A montanha não para e está na hora da etapa rainha da Vuelta! Mais uma chegada em alto e nova oportunidade para testar Remco Evenepoel, conseguirá o líder resistir?

 

Percurso

Grande etapa de montanha para terminar a 2ª semana de competição, com mais de 4000 metros de desnível acumulado positivo! Dia curto, apenas 150 quilómetros, com a dureza a estar quase toda concentrada nos últimos 50 quilómetros.



O Alto del Purche (9 kms a 7,5%) servirá para aquecer os motores e testar as pernas, seguindo-se uma rápida descida até uma subida não categorizada de 6100 metros a 5,1%. Ultrapassada esta subida restam 22 quilómetros para o fim mas ainda com a grande dificuldade do dia pela frente.

Falamos da escalada de Sierra Nevada, um total de 19500 metros a 7,9%! Subida muito complicada, que se destaca pelos primeiros quilómetros brutais, com 4600 metros a 11% e, se quisermos alargar até ao Alto de Hazallanas (uma subida muito usada em provas espanholas). 7,3 kms a 9,6%. Os últimos 10 quilómetros aligeiram um pouco mas as rampas nunca baixam dos 7% de média.

 

Tácticas

No papel esta é a etapa raínha, mais de 4000 metros de acumulado, um verdadeiro teste aos puros trepadores. Depois do tempo perdido por Remco Evenepoel hoje a leitura mais consensual é a de que esta será uma jornada para os ciclistas da geral. O belga ainda tem quase 2 minutos de vantagem e os seus rivais têm que aproveitar para colocar à prova a sua capacidade na alta montanha e em altitude.

Isto implica que se imponha um ritmo muito elevado ao longo de toda a etapa, mas principalmente nos últimos 50 quilómetros, o que diminui as chances de quem entre na fuga. Por outro lado, esta tirada é crucial para a classificação da montanha, que poderá ser objectivo de Jay Vine, Richard Carapaz e Marc Soler, deverá ser uma luta interessante entre este trio.

 

Favoritos

Miguel Angel Lopez vai sentir-se em casa amanhã com a altitude da Sierra Nevada. O colombiano da Astana já ultrapassou a fase que na teoria era mais complicada para ele, os primeiros dias pelo fraco ritmo competitivo que trazia e o contra-relógio que na teoria lhe era desfavorável. Lopez está visivelmente a melhorar de dia para dia e teoricamente nem Remco, nem Roglic, nem Mas vão cometer loucuras para o perseguir.



João Almeida está numa situação semelhante a Lopez, tanto na geral, como na condição física. O ciclista português fez a sua melhor exibição da Vuelta hoje e vai sentir certamente que está tudo em aberto no que respeita ao pódio porque amanhã podem fazer-se diferenças enormes. Evenepoel está a correr a ritmo, um pouco como João Almeida, que pode aproveitar-se disso quando o belga responder a ataques mais explosivos.

 

Outsiders

Hoje vimos o melhor Primoz Roglic desta Vuelta na alta montanha, o esloveno colocou realmente os adversários em dificuldades e amanhã joga potencialmente a vitória final na Volta a Espanha. O esloveno sabe disso e não se contenta com um mero lugar no pódio com o currículo que tem, isto pode prejudicá-lo na luta pela conquista da etapa.

Tudo ou nada para Enric Mas amanhã e o espanhol tem ao seu lado uma Movistar que quer limpar a imagem de uma temporada bem abaixo das expectativas e dentro das equipas dos favoritos é das menos desfalcadas. O espanhol não teve um dia incrível hoje, mas já provou que consegue acompanhar os melhores.



Apesar da situação da geral a fuga tem algumas hipóteses de sucesso se trabalharem em conjunto e chegarem com boa vantagem à subida final. Aí será a derradeira chance de Mark Padun nesta Vuelta, o ucraniano já mostrou ter boas pernas e hoje bem tentou entrar na fuga, falhando o momento certo. Não é muito bom a descer, ou seja, amanhã também joga uma espécie de tudo ou nada.

 

Possíveis surpresas

Até podem andar entre os melhores, mas temos algumas dúvidas sobre Juan Ayuso e Carlos Rodriguez, que pela sua juventude nunca chegaram aos 15 dias de competição numa corrida, será que conseguem resistir apesar do desgaste e da altitude? Veremos ainda o que Remco Evenepoel consegue fazer, mas nunca é fácil recuperar depois de um dia em que baqueou face aos rivais. Para a fuga há vários nomes que saltam à vista, será que Richard Carapaz tem pernas para conseguir um trio de triunfos? Será que Jay Vine ainda tem energia depois do início de Vuelta fenomenal que fez? E em relação a Marc Soler, o espanhol precisa de somar muitos pontos se quer mesmo a classificação da montanha. Mikel Landa também parece estar muito melhor depois de vários dias de competição e tem a sua melhor chance amanhã, Thibaut Pinot tem falhado a fuga e é outro corredor que gosta de chegadas em alto e Gino Mader ainda não apareceu na Volta a Espanha depois do brilharete que fez no ano passado. Nomes menos sonantes e que poderão estar na discussão pelo pódio na etapa são Sebastien Reichenbach, Domenico Pozzovivo, Juan Pedro Lopez, Rein Taaramae e Mikel Bizkarra. Olho ainda em Thymen Arensman e Ben O’Connor entre os ciclistas da geral porque têm mais liberdade do que os restantes.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Hugh Carthy e Sergio Higuita.




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