Começa amanhã mais um capítulo da temporada do ciclismo estrada 2024, o início das provas por etapas na Europa, com a Volta à Comunidade Valenciana.

Percurso

Etapa 1

Esta corrida não é conhecida por ser muito amiga dos sprinters e prova disso é logo a primeira etapa, considerada de média montanha. A principal dificuldade está localizada a 17 kms do final, antes há algumas colinas bem explosivas junto ao sprint intermédio. Essa subida tem então 7700 metros a 5,1%, com 2 quilómetros a rondar os 8%. Alguns sprinters têm a esperança de passar junto com os melhores, ou pelo menos minimizar perdas para ainda conseguir colar à frente.

Etapa 2

Um perfil quase tirado a papel químico do dia anterior, com a diferença que a dureza não é tanta, a última contagem de montanha tem o topo já dentro dos 10 kms finais, mas não é tão dura, com 5 kms a 4%. A menos que haja um ritmo diabólico e falta de organização não estou a ver que haja grandes intervalos de tempo.

Etapa 3

Mais uma jornada a rondar os 160 kms e creio que esta é a grande chance para os homens rápidos, a principal montanha está ainda na primeira metade do traçado e não estou a ver equipas interessadas em partir o grupo aí, o final em Orihuela é completamente plano.

Etapa 4

3500 metros de acumulado nesta fase da temporada vai fazer mossa no pelotão. É uma tirada diabólica, com sobe e desce constante e a 16 kms da meta surge o grande monstro desta prova, o Alto del Miserat. Com 5,7 kms a 9,3% promete levar alguns ciclistas à miséria e a penar nas duras rampas, que nos 1000 metros finais são de 13%. Seguem-se alguns pequenos topos, uma parte muito rápida e a entrada na rampa final com 1900 metros a 7,4%.




Etapa 5

Esta última etapa promete, nesta altura já deve haver grandes diferenças na classificação geral e muitos ciclistas sem nada a perder e já com algum ritmo competitivo nas pernas. São menos de 100 kms, à boa moda dos sub-23, mas com 5 kms a 9,3% a meio, é quase tão duro como a subida do dia anterior. É exactamente a repetição da última etapa no ano passado, quando Rui Costa ganhou a jornada e a classificação geral, após essa subida ficou um grupo restrito de 30 elementos.

Tácticas

A vertente táctica creio que poderá fazer diferença na 1ª etapa a fechar algum espaço de ciclistas perigosos, e principalmente no último dia, quem tenha a camisola da liderança nesse dia será atacado por todos os lados e é importante ter uma boa equipa junto dele. Analisando os blocos, e também tendo em conta o que se passou na semana passada em Maiorca, creio que o principal duelo é entre UAE Team Emirates e Bora-Hansgrohe, com Bahrain-Victorious e Jayco-AIUla e correrem um bocadinho por fora, estas últimas 2 equipas têm 2 bons candidatos e um bloco de apoio que não impressiona. Aqui a grande questão é se o ritmo competitivo adquirido em Maiorca fará diferença.

Favoritos

Aleksandr Vlasov – Apresentou-se em excelente forma neste início de época e é um ciclista que não aparece só nos grandes momentos, é extremamente competitivo e sabe que na estrutura em que está tem de mostrar resultados. A extensão das subidas é boa para ele e venceu esta corrida em 2022, no ano passado também esteve na discussão da mesma, diria que é o nome mais consensual e menos arriscado.

Pello Bilbao – De ano para ano, o basco mantém-se bastante competitivo apesar da nova geração e do avançar da idade. Geralmente é muito bom tacticamente e mostra a sua melhor versão em provas espanholas, podendo beneficiar de uma guerra entre UAE e Bora. A grande vantagem é que desce bastante bem e também sprinta bem podendo adquirir bonificações.

Outsiders

Brandon McNulty – Está a ter espaço para se mostrar neste início de época mesmo numa estrutura recheada de estrelas. Esteve bem em Maiorca, faltou aquele ritmo extra, acusou pequenos problemas físicos no final das clássicas, normal para esta fase da época. Agora com mais alguns quilómetros nas pernas isso estará potencialmente debelado.




Pavel Sivakov – Está a ter uma nova vida, uma nova oportunidade, noutra super-estrutura. Terminou 2023 em excelente forma e revelou sempre ter ambição para esta época. Pode beneficiar da força dos números porque é alguém que não se importa de arriscar e atacar de longe, algo que em traçados deste género pode ser benéfico.

Santiago Buitrago – Será que o colombiano ainda tem espaço de evolução nas montanhas? Eu acredito que sim, Buitrago tem apenas 24 anos e fez 2 Grandes Voltas no ano passado, veremos se isso o ajudou na preparação de 2024. Outro corredor que adora pendentes de 2 dígitos, foi uma surpresa positiva nas Ardenas em 2023, também é relativamente explosivo.

Possíveis surpresas

Jai Hindley – Para mim seria uma surpresa vê-lo no pódio, é um ciclista que costuma começar as épocas bastante discreto e esta será a sua estreia em 2024, sempre foi um corredor mais virado para as grandes provas.

Lennard Kamna – Creio que aqui estará mais numa perspectiva de ajudar Vlasov, no entanto podem surgir oportunidades para o combativo alemão durante a prova e ele não é ciclista de desperdiçar, em 2023 encontrou outra consistência nos seus resultados.

Eddie Dunbar – A Jayco está a manter este bloco mais ou menos inalterado, no papel estas subidas são boas para o irlandês, só que não sinto muito que seja um ciclista de início de época.

Filippo Zana – Nem sempre tem a oportunidade de liderar e tem aqui uma porta aberta para fazer isso, numa corrida em que as bonificações podem ser importante, o italiano tem uma boa ponta final.

Patrick Konrad – Começa na Lidl-Trek uma nova fase da carreira e olhando para a lista da formação norte-americana é o ciclista com mais pergaminhos dos 7 escolhidos, para além de ser consistente, sólido candidato ao top 10.

Pelayo Sanchez – O espanhol está ainda em processo de crescimento e a andar muito bem, tem de ser visto como um candidato na última etapa, mas creio que a subida do dia anterior é um pouco dura demais para ele.

Einer Rubio – Sólido candidato ao top 10.

Felix Grossschartner – Uma boa surpresa dentro da UAE em 2023, veremos se continua essa tendência. Na minha opinião entre ele, Sivakov e McNulty, é o que tem melhor capacidade de sprint, só que sem pernas na 4ª etapa não se faz nada, vamos ver como se apresenta aqui.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: James Whelan e Welay Berhe

 

 

 

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