Eusebio Unzué viu a sua Movistar realizar uma temporada não tão produtiva como as anteriores. As vitórias escassearam, Enric Mas voltou a aparecer em grande apenas na Vuelta e alguns dos grandes nomes falharam. Nelson Oliveira voltou a ser um gregário importante e Ruben Guerreiro teve a temporada estragada por uma lesão.

 

Os dados

Vitórias: 8 triunfos, um número muito escasso para os pergaminhos da equipa nas últimas temporadas.

Pódios: 36 pódios, o que revela que até um lugar entre os 3 primeiros foi algo escasso em 2024.

Dias de competição da equipa: 256 dias de competição, não é um número muito elevado para uma equipa World Tour, raramente saem da Europa para competir.

Idade média do plantel: 28,6 anos, uma equipa que tem vários veteranos no seu plantel, 4 deles acima dos 34 anos.

Mais kms: Einer Rubio foi o maratonista da equipa espanhola, perfazendo 12 408 kms.

Melhor vitória: Pelayo Sanchez deu a única vitória da equipa no World Tour, através de uma fuga na etapa do sterrato do Giro.



O mais

Enric Mas pode não ter cumprido todos os objetivos da temporada, só que voltou a ser o ciclista que vimos noutros anos. É certo que falhou redondamente no Tour, mas somou mais um pódio e um 3º lugar na Vuelta. 5º na Volta a Catalunha e na Lombardia, 6º na Volta a Romandia, 7º na Volta a Suíça e 8º nos Mundiais, o espanhol esteve quase sempre no momento das decisões. Se for para falarmos de regularidade e polivalência, temos de destacar Alex Aranburu. 2 vitórias e mais 18 top-10, entre etapas e clássicas como Eschborn-Frankfurt, GP Wallonnie e Gran Piemonte, o que valeu um total de 1483 pontos UCI que deram muito jeito à Movistar.

Pelayo Sanchez teve uma excelente estreia no World Tour, culminada com o triunfo no Giro. Com algumas semelhanças a Aranburu em termos de características, Sanchez conseguiu diversos top-10 e foi muito combativo. Javier Romo e Carlos Canal estão a ter uma evolução muito sustentada, estão, aos poucos, a ganhar espaço dentro da escolhas de Eusebio Unzué.

 

O menos

Einer Rubio pode ter terminado o Giro no no 7º lugar (primeiro top-10 da carreira em Grandes Voltas) no entanto tirando esse feito esteve muito mais discreto que em 2023, quando foi presença assídua no top-10 de muitas provas por etapas. Faltou regularidade. Oier Lazkano nem esteve mal de todo em 2024, teve uma temporada interessante nas clássicas e provas por etapas, só que quando colocamos na balança a expectativa que trazia para este ano esteve claramente abaixo. Tentou ser muito combativo, a sua imagem de marca, no entanto falhou sempre algo nos momentos decisivos.



Não há dúvidas em dizer que Davide Formolo e Remi Cavagna foram duas contratações falhadas, renderam muito pouco para a qualidade que têm (e talvez pelo salário que auferem) e pelo que demonstraram nas suas equipas anteriores. Ivan Cortina não consegue ter duas temporadas regulares consecutivas, parece estagnado e não vai passar disto, numa Movistar onde tem a liberdade para liderar em sprints e nas clássicas. Nairo Quintana já não é o mesmo, já não é aposta para provas por etapas e tenta ser um caçador de vitórias, algo que mesmo assim não conseguiu ter sucesso. Ruben Guerreiro nem começou mal a temporada e apenas está aqui pelos números produzidos pois a grave lesão que sofreu e o afastou e debilitou durante muito tempo são atenuantes importantes

 

O mercado de transferências

Não foi um mercado de transferências positivo para a equipa espanhola. Oier Lazkano era já uma das figuras da equipa para as clássicas e provas por etapas, aum ciclista da casa, e está de saída para a Red Bull – BORA – hansgrohe. Alex Aranburu era outro importante espanhol do projeto de Eusebio Unzué que irá para novas paragens. Dois ciclistas que davam muitos pontos e resultados importantes, aos quais se juntam Ivan Ramiro Sosa, Remi Cavagna, Sergio Samitier, Johan Jacobs e Vinícius Rangel.

A Movistar decidiu olhar muito para o mercado interno e, nesse sentido, recrutou dois ciclitstas à Caja Rural e um à Kern Pharma. Orluis Aular dá o merecido salto para o World Tour, um ciclista muito completo, terá um papel idêntico ao que era atribuído a Aranburu. Jefferson Cepeda vem reforçar o bloco de montanha, depois da melhor temporada da carreira. Depois do brilharete na Vuelta, Pablo Castrillo chega à melhor equipa espanhola, uma transferência natural, veremos se o espanhol tem liberdade e tempo para crescer. Natnael Tesfatsion será, essencialmente, um gregário, o eritreu é um corredor muito completo, sobe bem e com boa ponta final, até pode conseguir alguns resultados interessantes. Por fim, a aposta na juventude recai sobre Diego Pescador, jovem colombiano de 19 anos que foi 7º no Tour de l’Avenir.



O que esperar em 2025?

Esperamos uma Movistar a rondar o top 15 do ranking na próxima temporada. A saída de Alex Aranburu vai-se fazer notar, o basco era garantia de bons resultados durante todo o ano e Orluis Aular ainda precisa de uma adaptação ao World Tour que, mesmo assim, não nos surpreenderia se fosse rápida. Enric Mas tem de se tornar ganhador, nunca o será no sentido estrito da palavra, mas vencer 2/3 vezes por ano dará, ainda mais, confiança para o resto do ano, principalmente para o Tour e Vuelta. Einer Rubio, Jefferson Cepeda e Pablo Castrillo correm numa segunda linha, podem ter as suas oportunidades mas contra concorrência mais elevada será complicado.

Pelayo Sanchez, Carlos Canal, Gonzalo Serrano e Ivan Cortina são os principais homens para as clássicas, não é muito, só que a Movistar nunca se focou nesse aspeto, correrão por fora e vão tentar aproveitar as chances. Estamos curiosos para ver o papel de Natnael Tesfatsion, pode vir a ser um reforço interessante se tiver liberdade para tal, é um corredor muito completo. Será um ano importante para Ruben Guerreiro, depois de 2024 marcado por lesões, o Cowboy de Pegões precisa de ganhar confiança e conseguir bons rsultados rapidamente. Nelson Oliveira continua a ser um gregário muito importante.

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