O World Tour não para e agora vira-se para a Turquia numa prova que volta à sua data original e que conta com a presença da W52-FC Porto.

 

Percurso

Esta será uma Volta a Turquia algo diferente dos anos anteriores, mais baseada nos arredores de Istambul e com algumas novidades no traçado. Istanbul recebe a partida da corrida, e a 1ª etapa termina em Tekirdag. O grande destaque vai para uma subida com 2 kms a 5% a cerca de 13 kms do final. Seria de estranhar que aí não houvesse ataques, mas seria também de estranhar se um sprinter não vencesse.





É preciso entrar-se a todo o gás nesta prova, logo ao 2º dia teremos o primeiro teste para a geral. Após uma primeira metade muito acidentada, com quase 2000 metros de acumulado, a segunda metade é bem mais acessível, mas conta com um final complicado. Em média são 3,1 kms a 3,6%, mas na realidade é mais duro, os últimos 500 metros têm 7% e a meio há rampas de quase 10%, com uma plataforma de descanso entre estas 2 fases.

A 3ª jornada volta a ter as montanhas mais extensas na primeira metade e isso deve contribuir para um sprint em pelotão compacto, com os últimos 45 kms a serem muito acessíveis.

Mais um final para puncheurs, aqui não há muita história para contar. Com quase 200 kms, vai haver ciclistas que vão sentir a distância, mas acima de tudo o final bem durinho. Em média são 2700 metros a 4,25%, no limite para muitos sprinters. O último quilómetro é quase plano e a ascensão ronda os 5/6% na sua maioria.

Bem que pode haver terreno para puncheurs antes, esta Vola a Turquia é para puros trepadores graças à 5ª tirada. Uma subida de 16800 metros a 7,4% que coincide com a chegada e que passa os 9/10% em grande parte da ascensão servirá para fazer diferenças enormes na geral.





Caso essas diferenças não estejam feitas, todas as dúvidas serão desfeitas onde tudo começou, Istanbul. O final é clássico, no centro da cidade, em ligeira subida e ruas estreitas, um verdadeiro perigo que já provocou algumas alterações na classificação.

 

Favoritos

Como já referimos, apesar das diversas chegadas para puncheurs, o duríssimo final em alto da 5ª etapa vai marcar a classificação geral. Para vencer esta prova, é preciso estar atento nas restantes etapas e fazer a diferença na tirada referida.

Ben O’Connor é um dos poucos ciclistas que vem ultimar os seus preparativos para o Giro, pelo que deve estar já em boa forma. O jovem australiano é muito talentoso e adora longas subidas como a que vai existir na 5ª etapa e, apesar de não ser muito explosivo, tem mais que capacidade para recuperar o possível tempo perdido nas restantes etapas. Se estiver ao nível do Tour of the Alps do ano passado será impossível batê-lo.

A Astana quer continuar a sua época de sonho em provas por etapas e a aposta para a Turquia é o campeão eritreu Merhawi Kudus, recente vencedor da Volta ao Rwanda. Muito mais explosivo que O’Connor, Kudus é um especialista em finais bastante inclinados, onde pode conseguir bonificações importantes, sendo que na chegada a Kartepe, poderá só precisar de se defender.

 

Outsiders

A estreia da W52-FC Porto no World Tour tem tudo para ser um sucesso, com Raul Alarcon a encabeçar a lista da equipa portuguesa. O bi-campeão da Volta a Portugal vem de ser 3º na Volta ao Alentejo e em Abril costuma andar sempre bem, quem não se lembra do triunfo sobre Nairo Quintana na Vuelta as Asturias. Muito completo, Alarcon é capaz de amealhar bonificações pelo caminho.



Remco Evenepoel assumiu, no início da época, que a Volta a Turquia era um dos seus objetivos da temporada e porque não pensar que o fenómeno belga pode conseguir uma vitória? Aos 19 anos, Evenepoel já mostrou que consegue andar bem contra os ciclistas World Tour quando a estrada inclina e com um pelotão sem grandes estrelas as hipóteses de sucesso aumentam. Com uma razoável ponta final, o campeão mundial junior pode, também, conseguir bonificações que o catapultem para um resultado histórico.

Outro ciclista que chegou ao World Tour e pode brilhar na Turquia é Carl Frederik Hagen. O norueguês era uma das principais estrelas nas provas do seu país, estando sempre entre os melhores nos finais em pequenos topos característicos daquela região, bem como em tiradas ainda mais duras. O corredor da Lotto-Soudal pouco se mostrou em 2019 mas ao estar numa equipa sem um líder definido, a surpresa pode acontecer.

 

Possíveis surpresas

A Bora-hansgrohe esteve em grande na Volta ao País Basco e agora tem como líder o austríaco Felix Grossschartner, que apesar de não ser um trepador defende-se muito bem em subidas longas devido à sua capacidade de contra-relogista. Os finais explosivos são perfeitos e o austríaco pode voltar a fazer um pódio no World Tour, como aconteceu em Guangxi no ano passado. A UAE Team Emirates costuma trazer sempre equipas fortes à Turquia mas este ano não é o caso, no entanto Jan Polanc e Valerio Conti vão tentar dar conta do recado, principalmente o primeiro que vem de ser 6º no Giro di Sicilia e no Tour of Oman. A W52-FC Porto não tem só Raul Alarcon, pois Ricardo Mestre e Edgar Pinto, se estiverem em boa forma, são outras duas opções válidas para finalizar entre os primeiros. Atenção, ainda, a Rob Britton, Javier Moreno e Delio Fernandez.

 

Super-jokers

Os nosso super-jokers são Yevgeniy Gidich e Hideo Nakane.


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