As etapas em linha do Giro estão de regresso com mais uma etapa de média montanha. Dia com grande possibilidade da fuga sair vitoriosa, o que faz prever uma grande luta pela mesma.

 

Percurso

Se houvesse uma etapa desenhada para fugas creio que seria esta, 3800 metros de desnível acumulado e tantas subidas complicadas parecem demais para os sprinters e para uma equipa conseguir controlar. Espera-se uma grande batalha nos primeiros 60 quilómetros, que têm 2 colinas com cerca de 3 quilómetros para eventualmente seleccionar a escapada. O Alpe San Pellegrino surge logo a seguir e é para puros trepadores, 13,8 kms a 8,8%, em que os últimos 4 kms são acima dos 11%, vai ser curioso ver o que vai acontecer caso não haja fuga até aí.

Muita coisa joga-se no topo do Alpe San Pellegrino porque depois há 42 kms de descida, passando para uma contagem de 2ª categoria com 11,1 kms a 4,9%. O terreno até à meta é muito ondulado, a última delas a cerca de 5 kms da meta e tem 5,8 kms a 5,8%, o que pode fazer diferenças depois de um dia rápido. É preciso não esquecer que os 500 metros finais são novamente a 6%, a chegada não é nada fácil.




Táticas

Após um contra-relógio e antes de uma provável chegada ao sprint, amanhã é o dia ideal para os fugitivos batalharem pela vitória. Esperamos uma grande luta pela presença na frente, 60 quilómetros diabólicos, bem parecido ao que aconteceu no passado sábado. Não seria descabido a fuga formar-se apenas no Alpe San Pellegrino e quem sairiam a beneficiar seriam os puros trepadores, pois num terreno mais plano terão muito mais dificuldades de estar na frente.

Todas as equipas quererão estar na fuga, têm uma oportunidade de vencer que não teriam numa luta direta no pelotão. Uma etapa animada, velocidade elevada e muitos ataques. Formada a fuga, o espaço entre as últimas duas contagens de montanha pode ser aproveitado para a fuga de la fuga, o terreno é propício a tal e quem não for tão bom trepador terá que jogar aí a sua cartada.

 

Favoritos

Marco Frigo é um nome incontornável a ter para esta etapa. O italiano esteve bem hoje, numa especialidade que não é a sua, o que demonstra a boa forma física. É um candidato evidente à fuga de la fuga, pois sabe que num grupo poucas hipóteses terá e é daqueles ciclistas que gosta de atacar de longe, como já fez por tantas vezes na sua curta carreira.

Já bastante atrasado na geral, Romain Bardet pode voltar a tentar as fugas. O francês não vai desistir até conseguir vencer uma etapa no seu último Giro, é daqueles que vai tentar, tentar e tentar. A sua experiência será fundamental para integrar a fuga do dia e pode vencer em vários cenários, é um ciclista explosivo para a parte final.



Outsiders

É incrível como Wilco Kelderman não tem vitórias no World Tour na sua carreira. Um ciclista desta qualidade merecia mais mas parece que lhe falta sempre algo no momento decisivo. Já foi 2º numa etapa, a forma está lá, é mais um ciclista que pode jogar em vários cenários e a quem favorece uma corrida mais dura.

Numa XDS Astana sempre ofensiva, Wout Poels pode ser a cartada de amanhã. Já o mencionamos várias vezes, o neerlandês tem como objetivo vencer no Giro para completar a trilogia. Uma corrida endurecida será favorável a Poels, um ciclista que apesar de já não ser novo ainda tem alguma explosão para a parte final.

Brandon Rivera tem sido um dos gregários deste Giro. O que tem feito em prol de Egan Bernal tem sido excelente, daquele trabalho que poucos são capazes, principalmente no passado domingo. O colombiano é um ciclista muito completo, sobe bem e tem uma boa ponta final, pode estar perto do seu grande momento de glória.

 

Possíveis surpresas

Lorenzo Fortunato – é mais um nome óbvio para estar na frente, é um dia muito importante para a classificação da montanha. As energias gastas aí podem vir a ser importantes para o final da etapa.

Luke Plapp – venceu uma etapa parecida, hoje voltou a estar bem, tem de ser mencionado. Tem de atacar de longe mas agora todos vão ter mais atenção ao australiano, terá de estar num dia muito forte.

Paul Double – outro ciclista da Jayco AlUla que já se mostrou em fugas e com boas exibições. Menos conhecido mas não menos talentoso quando o terreno inclina, pode ter outra liberdade.



Pello Bilbao – uma das raposas velhas do pelotão, tem liberdade para tentar estar nas fugas. Pode vencer em diversos cenários, algo que joga a favor do basco da Bahrain.

Mattia Cattaneo – sem ninguém para a geral, o italiano pode procurar os seus resultados. Sabe que tem de atacar de longe mas se se apanha sozinho é difícil de alcançar, anda muito bem no esforço solitário.

Jay Vine – a UAE Team Emirates pode dar liberdade aos ciclistas numa etapa mais acessível e o australiano pode ser o escolhido. O seu problema podem ser as descidas mas se lhe dão algum espaço a subir nunca mais o veem.

Wout van Aert – noutros tempos, estas dificuldades não eram demais para o belga, só que o ciclista da Visma já não é o mesmo. A vitória no domingo deu-lhe muita confiança e soltou a pressão, podemos ter o velho Van Aert de volta?

Primoz Roglic, Juan Ayuso e Isaac Del Toro – os nomes a ter em conta caso a geral discuta a vitória. São os mais explosivos para uma chegada deste género.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Gianmarco Garofoli e Nicolas Prodhomme.



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