O 4º Monumento da temporada é já amanhã! A “Decana das Clássicas” fecha as clássicas do mês de Abril e uma das fases mais emocionantes da temporada. Será Tadej Pogacar capaz de vencer mais um Monumento?

 

Percurso

O último Monumento da primeira terá um total de 254 quilómetros, uma longa maratona que começa e termina na cidade de Liège. Os primeiros 100 quilómetros são os mais acessíveis, o pelotão viaja até Bastogne e, quando começa a regressar a Liège as dificuldades começam a surgir com maior regularidade. A verdadeira dureza começa com o Cote de Mont-le-Soie (1,8 kms a 6,5%), a cerca de 100 kms do fim, seguindo-se, num espaço de 25 quilómetros, o Cote de Wanne (2,8 kms a 4,6%), o Cote de Stockeu (1300 metros a 10,4%), o Col de la Haute-Levée (3 kms a 6,3%) e o Col du Rosier (4,5 kms a 5,7%).



Para os derradeiros 50 quilómetros ficam a faltar 5 subidas, as mais duras e onde tudo se deve decidir. O Côte de Desnié (1,6 kms a 7,3%) abre as hostilidades da parte final e, logo de seguida, há o famoso Cote de la Redoute (1600 metros a 8,8%), uma colina de 1600 metros a 4,2% em Cornemont e o Cote des Forges (1300 metros a 7,7%). A entrada nos últimos 15 quilómetros faz-se com o Cote de la Roche-aux-Faucons (1300 metros a 10%) e, para terminar, existem 2100 metros a 4,5%, ficando a cerca de 10 quilómetros para a chegada. Segue-se uma longa descida até aos derradeiros 2 quilómetros totalmente planos A última curva fica a 600 metros da chegada antes de uma reta da meta em ligeira curva para a esquerda.

 

Táticas

Das 3 clássicas das Ardenas a Liège-Bastogne-Liège é a mais importante, a mais dura, e a que oferece oportunidades a mais estilos de ciclistas. É onde os especialistas em clássicas lutam contra os voltistas, que tentam aproveitar as subidas ligeiramente mais longas e inclinadas para fazer diferenças. As presenças de Tadej Pogacar e Remco Evenepoel tornam a corrida muito mais controlada, a presença dos aliens faz com que os restantes ciclistas corram de forma diferente. Até podem tentar antecipar mas tanto a UAE Team Emirates como a Soudal QuickStep tem blocos fortes para anular as fugas, como se viu nas recentes clássicas das Ardenas.

Na quarta-feira vimos um Pogacar mais conservador, acredito que amanhã será igual, terá de gerir melhor as suas forças, caso contrário pode ter o mesmo desfecho da Amstel Gold Race. Muito provavelmente, a corrida vai-se partir no Cote de la Redoute com o inevitável ataque de Pogacar, tudo vai depender se Evenepoel vai conseguir seguir o campeão do Mundo. Se o conseguir, podemos ter os dois campeoníssimos a seguir juntos, caso contrário, o belga irá aliar-se com os seus rivais como fez na Amstel e tentar chegar à frente e como já o conseguiu uma vez a moral estará em alta para o repetir. Com um Pogacar mais calculista, o cenário mais plausível é o primeiro e, quem sabe, se não se irá guardar para o Cote de la Roche-aux-Faucons, apesar de ficar mais perto da chegada e ser mais plausível de acontecerem surpresas.

 

Favoritos

Tadej Pogacar – Certamente deixou uma impressão muito melhor na Fleche Wallonne, o seu ataque foi destruidor e isso dá-lhe outra confiança para enfrentar um Monumento, que é o grande objectivo desta semana. Notou-se que o esloveno fez uma corrida nos seus termos, o trabalho da UAE foi impecável e não foi tanto no improviso, mas sim no plano. Com o desgaste a acumular e a concorrência a apertar creio que Pogacar terá de adoptar mais esta estratégia de confiar na equipa dentro do possível.

Remco Evenepoel – Ficou desapontado com o desfecho da Amstel Gold Race e a Fleche Wallonne não é uma corrida para as suas características, aqui o pódio está claramente ao alcance, é uma prova com subidas mais longas, onde a força global do motor importa muito mais, já ganhou a Liège-Bastogne-Liège por 2 vezes. Aqui está o grande problema, nessas 2 edições correu quase como quis, atacou onde tinha estipulado, duvido que isso aconteça aqui e sabe que tem de ter cuidado a responder à aceleração de Pogacar.



Outsiders

Mattias Skjelmose – Vencedor surpreendente da Amstel Gold Race, mostrou uma condição física e uma capacidade de jogar quase de igual para igual com Pogacar e Evenepoel como ainda nunca tínhamos visto. Caiu na Fleche Wallonne, mas aparentemente não é nada de grave e está aqui pronto para mostrar que não foi um acaso. Quando tentou seguir directamente Pogacar partiu o motor, a estratégia poderá passar por marcar e ajudar Remco.

Ben Healy – O irlandês está em excelente forma e das 3 corridas desta semana esta é claramente aquela que melhor lhe assenta. Vitória de etapa na Volta ao País Basco, 10º na Amstel e 5º na Fleche, já fez pódio aqui. Se quer ganhar tem de arriscar e a única opção é tentar antecipar, com a ajuda de Powless, o momento do ataque de Pogacar, mas isso pode custar-lhe o pódio.

Tom Pidcock – Muito mais conservador na sua abordagem este ano, a saída da Ineos e entrada na Q36.5 alterou o paradigma do britânico. Foi 2º em 2023 e no papel tem um bom perfil para esta corrida, está entre os puncheurs e os trepadores e conhece bem o terreno, mas não vejo muito bem como pode ganhar isto.

 

Possíveis surpresas

Romain Bardet – Ciclista dos grandes momentos, é a última vez que está a competir nesta emblemática prova e vai querer dar nas vistas, pode muito bem ser o primeiro dos nomes conhecidos a atacar. Foi ganhar ritmo ao Tour of the Alps, de recordar que foi 2º apenas atrás de Pogacar em 2024.

Romain Gregoire – Considero que esta corrida está no limite para as suas características, no entanto está em boa forma depois de ser 7º na Amstel e 7º na Fleche. Saiu certamente moralizado destas 2 provas e apesar da tenra idade já deu para ver que gosta de corridas longas.

Giulio Ciccone – Ainda não está no topo da sua condição física em montanhas longas, mas o italiano não perde a sua capacidade de explosão, que o fez ganhar 1 etapa no Tour of the Alps. Com a queda de Skjelmose e a falta de afirmação ainda nestas provas de Thibau Nys pode ter a sua oportunidade.

Kevin Vauquelin – Não estava nada à espera da grande exibição na Fleche Wallonne, onde foi o primeiro dos comuns mortais. Na única participação aqui não terminou a prova, não há grandes referências, no entanto partindo do princípio que se adapta bem até a subidas mais longas pode fazer um bom resultado.

Tiesj Benoot – O senhor consistência está aqui a suprimir uma lacuna da Visma, a falta de um líder claro para estas provas, que em Fevereiro ainda se pensava poder ser Ben Tulett. Gosta de partir da frente, não é o ciclista mais explosivo e se quiser fazer pódio creio que vai ter mesmo de arriscar.

Guillaume Martin – Um forte candidato ao top 10, alguém que está num grande momento de forma, pelas 2 vitórias em semi-clássicas francesas, alguém que sai beneficiado por esta clássica ser a mais dura das 3 e que conhece muito bem o terreno. Vai para a 10ª participação, já foi 6º em 2023.



Mauro Schmid – Um corredor enigmático e que sempre demonstrou muita coragem e potencial. Apesar de nunca ter chegado ao fim desta prova tem possibilidades de fazer um bom resultado, especialmente se estiver mau tempo. Não é propriamente um trepador e mesmo assim fez 10º na Fleche.

Quinten Hermans – A melhor e única carta que a Alpecin tem para este tipo de provas neste momento. 2º em 2022 até deixou boa impressão na Brabantse e na Amstel.

Aurelien Paret-Peintre – A equipa está globalmente a viver um bom momento e tem no francês o seu líder para esta prova, ele que até surpreendeu ao fechar o Tour de Flandres no top 20 sendo um trepador. 5º em 2024 pode vir a ser uma das grandes surpresas desta corrida.

Louis Barré – Quem sabe não repete o top 10 da Amstel Gold Race, a natureza dura e rápida da prova holandesa assentou-lhe bem e tem tudo para melhorar o 24º posto da Fleche.

Enric Mas – Este é o Monumento mais virado para voltistas e o espanhol estava em bom momento de forma como se viu na Volta ao País Basco, depois foi outro dos abandonos de uma conturbada Fleche Wallonne. Não tem um grande histórico aqui, no entanto já foi 12º em 2022 e costuma andar bem na Lombardia.

Santiago Buitrago – Parece uma sombra do que foi há muitos meses, algo de errado se passa ou passou com o colombiano. Merece menção honrosa porque foi 6º na Fleche Wallonne e 3º na Liege em 2023, dá a ideia de estar a recuperar algumas sensações.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Joe Blackmore e Lennert van Eetvelt.



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