Uma formação recente e com plantel de World Tour em termos de quantidade de ciclistas, mas não em termos de qualidade. Apostou em líderes veteranos numa fase descendente da carreira e que não corresponderam às expectativas.
Os dados
Vitórias: Apenas 5 durante toda a época, o cenário é ainda pior se pensarmos que 2 foram em campeonatos nacionais e outra obtida por um estagiário que nem vai estar na equipa em 2025.
Pódios: 21 lugares de pódio, até Março a equipa apenas tinha 3, foi a partir de Junho que este número disparou.
Dias de competição do plantel: Plantel grande e internacional só podia dar em muitas corridas, 208 dias de competição.
Idade média da equipa: 29 anos, o que atesta bem a veterania global deste elenco.
Mais kms: Fabio Christen demonstrou ser um corredor muito útil não só em termos de resultados, como também foi dos mais utilizados com 10 678 quilómetros
Melhor vitória: O corajoso triunfo de Jannik Steimle no G.P. Denain, foi o abrir da garrafa e a vitória na corrida mais importante.
O mais
Vou ser honesto, esta parte deve ser relativamente curta, não houve assim tantos corredores que tenham surpreendido pela positiva nesta equipa. O que mais me impressionou foi o jovem Fabio Christen, precisamente o tipo de corredores que esta formação precisa para dar o próximo passo. O vencedor de 1 etapa na Volta a França do Futuro em 2023 proliferou a partir de Maio, fez alguns top 10 em clássicas, esteve em bom plano nos Nacionais e depois fez 5º na Arctic Race, 8º na Volta a Alemanha, pódio numa clássica belga e 9º no Paris-Tours, isto para além de ter sido top 15 nos Europeus e Mundiais de sub-23.
Jannik Steimle tem de ser mencionado pelo triunfo que conquistou e por toda a irreverência ao longo do ano e o etíope Negasi Abreha também deixou bons apontamentos nas competições disputadas em África e graças a isso conquistou bons pontos UCI.
O menos
Quando algo menos bom acontece a responsabilidade recai sempre mais sobre os líderes e neste caso Giacomo Nizzolo significou uma grande aposta e um investimento avultado para um retorno muito reduzido. Verdade seja dita, o italiano falhou os primeiros meses da temporada por lesão, mas depois disso só conseguiu mesmo 1 vitória e 3 pódios, entre o Sibiu Tour e a Vuelta a Burgos, para além que há uns anos andava a disputar etapas em Grandes Voltas. Tinha grande expectativa para o que poderia fazer Matteo Moschetti, principalmente porque a primeira época na equipa até foi bastante positiva. E um pouco como Nizzolo, também foi prejudicado por problemas físicos, ausente a partir de Junho, nos 5 meses que correu até estava a um nível aceitável, com alguns pódios. Uma última nota sobre sprinters, é uma incógnita o que aconteceu a Szymon Sajnok, nunca mais conseguiu replicar o que alcançou em 2018 e 2019.
Nas clássicas a grande aposta era Frederik Frison, o belga de 32 anos não teve sorte e só realizou 22 dias de competição este ano, somou 12 pontos UCI contra os 474 do ano transacto. Nas colinas tinha grandes expectativas para ver o que Alessandro Fancellu conseguiria fazer, para além de um pódio no início do ano, mal se viu. Falando agora dos trepadores, Damien Howson obteve o melhor resultado da época a competir pela selecção australiana, Carl Fredrik Hagen termina sem qualquer top 5 e mesmo top 10 foram muito escasso e de Matteo Badilatti pode dizer-se o mesmo.
O mercado
Creio que esta janela de transferências foi mais positiva para a Q36.5, no entanto nenhum dos reforços foi propriamente um nome sonante que esteja a ter um grande desempenho, falamos de 4 corredores que já passaram por melhores momentos ou não tiveram grande espaço para brilhar nas respectivas equipas. Emils Liepins sempre um pouco tapado da Lidl-Trek e na DSM, Harm Vanhoucke era uma grande promessa, nunca atingiu o potencial que se falava, Sjoerd Bax teve um ano incrível antes de ir para a UAE, obviamente nunca teve grandes chances e Milan Vader também tinha outros corredores acima na hierarquia. David Gonzalez e Enekoitz Azparren são 2 ciclistas cuja contratação não se percebe muito bem.
Acho que o próximo defeso esse sim será mais importante pois, em princípio, terão mais folga orçamental, saem Howson, de la Cruz, Brambilla, Nizzolo, ciclistas que vieram do World Tour a auferir um ordenado mais elevado. Em termos de saídas não vejo, de 2024 para 2025, a perda de ninguém fundamental.
O que esperar em 2025?
Ou há uma mudança radical ou então prevejo mais uma temporada nesta linha para a Q36.5, apesar que pior do que 2024 é muito complicado. Em princípio o plantel será bem mais pequeno e tem lógica, não fazia sentido uma estrutura destas ter quase 30 corredores, tanto que quase ninguém fez mais do que 10 000 kms de competição este ano. Julgo que Milan Vader e Harm Vanhoucke vão entrar e vão estar no mesmo patamar de hierarquia face a Howson e Donovan, no papel são esses os 4 líderes para as provas por etapas com o baixo rendimento que Brambilla e Badilatti têm demonstrado. Isto sem nunca esquecer o helvético Fabio Christen e que naquelas corridas de 5 dias com média montanha é uma cartada muito válida.
Na parte dos sprints continua a haver Nizzolo e Moschetti, 2 ciclistas muito irregulares, e vamos ver o papel de Liepins, se foi contratado a pensar nos lançamentos ou em ser mais um alternativa aos 2 italianos. O conjunto de clássicas continua pelo menos interessante para tentar fazer uma surpresa ou outra, com Steimle, Bax e Frison.