O Giro continua na Albânia com um contra-relógio individual que promete fazer algumas diferenças entre os favoritos, será que Mads Pedersen vai conseguir manter a camisola rosa?
Percurso
Curto contra-relógio em torno de Tirana. A capital da Albânia será palco do “desfile” dos ciclistas, num esforço individual de 13 700 metros. Mais de uma dezena de curvas, algumas delas bem assentuadas, tornam este percurso muito técnico. Ao km 6,5 surge a única dificuldade, 1500 metros a 4,9%, com o restante traçado a ser totalmente plano, perfeito para os especialistas.
Tácticas
É um contra-relógio individual, cada um por si, portanto há espaço para falarmos um pouco sobre o que aconteceu na etapa de hoje. Em primeiro lugar nota para o enorme trabalho que a Lidl-Trek, bons sinais também para o futuro de uma possível candidatura de Giulio Ciccone ao pódio e nesse caso Mads Pedersen vai querer pagar com juros todo o trabalho feito para ele. Infelizmente a classificação geral ficou sem Mikel Landa, um ciclista que prometia espectáculo na alta montanha e nota também para a perda de tempo de Thymen Arensman e Derek Gee.
Para amanhã há 2 lutas, a normal e natural pela etapa e a batalha pela camisola rosa, sendo que as 2 se podem intersectar porque tanto Mads Pedersen como Wout van Aert são bons especialistas nestas distâncias. Dos especialistas julgo que nos últimos quilómetro apenas Affini e Hepburn pouparam algumas energias, ainda que não seja muito impactante nesta fase da prova e a etapa foi curta. Em relação ao tempo, está previsto sol, uma temperatura agradável e vento fraco a moderado, com tendência a aumentar durante o dia. O percurso é muito urbano, com muitas mudanças de direcção, não creio que isso vá ter um grande impacto.
Favoritos
Joshua Tarling – É, na teoria, o maior candidato. Venceu o contra-relógio do UAE Tour com 12 kms, foi 4º nos Jogos Olímpicos e nos Mundiais do ano passado e certamente fez uma boa preparação específica para este dia. Hoje terminou com Arensman e foi um importante apoio, sinal de que está em boa forma.
Mads Pedersen – O dinamarquês é mais do que um sprinter, é um bom especialista nestas distâncias e tem o estímulo extra de querer manter a camisola rosa. É bom tecnicamente em viragens e é preciso muita explosão para arrancar com potência de tantas viragens.
Outsiders
Mathias Vacek – Creio que pode ser uma das grandes surpresas do dia. A evolução do checo tem sido notória e em 2024 fez 2º no contra-relógio da Volta a Bélgica e 2º na etapa inaugural da Vuelta, ou seja, anda muito bem em esforços a rondar os 12 kms. O que fez hoje é sinal que está em grande forma, não estando pela geral pode arriscar um pouco mais.
Edoardo Affini – Durante anos o italiano da Visma desiludiu nos contra-relógios, até que finalmente em 2024, aos 26 anos e quando já poucos esperavam, se sagrou campeão europeu e foi medalhado nos Mundiais. Certamente guardou algumas forças hoje, vai deixar tudo na estrada amanhã neste percurso técnico e explosivo.
Juan Ayuso – Dia importante para o espanhol que por alguma razão parece ter um dom para contra-relógio entre os 10 e os 15 quilómetros, veja-se no Tirreno-Adriatico e mesmo no Tour de Romandie e na Volta ao Luxemburgo. Tem uma boa posição em cima da bicicleta e a minha expectativa para amanhã é que ganhe tempo a Roglic, podendo perfeitamente fazer pódio.
Possíveis surpresas
Wout van Aert – Vai partir com o objectivo da camisola rosa, está apenas a 4 segundos de Mads Pedersen, mas o próprio admitiu que a preparação para este Giro não foi a melhor com uma doença nas semanas anteriores e que sofreu bastante hoje para seguir o ritmo na subida. Não creio que esteja a 100%
Primoz Roglic – Vai certamente querer estar entre os primeiros lugares e tem de jogar entre o risco e a segurança de não poder colocar em causa a geral devido a uma queda. O esloveno é um bom especialista nestas distâncias, já ganhou no País Basco a abrir a competição, mas tem um pico de forma apontado para a 3ª semana.
Jay Vine – Corredor inconsistente, mas com potencial de grandes resultados, integra por vezes o top 5 em contra-relógios, sempre obteve bons resultados nesta disciplina, mas não é muito técnico. Tem historial de quedas e também não é muito explosivo.
Antonio Tiberi – Está no Giro pela geral e tem andado bastante bem no contra-relógio, tanto na Volta ao Algarve como no Tirreno-Adriatico, onde só perdeu 5 segundos para Juan Ayuso.
Brandon McNulty – Foi o vencedor do contra-relógio inaugural da Vuelta em Lisboa no ano passado, precisamente numa distância semelhante a esta. Desta vez o traçado não é tão rolante, é mais técnico e para ciclistas explosivos. Não se pode descartar ainda assim o norte-americano.
Isaac del Toro – Ao longo do último ano e meio esteve por várias vezes dentro dos 10/15 primeiros nesta disciplina e nos últimos meses pode ter evoluído ainda mais.
Mattia Cattaneo – Ciclista muito regular que em condições normais vai fazer top 10, aconteceu isso no Tirreno-Adriatico e vai estar motivado para dar um bom resultado ao seu líder que foi para casa mais cedo.
Derek Gee – Queria fazer a transformação para um ciclista de gerais em Grandes Voltas e toda a preparação correu bem, esteve entre os melhores nas provas que fez. Só que não pode perder tempo como perdeu hoje. É alguém que no ano passado mostrou poder estar no top 10 em contra-relógios nas Grandes Voltas.
Luke Plapp – Nunca sabemos muito bem o que esperar do australiano, no Giro 2024 fez top 10 nos 2 contra-relógios da corrida, supostamente este defeso trabalhou mais na montanha, e logo na jornada inaugural perdeu tempo, é uma incógnita.
Thymen Arensman – O holandês devia ser caso de estudo, fez um excelente Paris-Nice quando poucos esperavam, andou muito bem no Tour of The Alps novamente, parecia que tudo estava a correr bem e de repente perde mais de 1:30 na etapa inaugural do Giro. É um bom especialista e vai querer começar a recuperar tempo para alguns dos rivais.
Super-Jokers
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