Segue-se mais uma jornada de média montanha no Tour, desta vez com um duro final no Mur de Bretagne. Será que vamos ter outra fuga a resultar ou os favoritos a discutir a vitória? E Mathieu van der Poel, mantém a liderança?

 

Percurso

Continuamos com as colinas, desta vez com uma jornada aparentemente mais acessível, mas com um final mais duro. Ao todo há 2400 metros de acumulado, bem menos do que hoje em mais uma longa ligação de quase 200 quilómetros. Há 3 contagens de montanha e estão todas nos 20 kms finais, uma 4ª categoria não muito dura seguida por uma dupla passagem pelo Mur de Bretagne, uma subida que tem 2 kms a 6,9% bem enganadores, já que os primeiros 800 metros são sempre acima dos 9% e com rampas a rondar os 15%, enquanto a parte final é bem mais suave.



 

Tácticas

Vejo este perfil e as circunstâncias de corrida e só consigo pensar em mais uma fuga a vingar. Ora vejamos, a Alpecin não vai controlar o dia todo para Mathieu van der Poel, o neerlandês terminou completamente vazio e corre o risco de ser batido num final destes, pode dar-se o caso da equipa trabalhar para van der Poel perder a amarela. Já a UAE não ia estar a trabalhar para eventualmente Pogacar ganhar 4 ou 6 segundos a Vingegaard nas bonificações e recuperar a amarela depois de hoje a terem perdido propositadamente. Todas as outras equipas podem pensar que têm mais hipóteses através da fuga do que estar a trabalhar para depois serem batidas por Pogacar, estou a pensar na Picnic para Onley ou na Groupama para Gregoire, até na Tudor para Alaphilippe. Acho que vamos ter mais um “breakaway bingo”, desta vez com um grupo maior, com ciclistas longe na geral e um grupo com menos trepadores e mais roladores do que hoje porque a parte inicial é mais acessível.

 

Favoritos

Romain Gregoire – Um nome que até pode ser consensual vendo o perfil desta etapa, o francês especialista em clássicas das Ardenas tem estado em bom plano neste Tour nestas chegadas mais explosivas e é a grande esperança da Groupama-FDJ. No entanto precisa de muita ajuda para entrar na fuga e de 1 ou 2 colegas com ele porque vai ser dos ciclistas mais marcados.

Simone Velasco – Está a fazer uma excelente temporada, consistentemente entre os melhores na média montanha foi inclusivamente 4º na Liege-Bastogne-Liege numa Astana que continua a surpreender. O italiano adapta-se perfeitamente a este terreno e já fez top 10 numa etapa nem dura, quando venceu Mathieu van der Poel, parece ter boas pernas.

 

Outsiders

Magnus Cort – Nunca está numa Grande Volta por acaso, o norueguês está completamente afundado na classificação geral, já perdeu quase 1 hora, o que significa que também poupou muita energia. Um mestre da táctica e da perseverança, esta orografia está ao seu alcance e pode dar uma das maiores vitórias de sempre a esta estrutura da Uno-X.



Axel Laurance – As coisas não estão nada fáceis para a Ineos e não estou a ver Rodriguez, Thomas e Arensman com grande capacidade na montanha, portanto é normal que a equipa britânica aposte tudo neste tipo de etapas. Laurance já foi campeão do Mundo sub-23 num terreno semelhante e já mostrou ambição neste Tour, tem de chegar com condições de brilhar no Mur de Bretagne.

Neilson Powless – Hoje foi dia do seu colega Ben Healy, o que também certamente aliviou a pressão nas hostes da EF, o principal objectivo do Tour já está cumprido. Powless é um especialista em clássicas deste género que teve uma jornada bem mais calma. Normalmente tem facilidade de entrar em fugas no terreno plano.

 

Possíveis surpresas

Alexandre Delettre – O Tour por vezes tem destas surpresas agradáveis, o gaulês vai tentar replicar o que o seu compatriota Turgis fez em 2024. Está em boa forma, vem de fazer 4º nos Nacionais e esteve no grupo da frente na 2ª etapa, tem sido dos melhores da TotalEnergies este ano.

Alex Aranburu – Depois da incrível Volta ao País Basco eclipsou-se um pouco, hoje perdeu algum tempo o que também lhe pode dar mais liberdade e mais energia para tentar uma fuga. Sabe que na alta montanha depois não tem grandes hipóteses.

Matej Mohoric – Há poucos ciclistas neste pelotão com um currículo tão vasto como o esloveno neste tipo de etapas e vai querer salvar uma temporada que tem sido para esquecer. Hoje antes da tirada mostrou ambição, o início foi duro demais para ele, veremos amanhã.

Alexey Lutsenko – Já esteve ao ataque ou no grupo da frente em jornadas anteriores, quase que nos esquecemos que o cazaque já ganhou provas importantes e é reforço da Israel para este ano. Terá liberdade total.

Thibau Nys – Sofreu uma queda nos primeiros dias, veremos se já está recuperado, é que a Lidl-Trek trouxe-o ao Tour precisamente a pensar nestas jornadas de média montanha. Pode ser uma das últimas chances deste grande talento.

Marc Hirschi – Apesar de ter dado pouco nas vistas considero o suíço um perigo maior do que Julian Alaphilippe porque o francês dá demasiado nas vistas e numa fuga deste género vai ser muito marcado. Hirschi já andou bem colocado em certas subidas e tem um currículo invejável nas Ardenas.



Tadej Pogacar – Caso chegue um pelotão compacto é indubitavelmente o maior candidato.

Jenno Berckmoes – Já se viu que Arnaud de Lie não está com grande condição física, a equipa não tem grandes trepadores, portanto vai apostar tudo em Berckmoes amanhã.

Mauro Schmid – Outro corredor muito forte neste tipo de terreno e que hoje esteve muito activo na fase inicial da etapa, depois falhou o movimento decisivo, quebrou e poupou forças para tentar novamente amanhã.

Louis Barré – Impressionante no Dauphiné, chegou ao Tour aparentemente em grande forma e tem estado ao serviço de Biniam Girmay. Talvez amanhã tenha liberdade para procurar algo mais, o final é duro demais para o eritreu.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Toms Skujins e Julian Alaphilippe.

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