Está na hora do último Monumento da temporada! A “Clássica das Folhas Mortas” marca a última grande batalha entre os grandes ciclistas do pelotão internacional. Teremos alguém a intrometer-se entre Pogacar, Roglic e Evenepoel?

 

Percurso

A organização decidiu voltar a trocar a ordem e fazer Como – Bergamo, repetindo a receita de 2021 e que tanto espetáculo deu. Praticamente 240 quilómetros de muita dureza, com um total de 7 subidas categorizadas e mais de 4600 metros de desnível acumulado positivo. Uma subida já habitual desde percurso é a Madonna del Ghisallo (8,8 kms a 3,9%), aparece logo ao quilómetro 30. Seguem-se os 50 quilómetros mais fáceis desta prova, até se chegar a Roncola Alta (9,4 kms a 6,7%), uma subida muito regular onde os primeiros 6000 metros são a 8,5%.



Logo de seguida, após uma curta descida surge Berbenno (6,9 kms a 5%) e, 20 quilómetros depois, aparece a sucessão de subidas mais temida da competição italiana. Falamos de Dossena (11,1 kms a 6,1%) e Zambla Alta (9,8 kms a 3,3% mas com os últimos 2,6 kms a 6,9%). No topo desta subida ainda ficam a faltar 64 quilómetros no entanto acreditamos numa corrida já muito endurecida. Muito rapidamente os ciclistas fazem 20 quilómetros, praticamente sempre em descida, até ao sopé do Passo di Ganda (9,3 kms a 7,1%). Esta é uma subida muito dura, onde os últimos 3 quilómetros inclinam a 8,7%!

Segue-se mais uma descida muito rápida e 11 quilómetros de plano, até à ascensão final. Estaremos a 3400 metros da chegada quando aparecer o Colle Aperto (1300 metros a 7,2%, com o seu miolo a 9,4%). A partir daqui é em descida até à meta em Bergamo.

 

Táticas

As clássicas italianas não têm desiludido e esperamos mais do mesmo amanhã. Os ataques têm surgido muito cedo, os protagonistas são os mesmos, o espetáculo estará garantido. Não seria de estranhar vermos movimentos logo no Passo della Crocetta, tentando, desde logo, começar a fracionar o grupo dos favoritos, no entanto acreditamos que a ação principal estará guardada para o Passo di Ganda.

A UAE Team Emirates tem o bloco mais forte, ninguém tem dúvidas disso. Davide Formolo, Diego Ulissi e Rafal Majka são poços de experiência, sabem como controlar a corrida até à parte final. Marc Hirschi está a voar, veremos qual será o papel de Adam Yates. Será apenas um gregário ou terá alguma proteção? Nas últimas corridas foi apenas um gregário e a estratégia não funcionou, quando Tadej Pogacar atacou todos responder e rapidamente ficou sem ninguém para o ajudar.

Primoz Roglic tem um bloco sólido, Tiesj Benoot, Wilco Kelderman e Attila Valter serão os principais apoios. Remco Evenepoel tem que confiar em Mattia Cattaneo e Ilan van Wilder, os seus fiéis escudeiros que chegam em boa forma. As restantes equipas correm um pouco por fora, têm que antecipar os movimentos pois se um destes três ciclistas referidos ataca, dificilmente teremos um cenário de corrida sem ser com eles na frente.

 

Favoritos

Tadej Pogacar tem duas participações nesta prova e em ambas venceu. O esloveno volta a ter na Lombardia o objetivo de final de temporada e, tal como nos últimos anos, aproveitou as semi-clássicas para aprimorar a forma física. Terá um grande bloco no seu apoio, têm é que jogar de forma diferente. Pogacar vai atacar, veremos quem o consegue seguir. Num grupo restrito, num sprint plano será difícil de superar.



Desde a Vuelta que Remco Evenepoel não coloca um dorsal, no entanto desenganem-se que não esteja preparado. Se o belga está presente é porque acredita que pode ganhar, ainda para mais uma corrida onde tem contas a ajustar. O campeão belga é um dos melhores ciclistas de provas de um dia do Mundo e este percurso é perfeito para si. Tem melhorado, e muito, o seu sprint.

 

Outsiders

Primoz Roglic quererá despedir-se da melhor maneira possível da Jumbo-Visma, a equipa que lhe deu tudo. Temos visto um esloveno muito focado, sempre à procura dos melhores resultados, o que demonstra um enorme profissionalismo. Roglic nunca venceu esta corrida, apesar de já ter estado perto. A vitória em Emilia veio dar um enorme boost de confiança.

Se há ciclista que pode antecipar as movimentações dos grandes candidatos é Richard Carapaz. O campeão olímpico é daqueles ciclistas que não tem medo de atacar e prefere ceder depois de tentar do que não o fazer. Tem estado em crescendo nas clássicas italianas, sinal que apurou a forma física na perfeição.



Adam Yates pode ser o joker da corrida. Se tiver alguma proteção e não tiver que se desgastar totalmente para Pogacar, o britânico pode conseguir uma grande vitória. Está muito forte, o que fez em Emilia foi fabuloso, basta entrar numa movimentação importante, com os favoritos a ficarem a entreolhar-se. Num grupo restrito é rápido, joga a seu favor.

 

Possíveis surpresas

Enric Mas também está em crescendo de forma, novamente a apontar à Lombardia. Apesar de o vermos a seguir os melhores, é mais complicado vê-lo a triunfar pois não tem ponta final e é quase impossível chegar isolado. Aleksandr Vlasov também não tem medo de atacar de longe e tem uma boa ponta final. Este é o tipo de provas onde se dá bem e, com a chegada de Roglic, tem que mostrar serviço para se manter alto na hierarquia. Simon Yates é capaz do melhor e do pior, o problema é não sabermos que versão do britânico esperar. Estando bem, Yates é um perigo à solta, se se apanha na frente é complicado de superar. Se há clássica que Carlos Rodriguez pode ganhar é esta, o espanhol tem muita montanha e gosta de correr na antecipação, tentando surpreender os grandes favoritos. Pavel Sivakov apresentou-se muito bem no mês de setembro mas desiludiu em Emilia. Michael Woods, Ilan van Wilder e Ben O’Connor estiveram bem nas provas de aproximação, são nomes a ter em atenção para o top-10, só que pensar em algo mais já é complicado. Tem qualidade só que em luta direta com os grandes candidatos ficam em inferioridade. Por fim, olho em Mikel Landa, Santiago Buitrago e Jai Hindley.

 

Super-jokres

Os nossos super-jokers são Filippo Zana e Warren Barguil.



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