível, Adrià não teve um 2025 incrível e Uijtdebroeks tem prometido muito e entregue pouco.
O que esperar em 2026?
Julgo que a Movistar tem tudo para ser mais competitiva ao mais alto nível em 2026 e vou explicar porquê. Dos 12 ciclistas que mais pontos UCI fizeram em 2025, Enric Mas é o mais velho e tem 30 anos, não é propriamente um super veterano, e nos jovens estão Uijtdebroeks e Romeo (22), Canal, Castrillo e Garcia Pierna (24). Agora, é uma Movistar a viver mais de esperança do que de certezas e muito dependente da evolução dos jovens, nomeadamente os 2 nomes que mencionámos primeiro, especialmente o belga não parece ter uma personalidade fácil depois de passagens conturbadas por Bora e Visma. Creio que Romeo pode vir a ser uma das confirmações do ano, ele tem mesmo um grande motor e tem tudo para crescer com a experiência e a rodagem, também estou expectante em Garcia Pierna e Castrillo.