Está na hora da primeira chegada em alto do Giro! Ao 7º dia de competição teremos o primeiro grande duelo entre os trepadores, quem irá sair por cima? Teremos Primoz Roglic de regresso à liderança?
Percurso
A primeira verdadeira etapa de montanha do Giro inicia-se logo em subida com Roccaraso (7,8 kms a 5,8%), antes de um planalto que leva a uma longa descida até ao sopé do Monte Urbano (4,6 kms a 9,3%), uma subida que chega a ter um quilómetro acima dos 15%. Ultrapassada esta dificuldade, ainda nem metade da etapa está realizada e, rapidamente, se começa a subir Vado della Forcella (21,5 kms a 3,6%). Esta é uma subida feita em vários patamares, com destaque para os últimos 5,7 kms a 5,1%. No topo, ficam a faltar 62 quilómetros.
A partir daqui, tudo estará guardado para a subida final, já que o terreno se torna muito mais acessível. A subida de Marsia tem 11,9 kms a 5,6% mas é muito mais dura do que aparante nestes números. Os primeiros 9,3 kms são a 4,5%, com a dureza a estar compactada nos derradeiros 2600 metros a 9,1%! É nestas rampas que tudo se vai decidir, incluindo penúltimo quilómetro a 10,3% de média.
Táticas
Por norma, as pimeiras chegadas em alto das Grandes Voltas, principalmente no Giro são amigas dos fugitivos. Recuando no tempo, desde 2020 e com exceção do ano passado porque havia Tadej Pogacar na corrida, a primeira etapa de alta montanha da prova italiana terminou com vitória da fuga. Será que amanhã teremos esse cenário? Acredito que sim. Primeiro porque ninguém vai querer queimar a equipa numa primeira chegada em alto sem saber como está e, segundos, depois das muitas quedas de hoje, alguns blocos estão debilitados. O que pode mudar esta análise é o facto de alguns nomes da geral terem caído e poderem passar dificuldades desde cedo.
A Red Bull-BORA perdeu Jai Hindley e Daniel Martinez não parece a 100%, só a UAE Team Emirates poderia pegar na corrida mas ainda tem muitos ciclistas perto na geral e, dificilmente, vai querer queimar opções tão cedo na corrida. Posto isto, a fuga tem grandes hipóteses de vingar e o início complicado são boas notícias para os trepadores que quererão estar na frente. Dou 70% de vitória para a fuga e 30% para os favoritos ao Giro.
Favoritos
A XDS Astana é uma equipa empenhada nas fugas e Wout Poels tem a primeira hipóteses de carimbar a vitória no Giro. O neerlandês chega em grande forma, vem de vencer a Volta a Turquia e quererá aproveitar o momento positivo. Uma das raposas velhas do pelotão, sabe o que tem de fazer para vencer, num final inclinado, mesmo indicado para as suas caraterísticas.
Nicolas Prodhomme vem de vencer uma etapa no Tour of the Alps e aponta a montanha como o objetivo do Giro. Amanhã é um dia fundamental para isso e, estando na frente, não vai querer despediçar a chance de vencer a etapa. Por vezes, ciclistas menos conhecidos conseguem vencer este tipo de etapas, é neste perfil que encaixa o francês da Decathlon AG2R. Trepador competente, se estiver na fuga certa pode conseguir a grande vitória da carreira.
Outsiders
Pello Bilbao veio a pensar em etapas e até já tentou a sua sorte. Finalmente chega a montanha onde o experiente basco pode fazer diferenças, ainda para mais numa subida longa, mesmo à sua medida. Sabe gerir o esforço como poucos, prefere não ir ao choque e, nesta fase da carreira é esencial para não rebentar o motor. A Bahrain-Victorious procura vencer e Bilbao é uma das grandes hipóteses.
Este é um final à imagem de Primoz Roglic. O esloveno pareceu muito forte onte, ainda chegou a testar o pelotão mas decidiu reservar energias para outros momentos. A perda de Hindey é um rude golpe mas Roglic continua a ter um bloco sólido em seu torno e, numa subida final que não é complicada até aos derradeiros quilómetros, não deverá ser problema. Roglic e a Red Bull-BORA não querem ficar com a camisola rosa, mas se a oportunidade surgir não vão desperdiçar.
Se há alguém que pode surpreender é Michael Storer. O australiano chegou a voar e, dentro dos possíveis, tem sido uma bela surpresa nestes dias, sempre bem colocado e com bons resultados em etapas explosivas. Storer tem de aproveitar o momento e os seus rivais sabendo das dificuldades no contra-relógio podem dar alguma liberdade que será aproveitada para atacar de longe.
Possíveis surpresas
Koen Bouwman – antigo vencedor de etapa no Giro, o neerlandês está numa equipa que procura vitórias parciais. Chegou em crescendo de forma, esta é uma boa etapa para si.
Filippo Zana – colega de Bouwman e, também, antigo vencedor de etapa. Numa Jayco AlUla onde os ciclistas têm liebrdade para estar na fuga, não seria de estranhar ver várias opções na frente.
Marco Frigo – ciclista muito combativo que, finalmente, já venceu como profissional. Se tiver que atacar de (muito) longe vai fazê-lo e é alguém capaz de andar diversos quilómetros em solitário.
Jefferson Alexander Cepeda – capaz de grandes e péssimas exibições. O equatoriano não é um ciclista regular mas se estiver num dia sim pode ser um quebra-cabeças para os seus rivais.
Marco Brenner – jovem alemão com muita qualidade. A espaços tem realizado excelentes exibições na montanha. Longe de ser um puro trepador mas adapta-se bem a estas chegadas mais explosivas.
Brandon Rivera – a INEOS tem sido uma das equipas mais ofensivas do Giro, seria de estranhar não colocar ninguém na fuga. O colombiano é a melhor opção, corredor que sobe bem e com boa ponta final.
Lorenzo Fortunato – não fosse a queda de hoje e seria com maior certeza uma das garantias de estar na fuga, hoje mostrou muita ambição. Pareceu um pouco mal tratado por isso será uma terafa mais complicada.
Juan Ayuso – o espanhol tem estado discreto, caiu no 1º dia e a partir daí pouco se tem visto. Primeiro teste real à sua condição, um ciclista explosivo que gosta deste tipo de finais.
Adam Yates e Isaac del Toro – não deverão ser sacrificados dentro da UAE, são opções a jogar mais tarde e, quem sabe, na etapa de amanhã. Não têm receio de atacar de longe.
Tom Pidcock – enquanto estiver perto na geral não vai abandonar a luta. O britânico tem uma subida final à sua imagem, um corredor explosivo e dos poucos que pode fazer frente a Roglic.
Giulio Ciccone – a correr em Itália, o ciclista da Lidl-Trek dará tudo o que tem. Chega em boa forma e já mostrou bons apontamentos nos primeiros dias de competição.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Mathias Vacek e Paul Double.