O pelotão internacional está de regresso à Figueira da Foz para mais uma edição da clássica portuguesa! Num percurso bastante duro, teremos um português a suceder a Remco Evenepoel?

Percurso

Este traçado que abre as portas de sucesso a vários ciclistas tem sido um sucesso, portanto a receita mantém-se face às outras edições, 3 passagens no duro circuito nos arredores da Figueira da Foz, com a subida do Parque Florestal (2,3 kms a 7,8%) e a dura rampa de Enforca Cães (0,8 kms a 7,3%). Depois a aproximação à meta é muito rápida, do topo de Enforca Cães até à meta sobram apenas 5,7 kms.

 

Tácticas

Já deu para detectar um padrão nesta clássica, a menos que haja alguém claramente acima do nível dos restantes como aconteceu em 2024 com Remco Evenepoel, este é um percurso que favorece os reagrupamentos e os sprints em grupo reduzido caso haja alguma força colectiva. Ora vejamos: em 2023 um grupo de 10 elementos disputou o triunfo, em 2024 cerca de 20 corredores sprintaram pelo 2º lugar. Isto porque a subida do Parque Florestal, aquela que realmente faz mais diferenças, está a cerca de 20 quilómetros da meta e em Enforca Cães não se ganham muitos segundos.



Há algumas formações interessadas num sprint, a maior delas todas a Intermarche-Wanty com Biniam Girmay e Vito Braet, 2º no ano passado, no entanto não têm equipa para controlar a corrida, depois temos a Quick-Step com Paul Magnier, apesar do francês ser um trepador razoável talvez tenha algumas dificuldades em passar 3 vezes o Parque Florestal com os melhores. A EF é a equipa que mais opções tem no geral, será das mais interessadas em partir a corrida desde cedo e a maior responsabilidade será da UAE visto que vem com João Almeida, António Morgado, Felix Grossschartner e Jan Christen, a grande questão é que os outros 3 gregários são débeis da montanha ou muito jovens, quem vai perseguir depois de Johansen, Sambinello e Fabries?

 

Favoritos

António Morgado – Começou a temporada a todo o gás em Maiorca e parece num grande momento de forma e confiança. Este é um traçado que o ciclista português conhece bem e onde já se destacou em 2024, sabe onde é preciso atacar para fazer a diferença. É alguém que num sprint reduzido também dá algumas garantias, poderemos ver pela primeira vez um português a ganhar na Figueira.

Julian Alaphilippe – O francês não foi contratado pela Tudor para gozar a reforma e o próprio quer tentar voltar às vitórias e aos pódios que nos habituou. Um bocadinho na mesma onda de António Morgado, dificilmente poderiam desenhar um percurso melhor para ele, subidas abaixo dos 10 minutos, esforços explosivos, é alguém que desce bem e sprinta bem em grupos de 5/10.

 

Outsiders

Jan Christen – Acredito que dos potenciais candidatos será um dos primeiros a atacar talvez para abrir as hostilidades e forçar os rivais de Morgado a desgastarem-se. Para além disso, o suíço tem uma mentalidade muito ofensiva. Nestes casos, não seria a primeira vez que víamos um ataque de longe a resultar.

Neilson Powless – Acabou 2024 a um bom nível e é um ciclista que costuma demonstrar capacidade nas clássicas, ele gosta de percursos como San Sebastian, provas longas e duras, por isso poderá estar em bom plano amanhã, também tem uma boa ponta final.



Mathias Vacek – 2024 foi a temporada de afirmação, mesmo muitas vezes ajudando os companheiros como Thibau Nys, por exemplo. A Vuelta mostrou que é um corredor muito completo, bom rolador, passa bem as colinas e com um sprint respeitável. Acho que a subida do Parque Florestal é no limite para ele, mas parece num bom momento e a Lidl-Trek até tem um coletivo forte.

 

Possíveis surpresas

João Almeida – Para mim seria uma surpresa vê-lo ganhar aqui, o foco está mais na Volta ao Algarve. Creio que vai estar ao serviço de António Morgado para depois na “Algarvia” os papéis se inverterem.

Vito Braet – Dos poucos sprinters que podem passar estas dificuldades sem perder muito tempo para os melhores, fez 2º no ano passado. Desta vez vejo a Intermarche-Wanty com um colectivo mais débil, vai ser mais complicado fechar espaços.

Paul Magnier – Poderá vir a ser a grande surpresa da prova, continuo a achar que 3 passagens pelo Parque Florestal são demais para o sprinter da Quick-Step que claramente trabalhou muito bem no Inverno como se pôde ver em Besseges. Não o estou a ver num grupo de 10/15 elementos.

Rui Costa – Sempre um nome a ter em conta para um bom resultado, creio que a natureza explosiva do traçado já não lhe assenta tão bem como no passado e para se isolar precisa de estar a 100% e de uma táctica irrepreensível.

Ilan van Wilder – Está a preparar a Volta ao Algarve , portanto deve já estar numa boa condição física. Tenho a expectativa de ver o belga entre os melhores quando o terreno inclinar e depois não tem um sprint assim tão mau, é um sólido candidato ao pódio.

Romain Bardet – Sempre irreverente, gosta de atacar em todas as corridas e acredito que manterá esse espírito ofensivo até porque num grupo reduzido não tem hipótese de sucesso.

Ruben Guerreiro – Já ganhou ritmo no Tour of Oman onde uma queda lhe prejudicou o resultado final e mesmo assim fez 11º, agora já deve estar com menos dores e mais recuperado, é um sólido candidato a top 10.



Natnael Tesfatsion – Boa aposta da Movistar, é um ciclista que neste tipo de clássicas tem potencial para dar muitos pontos à equipa espanhola e num grupo de 10/15 elementos que chegue junto à meta pode muito bem ganhar passando pelos pingos da chuva.

Ion Izagirre – Infelizmente o espanhol já parece bem longe dos melhores momentos, porque na sua melhor versão era um traçado perfeito para as suas características.

Quentin Hermans – Esteve presente nas últimas 2 edições, por 2 vezes fez top 20, tem a vantagem de conhecer muito bem a prova, de ser líder da equipa e de num sprint final ser sempre candidato a um bom lugar.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Florian Stork e Urko Berrade

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