Foto: Le Tour

Alpecin – Deceuninck

Um ano após o brilharete, a equipa belga está de regresso e pronta para mais. É preciso responder positivamente a um Giro relativamente fraco e nada melhor que trazer as grandes figuras. Jasper Philipsen não está a ter uma temporada dominadora nos sprints, apenas 4 triunfos, no entanto centrou a segunda parte da temporada aqui. Acreditamos que apareça em grande forma, contando com uma equipa focada em sim. Jonas Rickaert, Axel Laurence e Robbe Ghys são a base do seu comboio.

Mathieu van der Poel tem as suas etapas muito bem selecionadas, é um ciclista com objetivos bem definidos, raramente falha. Nos restantes dias deverá ter um importante papel de lançador de Philipsen, tal como em 2023. Soren Kragh Andersen pode vir a ter alguma liberdade nos dias de média montanha, algo que também não é descabido com Laurence, pois Van der Poel não vai dar para todos os dias. Gianni Vermeersch e Silvan Dillier vão ser ciclistas de muito trabalho.

 

Previsão: Apostamos em mais uma exibição dominadora de Jasper Philipsen nos sprints do Tour, nova conquista da camisola verde e dizemos que o belga vai arrecadar 4 etapas. Mathieu van der Poel vai ter a sua chance na etapa da gravilha e vai conquistá-la.




Arkea – B&B Hotels

A equipa francesa está a ter uma temporada para esquecer e traz todas as principais figuras ao Tour. Arnaud Demare leva dois top-10 em toda a temporada, muito pouco para o principal ciclista da equipa. Veremos se consegue dar volta à situação, algo que não se avizinha fácil. Amaury Capiot, Daniel McLay e Luca Mozzato são outros 3 sprinters na Arkea, nunca trabalharam todos juntos, não será fácil funcionarem. Destes 4, vemos Capiot como o mais regular.

Kevin Vauquelin e Clement Champoussin terão as suas oportunidades nas etapas de média montanha. Estamos, principalmente, curiosos para ver do que é capaz o jovem Vauquelin, na fuga certa pode conseguir surpreender. Cristian Rodriguez é o homem para a alta montanha, um ciclista muito regular mas que poucas vezes se destaca. Raul Garcia Pierna completa a equipa.

 

Previsão: A equipa gaulesa não vai conseguir dar a volta à situação, o comboio não parece ter coerência e Demare está numa fase com pouca confiança. 1 pódio em etapa para o talentoso Kevin Vauquelin.

 

Astana Qazaqstan Team

Tudo por Mark Cavendish! Aos 39 anos, o Míssil da Ilha de Manx procura o sonho da 35ª vitória no Tour e tem uma equipa focada em si. Davide Ballerini, Cees Bol e Michael Morkov, provavelmente por esta ordem, devem formar o comboio que, a espaços, já tem funcionado em 2024. Não será fácil vencer, os astros precisam de estar alinhados. Michele Gazzoli é outro sprinter, veremos se será incluído no comboio. Yevgeniy Fedorov será um ciclista de muito trabalho.

Para as etapas de montanha sobram dois nomes. Harold Tejada pode aparecer na alta montanha e, nas restantes, a responsabilidade estará em Alexey Lutsenko. O cazaque é muito experiente, sabe o que precisa de fazer para vencer uma etapa, tem é de aparecer bem, algo que não tem sido recorrente nos últimos tempos.

 

Previsão: Achamos que é tarde demais para Cavendish cumprir o sonho, que esteve até próximo por 1 ocasião no ano passado. Com uma forte luta pela geral Tejada e Lutsenko vão sair de mãos a abanar.

 

Bahrain – Victorious

Uma equipa para todas as frentes! Pello Bilbao é a aposta mais segura para a geral, sempre muito discreto e viável, o basco consegue andar com os melhores. Vem em boa forma, tendo ganho na Volta a Eslovénia. Santiago Buitrago também parte como líder, o colombiano faz a estreia no Tour e não podemos descartar de uma grande exibição, Buitrago é um ciclista muito talentoso quando a estrada inclina. Jack Haig e Wout Poels serão os gregários de serviço, mas a Bahrain não prende muito os seus ciclistas, devemos vê-los em fugas.

Para os sprints, a aposta recai sobre Phil Bauhaus. O Giro foi um fracasso, apesar dos dois pódios, a vitória nunca esteve perto. Venceu na Eslovénia, chega com mais confiança, pode surpreender num sprint mais confuso.

Nikias Arndt, Fred Wright e Matej Mohoric irão ajudar no posicionamento e na proteção dos líderes mas serão muito mais que isso. Principalmente os dois últimos serão setas apontadas às fugas e às etapas estilo clássicas e de média montanha, a qualidade e combatividade de ambos poderá dar frutos.

Previsão: Top 10 final para o regular Pello Bilbao, com Buitrago a andar por perto e próximo da vitória em etapa, no entanto vamos ser ousados aqui e dizer que em termos de jornadas parciais a Bahrain o colombiano ganha uma etapa na 2ª/3ª semana.




Cofidis

Com um equipamento especial, a equipa gaulesa parte em buscar de repetir o sucesso do ano passado. Será muito complicado, para não dizer impossível voltar a vencer duas etapas. 2024 não tem sido a melhor das temporadas, os seus ciclistas têm estado um pouco abaixo. Bryan Coquard é o sprinter de serviço mas nos sprints puros não terá hipóteses, só em dias mais duro e mesmo aí será difícil. Axel Zingle é outra hipótese para estas chegadas, com o francês a também poder ser uma carta para as etapas a lembrar as clássicas. Piet Allegaert e Alexis Renard serão o comboio de Coquard.

Guillaume Martin é o homem para a montanha, o francês adora provas de 3 semanas e de correr de trás para a frente. Ciclista de grandes subidas, muito combativo, deverá ser constante presença na frente. Para as etapas de média montanha Ion Izagirre e Jesus Herrada são opções muito válidas, experiência é com eles. Por falar em experiência, Simon Geschke chega de 14º no Giro, veremos se ainda tem energia para mais.

 

Previsão: Não estamos a ver a Cofidis a vencer neste Tour, nas fugas de montanha deve haver sempre ciclistas ou mais fortes ou mais rápidos que os trepadores e não há muitas chegadas à medida de Coquard, que é a melhor esperança de pódios.

 

Decathlon AG2R La Mondiale Team

Uma das equipas sensação de 2024! Será que a formação francesa vai continuar a brilhar? Felix Gall é a aposta para a classificação geral, o austríaco foi 8º e venceu uma etapa no ano passado mostrando que melhora com o passar dos dias. A temporada tem sido discreta, será que foi a pensar neste momento? Nans Peters, Nicolas Prodhome e Bruno Armirail serão o apoio para a montanha, não é do melhor mas as pernas de Gall contarão muito mais. Armirail também pode ter as suas chances em fugas.

O outro líder da equipa é Sam Bennett que, quatro anos depois, regressa ao Tour em busca de vitórias. Não será fácil para o irlandês, a concorrência é muita e ainda não mostrou que consegue voltar a derrotar todos estes sprinters. Dorian Godon e o campeão francês Paul Lapeira são os lançadores sendo que nos dias mais duros estes vão ser as apostas, eles que já venceram no World Tour em 2024. Oliver Naesen é o capitão, a experiência na estrada.

 

Previsão: Chegam aqui com uma temporada que está a ser muito bem sucedida e cremos que vão continuar a cumprir o objectivo com um top 10 final por Felix Gall, desta vez com uma versão mais conservadora do austríaco. Sam Bennett vai encaixar algumas boas exibições, mas não o triunfo.

 

EF Education – EasyPost

Caça às etapas! É este o lema da equipa de Jonathan Vaughters para a Volta a França deste ano. Richard Carapaz já assumiu que a geral será complicada, o foco estará em vencer etapas e, assim, o ainda campeão olímpico passa a ser uma séria opção para a camisola da montanha. Para as etapas mais complicadas, Neilson Powless é a outra alternativa, o norte-americano foi um destaque em 2023, este ano tem estado mais apagado.

Para as etapas de média montanha/estilo clássicas não faltam opções. Ben Healy é a mais óbvia, não deem muito espaço ao irlandês que este não falha e não se importa de atacar de longe, muito longe. Alberto Bettiol e Rui Costa sagraram-se campeões nacionais no fim de semana com grandes exibições, muito cuidado com ambos, sabem o que fazer nos momentos decisivos.

Marijn van den Berg vai tentar imiscuir-se nas chegadas ao sprint, os dias mais duros serão os melhores para si. Só quando o apoio de Sean Quinn não será fácil, o norte-americano também pode ter as suas chances em fugas. Stefan Bissegger completa o elenco, aposta para o primeiro contra-relógio.

 

Previsão: Uma formação muito ofensiva, mas temos o feeling que o “projecto Richard Carapaz” vai falhar novamente, apostamos na camisola da montanha para o equatoriano, vitória de Alberto Bettiol na abertura e no triunfo de Rui Costa na 2ª semana!

 

Groupama – FDJ

Marc Madiot tem de ter as expectativas baixas para este Tour. David Gaudu vinha a sonhar com um bom resultado e se, nas melhores condições possíveis, já era um sonho, estando doente antes do Tour ainda pior. O francês ainda não conseguiu um único top-10 em gerais em 2024. Para lhe retirar a pressão, Lenny Martinez foi chamado. O pequeno trepador francês tem sido uma das confirmações da temporada, tem triunfado muito mas também temos que ver que foi quase sempre no calendário interno. Dar tempo ao tempo, Martinez tem que ser cirúrgico nas fugas a escolher.

Valentin Madouas é mais um que está a ter uma temporada muito fraca, o completo ciclista francês pode render muito mais, veremos se aparece bem a correr em casa. Romain Gregoire faz a estreia no Tour, um talentoso puncheur que tem algumas etapas ao seu jeito. Tal como Martinez, tem que saber dosear as energias. Stefan Kung é muito mais que um contra-relogista, o helvético adora as etapas rompe-pernas, é nesses dias que pode tentar surpreender o pelotão. Quentin Pacher e Kevin Geniets vão ser ciclistas de trabalho, fazem de tudo um pouco. Clement Russo pode-se imiscuir nas chegadas ao sprint.

 

Previsão: O ambiente na equipa de Marc Madiot não parece o melhor, David Gaudu está aparentemente fora de forma, Lenny Martinez foi chamada à última hora e no campeonato francês não impressionaram nada. Caberá a Romain Gregoire tentar salvar a honra da casa, mas sem sucesso.




INEOS Grenadiers

Dois antigos vencedores do Tour no alinhamento mas a peça central não será nenhuma delas. Carlos Rodriguez foi 5º no ano passado e quer melhorar o resultado, o espanhol tem tido uma temporada muito boa, venceu o Tour de Romandie, 2º no País Basco e 4º na Volta a Suíça, tendo ganho etapas em duas delas. Chega ao Tour com confiança e preparado para, pelo menos, igualar o resultado do ano passado.

Egan Bernal continua a sua recuperação até ao mais alto nível. Terminou todas as provas por etapas que fez no top-10, no entanto Grandes Voltas é outro território. Deverá ser protegido até quando der, a estrada vai colocar todos no seu lugar. Depois do Giro, Geraint Thomas será apenas um gregário, talvez tente vencer uma etapa. Tom Pidcock continua focado em “fazer-se” um ciclista de geral, a teimosia não para no entanto deveria focar-se em vencer etapas, ainda para mais com os Jogos Olímpicos tão perto. Michal Kwiatkowski, Jonathan Castroviejo, Ben Turner e Laurens de Plus são fiéis gregários, estão sempre presentes quando é preciso. Muita atenção a De Plus, de regresso aos bons momentos.

 

Previsão: Carlos Rodriguez deixou muito boas impressões e achamos que o jovem espanhol se vai impor na estrada e conquistar a liderança da equipa, o lugar mais baixo do pódio, e por consequência a camisola branca, vencendo uma etapa na 3ª semana. Atenção a um possível top 10 de Laurens de Plus, está em grande forma.

 

Intermarché – Wanty

Uma equipa que vem focada em vários objetivos. Louis Meintjes vem lutar pela geral, no entanto o sul-africano não terá tarefa fácil de repetir os top-10 passados (este ano soma zero), pelo que vencer etapas talvez seja o objetivo mais realista. Aí, Kobe Goossens e Georg Zimmermann tornam-se dois ciclistas ainda mais perigosos, em dias positivos tornam-se grandes ameaças, principalmente nas etapas de média montanha.

No capítulo do sprint, a formação belga chega com dois homens rápidos. Gerben Thijssen será o ciclista a ter em atenção nas etapas planas e Biniam Girmay será o ciclista para os dias mais duros. Thijssen peca muito pelo posicionamento, já que é um ciclista muito rápido e, no Tour costuma haver muitos sprints confusos. Girmay não estava a ter uma temporada positiva mas desde o abandono do Giro parece ter “acordado” e os resultados têm aparecido. Hugo Page e Mike Teunissen serão lançadores de serviço. Laurenz Rex é um ciclista para entrar em fugas de etapas estilo clássicas.

 

Previsão: Um alinhamento esforçado, mas que mesmo assim não impressiona, um ou outro pódio em etapa, no máximo.

 

Israel – Premier Tech

Uma das equipas convidadas para esta edição do Tour de France. Derek Gee mostrou-se melhor que nunca no Dauphine ao vencer uma etapa e ser 3º na geral e, desta forma, é um grande perigo nas próximas 3 semanas. Será que irá lutar pela geral? Duvidamos que tenha capacidade para tal, mas vencer uma etapa é outro cenário, é muito combativo e não vai querer repetir os muitos segundos lugares do Giro 2023. Stephen Williams tem sido muito regular em 2024, algo que ainda não tínhamos visto, pode aparecer nas etapas de média montanha. Pode fazer uma dupla muito perigosa com Krists Neilands.

Longe vão os tempos em que Jakob Fuglsang era um real candidato a vencer uma etapa ou até top-10 no Tour. O dinamarquês tem sido uma sombra de si próprio e não vemos isso a mudar. Hugo Houle já venceu no Tour, só que também não vemos isso a voltar a acontecer, tem estado desaparecido. Para os sprints, Pascal Ackermann vai tentar voltar à ribalta. O alemão tanto aparece como desaparece, é capaz do melhor e do pior mas a qualidade ainda está lá. Jake Stewart e Guillaume Boivin vão tentar posicioná-lo.

 

Previsão: Derek Gee vai mostrar que a exibição no Dauphine não foi por acaso, e um pouco como Felix Gall no ano passado, vai picar o ponto. Pena que não haja nenhuma etapa mesmo talhada a Stephen Williams.

 

Lidl – Trek

Os planos para a classificação geral têm saído completamente ao lado, depois de Giulio Ciccone falhar o Giro é a vez de Tao Hart não comparecer no Tour devido a problemas físicos. Ciccone recuperou e está aqui presente, provavelmente com ambições somente para as etapas e se calhar uma classificação da montanha. Pela constituição da equipa percebe-se claramente que o foco é outro: Mads Pedersen.

O dinamarquês, que vem de um triunfo em etapa no Dauphine ganhou em 2022 e 2023, quer fazer aqui o hat-trick e tem algumas jornadas ao seu jeito. Conta com um bloco de luxo para o ajudar, Tim Declercq para as longas perseguições, Julien Bernard e Carlos Verona para aumentar o ritmo nas subidas e assim seleccionar o pelotão, caso a equipa ache necessário. Depois temos Toms Skujins e Ryan Gibbons, ciclistas capazes de andar bem em qualquer terreno e ainda Jasper Stuyven, o lançador de serviço.

 

Previsão: Creio que Pedersen não tem a ponta final de Philipsen, ainda assim vai conseguir ganhar 1 etapa, talvez a 10ª jornada, enquanto que Ciccone vai andar a deambular entre objectivos.




Lotto-Dsnty

Não percebo muito bem a ideia da equipa belga. O principal ciclista que traz é Arnaud de Lie, que recentemente se sagrou campeão belga de estrada, diante de Jasper Philipsen e Tim Merlier. No entanto, não vem com um comboio imponente, Campenaerts e Drizners não fazem milagres, é quase como um ciclista da geral chegar aqui sem gregários para a montanha. De Lie não gosta muito de sprints massivos, irá procurar mais os grupos reduzidos em etapas com alguma montanha.

Maxim van Gils fez uma campanha de clássicas notável e é um dos candidatos a ganhar uma jornada numa fuga, o belga não vem aqui fazer classificação geral. Harm Vanhoucke está a dar melhores sensações, parece em subida de forma, deve ser aposta para as etapas mais de alta montanha enquanto van Gils fica com a média montanha.

 

Previsão: Vamos mandar o barro à parede e dizer que Arnaud de Lie vence a 8ª etapa numa chegada perfeita para as suas características. Muita atenção a Maxim van Gils na alta montanha, veremos como é a sua recuperação para a 3ª semana.

 

Movistar Team

A formação espanhola mostra pouca fé em Fernando Gaviria quando nem sequer alinha com um lançador para ajudar o colombiano. A esperança é mesmo que Gaviria um dia tenha pernas incríveis e escolha a roda certa, pode ser que calhe.

Sem surpresas, para a classificação geral está Enric Mas, um corredor que está a fazer uma temporada muito discreta, ainda não impressionou e já fez Catalunha, Romandia e Volta a Suíça, o que não augura nada de bom. Acho que vai ser muito complicado incorporar o top 5, o top 10 é possível e não concordo quando dizem que Mas tem pouca ajuda. Nelson Oliveira e Gregor Muhlberger são 2 polivalentes muito experientes, Javier Romo e Oier Lazkano têm andado muito bem na montanha e há poucos gregários com os pergaminhos de Davide Formolo. Oier Lazkano, caso ainda tenha combustível no tanque, vai ser um perigo à solta em certas etapas. Alex Aranburu é sempre um nome a ter em conta na média montanha, especialmente nos sprints em grupo reduzido, recente campeão espanhol de estrada.

 

Previsão: Uma equipa concentrada em Enric Mas, que vai conseguir o habitual top 10 na geral, nada mais que isso. Cheira a alguns “quases” para Lazkano e Aranburu.

 

Red Bull BORA-hansgrohe

Tudo para Primoz Roglic! Começando pelo terreno plano, julgo que a equipa germânica vem com um rolador a mais, não havia necessidade de trazer Marco Haller, Danny van Poppel e Nico Denz, ainda assim, são exímios neste tipo de terreno. Bob Jungels e Matteo Sobrero são vistos como ciclistas muito polivalentes, ainda que Sobrero não tenha experiência neste papel. Para a alta montanha, o esloveno terá Jai Hindley e Aleksandr Vlasov ao seu serviço, ambos já demonstraram ser úteis este ano em favor de Roglic.

A primeira questão aqui é a condição física de Primoz Roglic, não gostei muito do que vi no Dauphiné, certamente não foi também moralizador para o ciclista ver a sua vitória ameaçada pelo gregário de luxo de um dos rivais e até Derek Gee, longe de ser um trepador, o deixou para trás no último dia. É de esperar que se apresente melhor, duvido muito que consiga responder aos ataques de Pogacar para ser sincero e com o entusiasmo pode partir o motor. Nesse caso tenho uma questão a pairar, se Roglic tiver em dificuldades logo nos primeiros dias, será que Hindley e/ou Vlasov esperam por ele? É uma escolha complicada que a equipa teria de fazer nesse caso.

 

Previsão: Top 5 na geral para o esloveno, mas o reconhecimento que no mano a mano com Pogacar e Vingegaard fica a perder no longo prazo, a preparação também não foi perfeita. Em relação a etapas, dificilmente vai superar Pogacar num sprint em subida, portanto dizemos que Vlasov vence na 3ª semana numa fuga.

 

Soudal Quick-Step

Não tenho muita esperança nem muita confiança em Remco Evenepoel. O belga não só esteve muito longe do seu melhor no Dauphiné como entretanto ainda adoeceu falhando os Nacionais, isto pode correr muito mal logo de início, ainda por cima Evenepoel sempre esteve a apontar para um pico de forma na 3ª semana. E a confirmar-se que a condição física não está a 100% é uma pena porque o conjunto de gregários junto do belga é brilhante, com a dupla de luxo, Mikel Landa e Ilan van Wilder, ainda acompanhados por Louis Vervaeke e Jan Hirt na montanha.

Veremos se não há algum arrependimento por negligenciar, de certa forma, as restantes opções como Tim Merlier, que nem sequer está na Volta a França, em detrimento de Gianni Moscon, Yves Lampaert e Casper Pedersen, a tal parte da equipa mais roladora.

 

Previsão: Achamos que Evenepoel vai ceder tempo eventualmente logo de entrada e esquecer a geral, reservando forças para os contra-relógios, vencendo um deles, depois vai preparar outros objectivos.

 

Team dsm-firmenich PostNL

Dá um bocadinho a ideia que a equipa não sabe muito bem o que quer. Está Fabio Jakobsen, a fazer uma temporada muito pobre nesta estreia pela DSM, e o neerlandês vem com um comboio em que as peças não parecem muito bem definidas, com Degenkolb, Eekhoff e Welten.

Creio que a restante equipa está aqui para caçar etapas, nem Romain Bardet, nem Warren Barguil, nem Oscar Onley serão ciclistas para a classificação geral. Ainda para mais Bardet está no último Tour da carreira, então vai querer dar espectáculo à procura de etapas, talvez a classificação da montanha e entusiasmar os franceses, um bocadinho como Pinot fez no seu último Tour. É indiferente para ele terminar em 9º ou 16º, Barguil tem andado muito apagado e Onley tem sido o ciclista das classificações gerais, aqui a conversa é outra e deverá optar por caçar etapas.

 

Previsão: Muita combatividade de Romain Bardet, infelizmente um Fabio Jakobsen ainda bem longe do que consegue fazer, portanto um Tour frustrante para a DSM.




Team Jayco AIUla

No ano passado também poucos contavam com Simon Yates e o britânico surpreendeu ao finalizar em 4º na geral, este ano vai tentar repetir a gracinha, só que está com um historial ainda pior do que em 2023. Para além disso, parece claramente na porta de saída da equipa, tanto que a Jayco apenas vem com Chris Harper para o ajudar. Se tivesse de apostar até arriscaria numa coisa, Harper vai fazer melhor na geral do que Yates, o australiano está a andar bem e é mais regular, na minha opinião.

O foco da equipa está em Dylan Groenewegen e é um risco muito grande, é que o neerlandês, recente campeão de estrada, chega aqui sem qualquer vitória no World Tour e já perdeu vários duelos para Philipsen e Merlier. Ainda assim, julgo ter velocidade de ponta suficiente para, com um bom lançamento, bater os sprinters mencionados, tem é de confiar muito mais em Luka Mezgec. Michael Matthews também pode ajudar nesse campo e funciona como alternativa para as jornadas com mais dureza, ainda que não o esteja a ver a bater um Pedersen, por exemplo.

 

Previsão: Pode parecer uma previsão um bocadinho ousada, Groenewegen vai conseguir alinhar as estrelas e salvar a honra do convento numa das etapas ao sprint, até porque a concorrência não parece assim tão forte tirando Pedersen e Philipsen. Yates não parece na mesma condição física e mesmo mentalmente pode já estar com a cabeça um pouco em 2025 e numa mudança de ares.

 

Team Visma | Lease a Bike

Tendo em conta como estavam há 1 mês, até partem com legítimas aspirações de um bom resultado. Que não haja dúvidas, como bloco de apoio a um líder Christophe Laporte, Tiesj Benoot, Jan Tratnik, Wilco Kelderman, Bart Lemmen e Matteo Jorgenson continua a ser impressionante e, indubitavelmente, uma das melhores equipas deste Tour, principalmente tendo em conta o que Jorgenson já fez em 2024, no Paris-Nice e Dauphine.

Claro que a grande questão está na condição física de Jonas Vingegaard, o vencedor das últimas 2 edições. Acho que não vai estar a 100% por razões óbvias, mas vai tentar ver como é que o corpo responde e mesmo que não consiga ganhar pode pensar em preparar a Vuelta ao mais alto nível. É óbvio que a UAE vai tentar de tudo para fazer diferenças nesta primeira semana e que a grande esperança do dinamarquês é a terceira semana, mas vimos no ano passado o que a falta de preparação pode custar na 3ª semana, veja-se o que aconteceu a Pogacar, pode também dificultar a recuperação entre esforços. A perda de Sepp Kuss também é preponderante, estamos a falar do melhor gregário do Mundo na alta montanha e que é substituído por Bart Lemmen. Wout van Aert vai ajudar como pode e também preparar outros objetivos mais à frente na temporada.

 

Previsão: Vingegaard vai lutar com todas as suas forças, mas desta vez vai perder o duelo face a Tadej Pogacar, sendo mais equilibrado do que muitos podem pensar. Vai ganhar 1 etapa, bem como Wout van Aert. Matteo Jorgenson faz top 10 no processo de ajuda a Vingegaard.

 

TotalEnergies

É daquelas equipas claramente a precisar de fazer contratações cirúrgicas e isso nota-se muito mais quando alinha no Tour. A partir do momento em que Steff Cras é o líder e para os sprints há Sandy Dujardin, acho que está tudo dito. Não desdenhando de Steff Cras, o belga está, constantemente, a demonstrar boa capacidade física e invariavelmente vai ao chão para estragar toda a preparação, é dos mais azarados do pelotão. Recuperou da queda na Volta ao País Basco e é um outsider ao top 10.

Depois os mais conhecidos são Burgaudeau e Turgis, ambos têm andado um bocadinho desaparecidos em 2024 e para os sprints em grupo reduzido ou colinas têm Sandy Dujardin, que fez 5º nos Nacionais esta semana. Os restantes corredores devem aparecer através de fugas, ganhar esta experiência vai ser importante para o futuro deles.

 

Previsão: Steff Cras bem pode lutar na alta montanha, não têm armas para ganhar neste Tour.

 

UAE Team Emirates

Um dos alinhamentos mais fortes que alguma vez se apresentou numa Grande Volta. Estamos a falar de um antigo vencedor do Tour e que tem dominado a temporada a seu belo prazer, Tadej Pogacar, secundado por 3 corredores que todos eles seriam candidatos ao pódio noutras formações, falamos de Juan Ayuso, João Almeida e Adam Yates. Sendo que o britânico foi 3º no Tour 2023, o português 3º no Giro 2023 e o espanhol 3º na Vuelta 2022 isto atesta bem da qualidade deste alinhamento. No início da época, a UAE pensou que só conseguiria igualar e bater o poder de fogo da Visma se colocasse a carne toda no assador e não sabia tudo o que se iria passar daí em diante.

 

Pogacar parte como o grande favorito, mesmo tendo feito o Giro, foi uma Grande Volta feita em modo gestão, onde não teve de ir ao limite para triunfar, o que é uma grande vantagem e a ideia é tentar fazer diferenças logo de início. À partida, a hierarquia será Pogacar-Yates e depois João Almeida e Juan Ayuso um pouco atrás, ambos também a pensar um bocadinho na Vuelta, não quer dizer que não façam top 10 ainda na geral. Só para comprovar mais uma vez o absurdo deste alinhamento, Sivakov e Soler, 2 corredores que já fizeram top 10 em Grandes Voltas na carreira, estão como puros gregários, sendo que a equipa vê Tim Wellens e Nils Politt como corredores de protecção para o terreno mais plano.

 

Previsão: Vitória final para Tadej Pogacar e vamos dizer que no processo o esloveno ganha 3 etapas, contando com o contra-relógio final. Top 10 final para Adam Yates, perto do pódio, e João Almeida, veremos se algum deles tem sorte com as circunstâncias para ir caçar 1 etapa.



Uno-X Mobility

Prefiro ver um projeto destes ter nova oportunidade no Tour do que ver equipas como a Astana ou a TotalEnergies por tudo o que significam e pelo caminho que fizeram para chegar até aqui. Sabem o que estão a fazer e vão dar tudo por tudo para sair daqui com uma vitória em etapa, sendo que para isso têm várias opções. O sprinter é Alexander Kristoff, que viu a sua abordagem de muita competição e 0 estágios em altitude resultar bem nos últimos meses, tem estado mais competitivo com um forte apoio da equipa. Demonstra alguma falta de explosão em certos momentos e isso pode custar caro aqui, não creio que tenha hipóteses num duelo mano a mano com Philipsen, por exemplo.

Magnus Cort é sempre, sempre, um nome a ter em conta em etapas de média montanha, em chegadas duras com 30 a 40 ciclistas no grupo, é aí que a equipa vai apostar nele. Jonas Abrahamsen tem-se transformado numa máquina de debitar watts no terreno plano e cuidado com ele nas etapas de transição. Soren Waerenksjold parece que ainda se está a definir como ciclista, não é um sprinter nem um contra-relogista, é um misto dos 2 e vai tentar surpreender. Há ainda o super-talento Tobias Johannessen, vencedor da Volta a França do Futuro em 2021, parecia que ia dar o passo em frente definitivo em 2023, e que este ano tem desiludido, veremos se estava a preparar este objectivo com mais cautela ou continua sem encontrar as melhores sensações. Fazem também parte do elenco Johannes Kulset, Rasmus Tiller e Odd Eiking.

 

Previsão: Vamos novamente ser ousados e dizer que Jonas Abrahamsen vai fazer uma fuga vingar na 2ª/3ª semana. O norueguês impressionou-nos imenso este ano e pode haver interesses para que as outras equipas dos sprinters não se juntem à Alpecin. Seria a maior vitória de sempre da Uno-x.

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