Amanhã temos o tiro de partida para a Vuelta 2025 que vai começar em… Itália. Uma jornada acessível, uma rara oportunidade para os sprinters assumirem a liderança da corrida, quem irá envergar a primeira camisola vermelha?
Percurso
A Volta a Espanha 2025 começa em Turim, partida em Itália para uma etapa plana, para o agrado dos sprinters. Os 186,7 quilómetros são relativamente acessíveis, apenas uma contagem de montanha de 3ª categoria em La Serra (6,5 kms a 5,2%) que servirá para atribuir a primeira “camisola das bolinhas” e que está localizada ainda na primeira metade da etapa.
Apesar de algumas pequenas colinas, o terreno é acessível e, em Novara, a vitória vai decidir-se ao sprint. Falando do final de etapa, os últimos 4 quilómetros são praticamente feitos em linha reta no entanto têm dificuldades, uma vez que existem 4 rotundas que prometem alongar bastante o grupo. A reta da meta é em ligeira curva para a direita, será importante escolher a trajetória.
Tácticas
É de esperar um início de Vuelta relativamente calmo, as equipas convidadas podem eventualmente lutar por envergar a camisola da montanha e depois tudo se deve decidir num sprint em pelotão compacto. Espera-se condições muito boas para a prática da modalidade, cerca de 25 graus, pouco vento e sem chuva da parte da tarde. Vai haver muito nervosismo claro, muitos corredores com vontade de aparecer e com muita energia, os comboios vão ser muito importantes no meio da confusão.
Favoritos
Jasper Philipsen – O maior candidato a ser o primeiro líder desta Vuelta, a Alpecin tem sido protagonista constantemente nos primeiros dias das Grandes Voltas, Philipsen tem muita experiência nestas circunstâncias e vem com fome de vitória depois de abandonar o Tour de forma prematura. Para além disso, este é um grande objectivo da equipa que vem com Edward Planckaert e Jonas Rickaert como homens de confiança do belga.
Mads Pedersen – Como sempre o lote de sprinters na Vuelta não é incrível, tanto que um corredor que não é propriamente um puro sprinter como o dinamarquês tem de ser considerado como um dos candidatos. Está a fazer uma temporada fenomenal, talvez a melhor da carreira e viu-se na Volta a Dinamarca que continua a andar muito bem. É verdade que não tem um comboio incrível, terá de confiar em Hoole e Kragh Andersen.
Outsiders
Casper van Uden – Triunfou de forma surpreendente no Giro, vencer aqui não seria uma surpresa tão grande porque já vimos o que o holandês consegue fazer mesmo num contexto difícil e contra concorrência forte. Tem a vantagem da equipa não trazer um homem para a geral, não há mais ninguém para proteger e conta com um dos lançadores mais experientes do pelotão internacional, o seu compatriota Timo Roosen.
Ethan Vernon – Não está a ter uma temporada por aí além, no entanto já conta com 1 vitória na Catalunha e pódios nos Nacionais e na Volta a Bélgica. É um ciclista bastante possante e que prefere claramente estes finais ao invés daqueles em ligeira subida, portanto deve ser a aposta da Israel e desta vez contar com a ajuda de Jake Stewart. O problema é que depois não há mais comboio.
Ben Turner – Uma adição de última hora à lista de participantes e tendo em conta a quantidade mínima de sprinters presentes e os últimos resultados do britânico não deve ter sido por acaso. Atenção, fez um pódio a sprintar no Giro e depois fez 3 pódios na Volta a Polónia, até levou a classificação por pontos para casa. É alguém que não tem medo de atacar e arrancar da frente, nestes sprints potencialmente confusos isso pode dar resultado.
Possíveis surpresas
Elia Viviani – Vai tentar fazer uma espécie de reencarnação de Mark Cavendish, eu considero que o italiano já está longe do seu auge e do melhor nível e que tem hipóteses reduzidas de triunfar, mas nunca se sabe. Com a sua experiência vive para estes momentos altos e tem Jasper de Buyst como lançador.
Madis Mihkels – Em quase todas as Grandes Voltas há uma revelação ou confirmação, será que esta Vuelta vamos ter o desabrochar de Madis Mihkels? Sempre deu a sensação de que o ciclista da Estónia tinha bastante potencial e até esperava mais dele ao longo do ano depois do pódio na Clássica de Panne. Ainda tem apenas 22 anos e já fez top 5 tanto em Europeus como em Mundiais sub-23.
Jake Stewart – Veremos qual é a opção da Israel, no papel este tipo de sprints é para Vernon e os que têm grau de dificuldade maior para Stewart, mas pode haver outra hierarquia ou depender das sensações. O britânico já leva 2 vitórias em 2025, 1 delas no Dauphiné, corrida onde impressionou.
Axel Zingle – Longe de ser um puro sprinter, é alguém mais vocacionado para chegadas duras ou em grupos reduzidos, mas não tem medo de se meter na confusão. Obviamente vai ter de andar a surfar rodas porque a equipa vai estar ocupada a proteger Vingegaard.
Stanislaw Aniolkowski/Bryan Coquard – A Cofidis viu a oportunidade de angariar pontos através das etapas ao sprint desta Vuelta, então decidiu trazer 2 sprinters. Acredito que tendo em conta a situação da equipa francesa ambos tenham carta verde para sprintar nas etapas planas, sendo que Coquard é muito mais talhado para os finais em ligeira subida, não os vejo a fazer melhor que top 5 amanhã.
Arne Marit – Sem um grande líder para a geral a Intermarche-Wanty pode dar-se ao luxo de colocar ciclistas como Dion Smith e Dries de Pooter ao serviço de Arne Marit, um corredor que também prefere sprints em grupos reduzidos. Tem 2 pódios em 2025, mas um alcançado em Janeiro e outro em Maio, é um sólido candidato a top 10.
Orluis Aular/Ivan Garcia Cortina – Numa chegada mais possante como esta faz mais sentido que Garcia Cortina seja o ciclista mais protegido, Aular é muito bom nas chegadas em subida e em grupos de 30 a 50 corredores. No entanto a Movistar pode optar por uma estratégia como a Cofidis e ir ao sprint com ambos para maximizar os pontos obtidos.
Jenthe Biermans – Já tem 8 top 10’s em 2025, é um corredor muito consistente e espero que esteja pelo menos na luta por um top 5/top 10.
Ivo Oliveira – Não considero que haja assim grandes perigos nesta chegada, portanto Ivo Oliveira pode ter aqui uma oportunidade para sprintar. O ciclista português é muito bom a posicionar-se por todo o trabalho de lançador que já fez e está pleno de confiança, já leva 4 vitórias em 2025.
Tim van Dijke – Um ciclista muito possante e que ocasionalmente faz top 10 quando tem chance para sprintar, pode repetir esse resultado aqui.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Dries de Pooter e Thibaud Gruel.