Das 5 equipas que mais subiram nos rankings este ano e o incremento de rendimento foi bem visível. Que não haja dúvidas que a contratação de Thomas Pidcock foi verdadeiramente diferenciadora e um tremendo sucesso.

 

Os dados

Vitórias: 14 triunfos, com a diferença de boa parte deles ter sido em corridas de maior importância face a 2024.

Ciclista mais vitorioso: Matteo Moschetti e Thomas Pidcock terminaram o ano empatados com 5 vitórias cada.

Dias de competição da equipa: 211 dias de competição, o que comparando com outras estruturas é muito pouco, a equipa não estava a lutar pela subida ao World Tour e isso permitiu gerir o plantel e escolher objectivos mais claros.

Idade média do plantel: 29,4 anos, uma estrutura que inicialmente apostou na experiência e veterania, esta é uma das médias mais altas do pelotão internacional.

Mais kms: O relativamente desconhecido Marcel Camprubi terminou o ano com mais quilómetros de competição do que Pidcock

Melhor vitória: A dramática vitória de Rory Townsend na Adac Classic, uma prova do World Tour, a antiga clássica de Hamburgo. O irlandês integrou a fuga do dia, parecia que ia ser apanhado pelo pelotão e resistiu por muito pouco.




O mais

Já o disse e reafirmo, Thomas Pidcock foi uma das revelações do ano para mim, nunca pensei que tivesse capacidade para fazer pódio numa Grande Volta como o conseguiu na Vuelta, realizando aliás uma corrida de 3 semanas praticamente sem falhas. E muito menos pensei que ele lograsse isso depois de um Giro que correu manifestamente mal, provavelmente devido à falta de preparação específica visto que competiu imenso no início do ano com bons resultados até às clássicas. Depois parou, preparou a Vuelta de uma forma perfeita e ainda teve pernas para ser 10º nos Mundiais e 6º na Lombardia.

Matteo Moschetti teve provavelmente a sua melhor temporada de sempre aos 29 anos, 5 vitórias em corridas relevantes, mais de 800 pontos UCI, fez o papel que se esperava de Giacomo Nizzolo, alguns pódios perante concorrência de peso, desiludiu apenas um pouco no Giro, precisamente pelo que vinha a fazer. Belíssima temporada também de Fabio Christen, que continuou a sua curva ascendente, conseguiu as 2 primeiras vitórias da carreira, 3 top 10’s em etapas na primeira Grande Volta da carreira e quase 20 top 10’s ao longo de um ano bem consistente onde também fez mais de 800 pontos UCI. Rory Townsend também teve o melhor ano da carreira.

 

O menos

Talvez o bloco de clássicas na sua globalidade, era versátil sem um grande líder e nunca apareceu. Jannik Steimle e Frederik Frison são corredores com alguns pergaminhos, ambos completamente apagados, o mesmo se pode dizer de Emils Liepins que mal sprintou ao longo do ano e nas clássicas também não foi preponderante. Achei que o bloco de montanha em redor de Pidcock esteve em bastante subrendimento, deixou muitas vezes o britânico isolado, esperava mais de Harm Vanhoucke, Matteo Badilatti e Mark Donovan.



O mercado

Entradas Saídas
Ciclista Equipa de origem Ciclista Equipa de destino
Sam Bennett Decathlon AG2R La Mondiale Team Enekoitz Azparren ?
Aimé de Gendt Cofidis Gianluca Brambilla Reforma
Eddie Dunbar Team Jayco AlUla Giacomo Nizzolo Reforma
Chris Harper Team Jayco AlUla Jannik Steimle Reforma
Quinten Hermans Alpecin – Deceuninck Rory Townsend Unibet Rose Rockets
Xandro Meurisse Alpecin – Deceuninck
Emmanuel Houcou Arkéa – B&B Hôtels Continentale
Thomas Gloag Team Visma | Lease a Bike
Brent van Moer Lotto
Fred Wright Bahrain – Victorious

Um dos melhores mercados dos últimos anos de uma ProTeam primeiro porque repare-se, os ciclistas que saem estavam na fase descendente da carreira ou não faziam parte do núcleo duro e o plantel cresce em números e qualidade. A equipa parece acreditar que Sam Bennett ainda tem alguma coisa para dar e escolheu o irlandês para ocupar o lugar de Nizzolo e na recuperação de Thomas Gloag, um corredor que teve problemas graves em 2023, mas que mesmo assim tem nível para fazer top 10 em corridas World Tour.

A presença de Quinten Hermans irá retirar alguma pressão a Thomas Pidcock nas clássicas das Ardenas enquanto Fred Wright irá compor mais o bloco das clássicas do empedrado. Brent van Moer e Xandro Meurisse serão mais ciclistas de trabalho, são completos tal como Aime de Gendt e outros nomes bem sonantes são Eddie Dunbar e Chris Harper, 2 trepadores provenientes da Jayco.




O que esperar em 2026?

Acho mesmo que vamos assistir a mais uma subida nos rankings por parte da Q36.5, também auxiliada por esta entrada da Pinarello mais activamente na estrutura. Estou curioso para saber qual será a estratégia, começar a preparar uma subida ao World Tour daqui a 3 anos ou continuar nesta senda de ter versatilidade no calendário e graças a isso não ter que estar em viagens desgastantes à Ásia? Thomas Pidcock estará certamente satisfeito com o mercado realizado, primeiro porque pode competir menos visto que Eddie Dunbar dá algumas garantias de liderança, segundo porque Chris Harper pode ser um grande gregário na montanha. Hermans e Meurisse podem também ser boas ajudas nas clássicas das Ardenas, veremos as ambições de Pidcock em 2026.

Globalmente o bloco está muito mais forte, permite flexibilidade para entrar em fugas com outra qualidade, ter mais alternativas em corridas até de menor gabarito, estamos a falar de ciclistas como Fred Wright ou Quinten Hermans, que têm aquela característica de passarem bem as colinas e sprintarem bem. Não seria uma surpresa para mim se a Q36.5 terminasse no top 15 dos rankings no próximo ano.

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