Começa amanhã mais um capítulo da temporada do ciclismo de estrada de 2025, com o início das provas por etapas na Europa. João Almeida, Ivo Oliveira e Nelson Oliveira estão presentes nas estradas valencianas.
Percurso
Etapa 1
Que melhor maneira de começar uma prova de 5 dias senão com um dos contra-relógios colectivos mais longos do ano. 34 quilómetros que vão logo fazer grandes diferenças na classificação geral, há que encontrar um bom equilíbrio entre apoio para o líder na montanha e bons roladores para este dia.
Etapa 2
É uma entrada a matar na corrida espanhola, com mais um dia importante, uma chegada em alto numa zona que é muito utilizado pelo pelotão World Tour para treinar. Passagem pelo Coll de Rates, uma segunda categoria para aquecer motores e um final duríssimo, com 4300 metros a 9,5% de inclinação média, os últimos 1300 metros são os mais duros, com uma média a rondar os 12%.
Etapa 3
180 quilómetros nesta altura do ano podem fazer mossa, esta tirada é para tentar causar confusão, mas falta dureza no primeiro terço para isso. As equipas com mais números podem tentar algo de mais longe, a última contagem de montanha está a 22 kms da meta, tendo 7,9 kms a 6,5%, é uma subida essencialmente com um miolo muito duro onde há 3 kms acima de 8%. Caso haja reagrupamento o final é algo explosivo, com os últimos 1000 metros a 5%.
Etapa 4
3500 metros de acumulado, esta jornada é tudo menos fácil, um autêntico carrossel espanhol. As 4 contagens de montanha estão localizadas numa fase inicial da etapa e todas elas têm em comum o facto de não serem muito inclinadas, apesar de longas, é uma etapa para grandes motores e para ciclistas com coragem. Em caso de sprint em grupo reduzido o quilómetro final é a 4%.
Etapa 5
Uma tirada em estilo critério com apenas 104 quilómetros com início nos arredores de Valência e final no centro da cidade. As equipas dos sprinters, nomeadamente a Lidl-Trek, ficarão toda contente.
Táticas
A organização da corrida tem tido algumas vezes esta mesma estratégia nos últimos anos relativamente ao traçado, colocar as etapas mais duras no início da prova para causar algumas diferenças, para depois obrigar os corredores e as equipas a arriscar mais um pouco na média montanha. Foi desta forma que Rui Costa triunfou em 2023, com uma última etapa de loucos.
A UAE Team Emirates tem a faca e o queijo na mão, tem uma equipa recheada de bons trepadores misturada com bons roladores e contra-relogistas e seria uma grande surpresa se não saísse da 2ª etapa com a liderança. Vai também ser importante deixar as opções em aberto, Sivakov, McNulty e João Almeida devem estar no top 10 para cobrir todas as opções para as 2 jornadas seguintes. Para a montanha os outros bons blocos são da Bahrain e da Red Bull Bora.
Favoritos
Brandon McNulty – O norte-americano é o campeão em título e gostaria de revalidar a vitória de 2024. Nesse sentido, a chegada em alto é boa para ele, é alguém que costuma iniciar bem as épocas e quer também consolidar-se no plano interno. De recordar que obteve alguns dos seus melhores resultados em Espanha, em 2024 ganhou não só aqui bem como no G.P. Miguel Indurain e na Vuelta.
Aleksandr Vlasov – O russo é alguém que normalmente se apresenta muito bem em Fevereiro e Março, ao contrário do ano passado não fez qualquer prova do Challenge Mallorca, mas isso não será impeditivo de andar muito bem. Caso fique com a liderança após a chegada em alto, a Red Bull-Bora tem um bom colectivo para a defender.
Outsiders
João Almeida – Não é claramente um objectivo de época, na cabeça do ciclista português estará até mais presente a Volta ao Algarve. Tem a grande vantagem de para além de ter muita qualidade estar na super estrutura da UAE, mas parece-me que a chegada em alto pode ser explosiva demais para ele e pode vir aqui mais numa perspectiva de ajudar.
Santiago Buitrago – Esteve em bom plano na clássica que houve em Valência, foi 4º nessa corrida, e é alguém que conhece muito bem estas estradas, relembrando que em 2024 esteve estupendo até ao Paris-Nice. O colombiano é explosivo, está numa equipa que não tem quase nada a perder e gosta de atacar de longe.
Ben O’Connor – Estreia pela Jayco depois de ter sido uma das grandes transferências do mercado, o australiano que brilhou na Vuelta vai querer começar a mostrar serviço. Apoiado apenas por Zana na montanha, poderá ser um problema se ficar relativamente isolado.
Possíveis surpresas
Pavel Sivakov – De todos os UAE é aquele que tem um perfil mais ofensivo e não se importa de atacar de muito longe, isso pode ser benéfico para ele porque na confusão das etapas 3 e 4 uma vitória pode, de certa forma, cair-lhe ao colo.
Lenny Martinez – Muito curioso para ver a estreia do jovem gaulês, ele é de facto um grande talento que pode começar a impor-se no World Tour, ainda que precise de montanhas mais duras e longas. A Bahrain deverá sair muito prejudicada logo no primeiro dia.
Carlos Rodriguez – É uma Ineos a perder força e decadência, o espanhol tem de tentar continuar a sua evolução, abstraindo-se um pouco desse factor. Não acho que seja corrida para Rodriguez, é alguém que precisa de aquecer os motores e a chegada em alto é muito explosiva.
Pablo Castrillo – Até agora todas os ciclistas da Movistar estão a andar muito bem, Castrillo é o reforço que mais expectativas gera, alguém que mais ondas levantava enquanto sub-23, vejamos se esta tendência se mantém.
Jai Hindley – Antigo vencedor de uma Grande Volta, tem de ser mencionado pela sua qualidade global a trepar, mas não é alguém que costuma propriamente começar a todo o gás. É mais contido e prepara-se mais especificamente para grandes objectivos.
Pello Bilbao – Sempre perigoso neste tipo de terreno, é alguém que não tem medo de jogar para a vitória, já não tem grande coisa a perder neste tipo de corridas, gosta de chegadas empinadas.
Filippo Zana – Por vezes há surpresas deste género em corridas com esta tipologia, Zana tem uma boa ponta final, estará toda a gente a olhar para O’Connor e espero uma boa época no global para o transalpino.
Joseph Blackmore – Não é propriamente a equipa mais forte que a Israel poderia apresentar, no entanto o britânico que deu muito nas vistas em 2024 é dos que melhor se adapta a este traçado, certamente trabalhou as subidas mais duras este ano, em chegadas explosivas é um grande perigo.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Frederik Wandahl e Felix Grossschartner.