Depois de mais uma jornada de loucos os sprinters finalmente devem ter mais uma oportunidade de brilhar, será que vamos ter um vencedor diferente?
Percurso
Apenas 171 quilómetros e uma jornada aparentemente bastante acessível, com algumas pequenas colinas e somente 1 contagem de montanha de 4ª categoria, não há muito a dizer senão analisar o final da etapa. Para os comboios o mais importante está entre os 5 e os 3 kms para a meta, com estreitamento de estrada e uma curva de quase 180 graus que leva os ciclistas a uma ponte e a 2 rotundas que só podem ser transpostas pela direita. A recta da meta, se assim se pode chamar porque é em ligeira curva tem 1500 metros e tem 6,5 metros de largura, a estrada não é muito largo. O penúltimo quilómetro tem 2,2% e o último 2,4%, vai ser uma longa luta num falso plano.
Tácticas
Este Tour não tem assim tantas chegadas ao sprint e esta oportunidade não pode ser desperdiçada por parte, especialmente, de Lidl-Trek e Intermarche-Wanty, 2 equipas que têm 2 sprinters de topos e ainda não venceram aqui. Obviamente a Soudal-Quick Step também está interessada, mas com Remco Evenepoel não tem tido ciclistas para trabalhar nestas etapas.
Favoritos
Jonathan Milan – Perdeu por muito pouco no último duelo com Tim Merlier e está com sede de vingança, a Lidl-Trek fez uma grande aposta no italiano para ganhar etapas no Tour ao trazer um comboio de luxo com Stuyven, Theuns e Consonni, sacrificando outros nomes para a montanha. Milan sente o peso da responsabilidade e é alguém que por vezes corre com essa raiva e motivação, julgo que ter este comboio lhe dá uma grande vantagem competitiva.
Tim Merlier – Já se viu que está em grande forma e já se viu que na Soudal-Quick Step só mesmo Bert van Lerberghe está aqui dedicado à sua causa, ainda para mais com o abandono de Mattia Cattaneo será menos um corredor para proteger Remco Evenepoel. Merlier terá de ser cirúrgico, usar o seu lançador para ficar numa boa posição e a partir daí lutar para a manter, se calhar dar tudo pela roda de Jonathan Milan.
Outsiders
Biniam Girmay – Se Girmay quiser ter hipóteses num mano a mano com Merlier e Milan tem de ser nestas circunstâncias, nunca pode ser num sprint a alta velocidade. Creio que a Intermarche sente que tem uma chance muito grande, depois só eventualmente a etapa 17 ou o final em Paris para Girmay tem algum tipo de vantagem perante os rivais.
Kaden Groves – Principal lançador de Jasper Philipsen, estava nesse lugar não obstante ter ganho etapas na Vuelta e no Giro, Groves seria sprinter principal na maioria das equipas do Mundo, só não na Alpecin e no Tour. Agora sem Philipsen tem uma oportunidade de ouro e nada melhor de que num sprint em ligeira subida e com o luxo de ter Mathieu van der Poel a, possivelmente, lançá-lo, tudo depende de como o holandês encarar a possibilidade de lutar pela camisola verde.
Jordi Meeus – Como vimos no final do Tour 2024 tem o potencial e a capacidade física para ganhar etapas no Tour, especialmente quando o sprint não é linear, tem vantagem quando é em paralelos ou em ligeira subida. Tem um grande trunfo na manga chamado Danny van Poppel, se as coisas encaixarem pode vir daqui um grande resultado.
Possíveis surpresas
Soren Waerenksjold – 3º em Lille, 4º em Dunkerque, o talentoso norueguês é um portento físico que está a evoluir no sprint. Com Hoelgaard, Cort e Fredheim tem garantido um excelente comboio e é alguém que passa bem as colinas, não é mau em sprint em subida.
Phil Bauhaus – Dos sprinters mais consistentes do panorama internacional, principalmente se pensarmos que muitas vezes na Bahrain não tem o comboio que merecia, Bauhaus safa-se bem sozinho, mas há ocasiões em que dava jeito mais protecção. Nos últimos 3 anos tem apenas 5 vitórias, mas diversos pódios, 4 desses 5 triunfos são no World Tour.
Bryan Coquard – Um sprint em subida é a praia do francês que sabe não ter poderio físico para aguentar um sprint a alta velocidade, vai precisar que Damien Touzé faça um grande trabalho na aproximação à meta.
Pascal Ackermann – Não me parece que esteja em grande forma, foi 8º em Dunkerque, sobreviveu às bordures no primeiro dia para fazer somente 19º num grupo reduzido, veremos se até não cede ocasionalmente o lugar de sprinter na Israel para Jake Stewart, que parece muito mais confiante.
Alberto Dainese – Apesar de ainda não ter ganho em 2025 considero o italiano um ciclista perigoso, estamos a falar de alguém que já venceu no Giro e na Vuelta de forma surpreendente e mesmo no Tour já tem pódios em etapa, é daqueles corredores que por vezes basta dar o clique.
Dylan Groenewegen – Parece completamente fora da melhor forma, não esteve competitivo durante o ano no World Tour e nesta Volta a França ficou nas bordures no primeiro dia e fez somente 13º na segunda chance, prefere os sprints planos ainda por cima.
Wout van Aert – Depois de 7 dias bem duros e rápidos o belga da Visma já estará melhor fisicamente e em princípio pode ter carta verde para fazer o sprint. Nota-se ainda algum medo de estar envolvido na confusão e isso num sprint final pode passar factura.
Stian Fredheim – A fazer de longe a sua melhor temporada aos 22 anos teve o prémio de vir ao Tour e acho que terá pelo menos uma oportunidade para ser o protegido da Uno-x, esse dia pode ser amanhã, este ano já fez bons sprints em subida.
Anthony Turgis – Está discretamente na luta pela classificação por pontos, dentro do top 10, e sem Emilien Jeanniere na TotalEnergies terá mais protecção por parte dos seus companheiros, tem tudo para ser mais competitivo num sprint destes do que num sprint plano.
Paul Penhoet – Tem um comboio bastante decente, uma equipa que está aqui somente pela hipótese de ganhar etapas. Ficou envolvido na queda do outro dia, o seu estado físico é uma incógnita.
Pavel Bittner – O checo de 22 anos foi 5º em Dunkerque e pode ter aqui outra oportunidade de brilhar. Na teoria com o avançar do Tour irá ser menos competitivo porque tem tendência a acusar mais o cansaço pela recuperação entre esforços.
Tobias Lund Andersen – A DSM disse no início do Tour que Bittner iria fazer os sprints mais acessíveis e o dinamarquês os sprints mais duros, veremos em que categoria se encaixa este sprint em ligeira subida.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Marius Mayrhofer e Mathieu van der Poel