Temporada relativamente discreta por parte dos comandados de Cedric Vasseur. A Cofidis termina o ano como a equipa menos vencedora do World Tour e com a luta pela manutenção bastante presente para 2025. O mercado de transferências mexeu bastante, com saídas importantes que os responsáveis tentaram colmatar.
Os dados
Vitórias: apenas 5 triunfos, 2 conseguidos no World Tour. Dos últimos 20 anos, só em 2020 conseguiram menos vitórias.
Pódios: 37 pódios, um número relativamente baixo face ao elevado calendário que a equipa tem.
Dias de competição do plantel: 291 dias de competição, fruto do vasto calendário francês e espanhol onde a Cofidis é presença assídua.
Idade média da equipa: 29,7 anos, um plantel muito envelhecido, o que se refletiu nos resultados alcançados.
Mais kms: o filósofo Guillaume Martin termina a temporada com 14 378 kms.
Melhor vitória: foi preciso esperar por Maio para a Cofidis vencer pela primeira vez em 2024, quando Benjamin Thomas teve uma fuga vitoriosa no Giro.
O mais
Não foi um ano de grandes notícias para a Cofidis, poucos foram os ciclistas a evoluir, no entanto existiram dois nomes a destacar-se. Axel Zingle foi o principal marcador de pontos da equipa, um ciclista que andou bem de janeiro a outubro, com um total de 1384 pontos UCI. O francês tornou-se muito mais regular, alguém que passa cada vez melhor as dificuldades e com uma ponta final excelente. Venceu apenas a Boucles de l’Aulne, no entanto foi 2º no Tour de la Provence, Famenne Classic, Grand Prix du Morbihan, Circuit de Wallonie. Circuit Franco-Belge, 3º no Tour du Limousin, 6º na BEMER Cyclassic e 7º na Japan Cup, para além de diversos top-10 em etapas.
Quem mais evoluiu foi Milan Frentin. Reforço para 2024, o sprinter belga atingiu uma regularidade impressionante, estreando-se a ganhar em Maio nos Quatro Dias de Dunquerque, vencendo no Tour Poitou – Charentes e conseguindo uns impressionantes 20 top-10, incluindo em várias provas World Tour e clássicas do circuito europeu. Stanisław Aniołkowski já é bem mais experiente e, apesar de não ter somado triunfos, conseguiu ser muito regular, o que para a Cofidis é importante. Por fim, destacar Stefano Oldani, o italiano fez uma segunda metade de época de nível, com o 3º lugar no Tour de l’Ain como destaque, mostrando que foi um bom reforço. A veterania já começa a pesar em Ion Izagirre, os resultados não foram tão abundantes, no entanto conseguiu terminar bem a época, muito combativo na Vuelta, 5º no GP Quebec e 4º na Lombardia, depois de ter sido 9º na “sua” Volta ao País Basco.
O menos
Quem soma 805 pontos UCI não pode ter uma temporada fraca, mas quando olhamos e vemos que é Guillaume Martin já não se pode dizer o mesmo. O francês teve um ano discreto, preferiu ser mais pragmático do que ofensivo, tentando maximizar os pontos. 13º no Tour e 15º na Vuelta são resultados lisonjeiros para um ciclista que já fez top-10 em Grandes Voltas. Bryan Coquard até começou 2024 em bom plano, diversos lugares de destaque, a sua regularidade habitual quer no calendário francês quer no World Tour e até venceu na Volta a Suíça mas nos momentos mais importantes falhou. Entre Tour e Vuelta fez apenas 5 top-10, resultados escassos para um dos principais ciclistas da equipa.
Os 34 anos já começam a pesar nas pernas de Jesus Herrada, o espanhol tem sido uma das figuras da Cofidis e, em 2024, notou-se que já começa a decair na sua qualidade, terminando apenas com 3 top-10. Anthony Perez nunca foi um ciclista de muito resultados, só que em 2023 deu um grande salto qualitativo, sendo muito consistente no calendário francês e somando quase 500 pontos UCI. Passar para uma temporada discreta e apenas 100 pontos UCI merece o seu destaque … pela negativa. É inglório colocar Benjamin Thomas nesta lista, o francês venceu no Giro e focou-se nos Jogos Olímpicos, só que tirando isso pouco ou nada fez e um corredor da sua qualidade tem de render mais.
O mercado
A equipa de Cedric Vasseur vê sair 12 ciclistas, uma grande reforma do plantel, no entanto apenas Guillaume Martin e Axel Zingle são perdas importantes, dois dos grandes líderes do projeto. De resto, ciclistas em final de carreira, como Simon Geschke e Gorka Izagirre, ou nomes que não conseguiram resultados, como Ben Hermans e Kenny Elissonde. 12 saídas que são colmatadas com 12 entradas!
A grande contratação da equipa é Alex Aranburu, ciclista muito completo, perfeitamente adaptado ao World Tour, será o substituto natural de Zingle. Para a montanha, o novo líder será Emanuel Buchmann, no entanto os melhores anos do francês já parecem estar para trás. Simon Carr até pode ser um nome mais importante, um ciclista ainda jovem e que tem aparecido a espaços. Jan Maas, Sergio Samitier e Sylvain Moniquet são outros reforços para o bloco de montanha, ciclistas discretos mas que não deverão ter muito impacto.
Dylan Teuns será, na teoria, um dos líderes, aos 32 anos trará muita experiência, veremos é se ainda tem a qualidade de outros tempos. Se a resposta for afirmativa, irá somar pontos importantes nas clássicas acidentadas e nas provas por etapas. Valentin Ferron e Paul Ourselin são dois ciclistas muito combativos vindos da TotalEnergies, sendo que no mercado francês ainda foram recrutados Damien Touzé (para as clássicas), Sam Maisonobe e Clément Izquierdo (jovens trepadores que estavam no pelotão amador gaulês).
O que esperar de 2025?
Será mais um ano de muito sofrimento para a Cofidis, a luta pela manutenção no World Tour irá pesar bastante e acreditamos que irão correr mais pelos pontos do que fazê-lo pelo espetáculo, ou seja, estarão mais na defensiva. Bryan Coquard tem de aparecer mais nos momentos importantes, o gaulês parece um pouco estagnado. Milan Fretin está a ganhar, cada vez mais, espaço e, não nos admirávamos que terminasse o ano como o principal sprinter da equipa e com grandes vitórias conquistadas.
Alex Aranburu será muito importante na manobra da equipa, o espanhol será peça fundamental na manutenção no World Tour e, possivelmente, na capacidade de somar diversos triunfos. O basco é muito regular e, com a sua ponta final, fazendo um calendário inteligente, pode maximizar os resultados. Entre os reforços, Dylan Teuns é aquele que também se pode destacar na montanha e nas clássicas, mas a idade também começa a pesar, pelo que Simon Carr também tem de ser mencionado, alguém mais jovem e muito combativo. A dependência dos principais nomes é muito grande, pode ser um ano muito bom ou mais um ano relativamente fraco.