A segunda semana do Giro termina com o regresso da alta montanha e logo numa maratona com praticamente 220 quilómetros. A passagem pelo mítico Monte Grappa promete animar a etapa. Teremos Isaac del Toro a reforçar a liderança?
Percurso
Maratona de alta montanha a terminar a 2ª semana de Giro, 219 quilómetros com 3900 metros de desnível acumulado positivo. Os primeiros 104 quilómetros apenas têm uma curta contagem de montanha, praticamente planos, deverão ser feitos a alta velocidade, um endurecimento até ao sopé do Monte Grappa. Um dos monstros de Itália, com 25,1 kms a 5,7%, uma média estragada por 5 kms praticamente planos a meio, já que os derradeiros 8,5 kms são a 6,4%.
No topo restavam 90 quilómetros para a chegada e, a partir daqui, 25 quilómetros em descida e mais 20 em plano antes de nova ascensão, a subida de Dori (16,6 kms a 5,3%), uma escalada muito regular e sem grandes pendentes. No alto, 28 quilómetros para o fim, curta descida, 1500 metros a 8% e segue-se terreno em falso plano/ligeira descida até à meta em Asiago.
Táticas
A segunda semana do Giro termina com uma grande etapa de montanha e logo com um monstro como o Monte Grappa. Para decepção, esta mítica subida fica muito longe da meta, pelo que dificilmente terá um papel importante na definição da etapa e da classificação geral. Após as diferenças de hoje, a UAE Team Emirates deverá correr ainda mais na defensiva, Isaac del Toro tem uma grande liderança e, para já, deverá ser para conservar.
Caberá as restantes equipas endurecer a corrida, principalmente no Monte Grappa e, aí, a INEOS é a principal ameaça. A equipa britânica já o fez por diversas vezes, não nos admirávamos que voltasse a fazer no entanto a perda de Brandon Rivera é importante, é menos um ciclista importante de trabalho. A Bahrain-Victorious é outra equipa que perdeu muito hoje, tem um bloco sólido e também pode dinamitar a corrida mas vemos isso mais a acontecer na última semana. Com esta análise, acreditamos que, finalmente, uma fuga pode sair vitoriosa numa etapa de montanha. Damos 65% de chances para a fuga e 35% para o pelotão.
Favoritos
Luke Plapp já venceu uma etapa a partir da fuga, fazendo-o com um ataque de longe. Amanhã uma nova vitória deste modo é bastante plausível e o australiano é alguém capaz de repetir a receita. Tem estado na frente em dias estratégicos (quando venceu e na etapa 11), amanhã é mais uma etapa que se adequa às suas características.
Com a saída de cena da geral de Ciccone, Mathias Vacek tem liberdade para integrar a fuga. O checo tem feito um Giro fenomenal, tanto no apoio a Pedersen como ao italiano. Agora chegou a hora de ter a sua oportunidade, num terreno perfeito para si. Não é um puro trepador, irá sofrer bastante nas subidas, sofrerá muitos ataques, mas até ao final tem tempo para ficar num grupo e, no final, derrotar ao sprint.
Outsiders
Wout Poels volta a ser mencionado nas nossas antevisões, alguém que ainda procura a sua desejada vitória no Giro. Já tentou por várias vezes, está numa XDS Astana que estará, com toda a certeza, na fuga e, na última vez que esteve na frente mostrou boa condição física, foi dos últimos a ser apanhado. Não terá medo de atacar de longe.
Georg Steinhauser é um ciclista que costuma aparecer no final da 2ª semana e início da 3ª semana. Já mostoru leivos da sua qualidade, em algumas fugas, agora com mais quilómetros nas pernas o motor estará mais quente e pronto para a dureza. Tem de chegar isolado e o alemão é ciclista para fazer diferenças para tal.
Caso os favoritos lutem pela vitória, Isaac del Toro tem de ser considerado o grande candidato. O mexicano ainda não mostrou debilidades quando a estrada inclina, pelo que não o vemos a ceder. Desta forma, estará sempre no grupo da frente e já vimos que a ponta final de Del Toro é temível, será muito difícil superá-lo.
Possíveis surpresas
Lorenzo Fortunato – mais um dia importante para a montanha, mais um dia para o italiano estar na fuga. Pode gastar muitas energias nesta luta, mas vimos na etapa 11 que está em grande forma.
Wilco Kelderman – tem tido liberdade para integrar fugas, amanhã é mais uma chance para o neerlandês, um ciclista muito regular mas que não tem o instinto matador e isso é importante.
Pello Bilbao – tem sido presença assídua nas fugas das etapas de montanha, mais um que tem liberdade para estar na frente. O basco é um poço de experiência, sabe ler a corrida como poucos.
Mattia Cattaneo – alguém ideal para o cenário fuga de la fuga, um ciclista que se defende na montanha, anda bem em solitário e sabe que tem de vencer de forma isolada.
Nairo Quintana – apareceu na última etapa de montanha, o colombiano deu sinais de vida, algo que ainda não tínhamos visto no Giro. Terá de estar num dia super.
Romain Bardet – mais discreto nas últimas etapas, as oportunidades começam a escassear para o experiente francês. É daqueles que vai tentar a todo o custo, é muito combativo.
Juan Ayuso – deverá jogar em modo defensivo e apenas seguir os ataques dos rivais. O joelho ainda não parece estar a 100%, será um problema.
Primoz Roglic – mais calculista que o habitual, o esloveno tem estado muito discreto. Está na altura de começar a aparecer, se quiser começar a recuperar tempo e ameaçar a liderança de Del Toro.
Richard Carapaz – não tem medo de atacar, foi assim que venceu a 11ª etapa e se sentir que tem a oportunidade para tal vai fazê-lo. Desta vez não terá liberdade, terá de ser à base da força.
Egan Bernal – outro ciclista sem medo de atacar, prefere quebrar do que não tentar. O colombiano está em grande forma, a INEOS está a andar bem e quererá aproveitar esta fase.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Remy Rochas e Marco Frigo.