A Polti-Kometa dá a sensação de estar num ligeiro declínio, parece ser um projecto que dificilmente vai passar disto e destes lugares, o que aflige mais é a incapacidade de segurar os principais ciclistas e esta época foi mais fraca do que as anteriores devido ao falhanço de algumas contratações mais sonantes.

 

Os dados

Vitórias: 4 triunfos, 3 deles na Turquia, foi o território preferencial da Polti-Kometa.

Pódios: 30 pódios ao longo da temporada, um número bastante grande tendo em conta que apenas festejou por 4 ocasiões.

Dias de competição da equipa: 177 dias de competição, maioritariamente em Espanha e em Itália.

Idade média do plantel: 26,5 anos, é uma estrutura que normalmente promove alguns jovens da sua formação.

Mais kms: Mirco Maestri já nos habituou a muita combatividade, este ano fez 12 662 kms em competição.

Melhor vitória: Perante a concorrência e o pelotão que tinha de enfrentar, escolho a do velocista Giovanni Lonardi na Volta a Turquia.




O mais

Davide Piganzoli foi a maior figura desta Polti-Kometa, o jovem trepador de 22 anos realizou uma belíssima temporada praticamente de início ao fim e foi uma das revelações mesmo do pelotão internacional. Primeiramente, somou metade das vitórias da equipa, com a etapa e a geral do Tour of Antalya, depois faz 13º no Giro, 11º na Vuelta a Burgos e termina a temporada com top 10 na Volta ao Luxemburgo e no Memorial Marco Pantani, antes do surpreendente pódio no Giro Dell’Emilia. Estamos a falar de um corredor que sempre demonstrou talento e capacidade enquanto sub-23, mas que precisava de dar este salto e que certamente em 2025 terá outra responsabilidade.

Mattia Bais foi uma agradável surpresa, melhor temporada da carreira aos 28 anos ao ser 6º no Giro del Veneto, 10º na Cro Race e 3º no Giro Della Romagna. O mesmo se aplica ao Giovanni Lonardi, da mesma faixa etária que Bais, sai de 2024 com 323 pontos UCI, mas os seus resultados mereciam mais, ganhou 1 etapa na Volta a Turquia, fez mais 8 pódios ao longo ano incluindo numa tirada da Volta a Itália e ainda contou com diversos top 10, afirmou-se como o principal sprinter da equipa. Por fim, Paul Double voltou a mostrar as suas valências como trepador, o que lhe valeu uma transferência para o World Tour, 11º na Volta a Comunidade Valenciana, 7º no Giro d’Abruzzo, 3º na Volta a Turquia, 6º na Volta a Eslovénia, é alguém que anda bem o ano todo quando o terreno empina.

 

O menos

A grande desilusão nesta estrutura foi claramente Matteo Fabbro, um ciclista recrutado para substituir Lorenzo Fortunato e que ficou muito abaixo das expectativas. Até nem começou mal a época, só que 67 pontos UCI com o estatuto que tinha é manifestamente insuficiente nesta que era talvez uma segunda vida dentro do ciclista profissional depois de na Bora-Hansgrohe ter ajudado a algumas conquistas.



Apesar de um início de época fulgurante com 1 triunfo em etapa na Volta ao Ruanda e o respectivo 3º posto na classificação geral, também esperava muito mais de Jhonatan Restrepo, que esteve longe do nível demonstrado nas épocas da Katusha e da Androni. Percebe-se que é um corredor que nesta fase da carreira já está muito mais confortável a correr apenas na Colômbia. Manuel Peñalver foi alguém que foi contratado com o pensamento de ser alternativa a Giovanni Lonardi, até porque é mais novo do que o italiano, no entanto esteve bem longe dos resultados do seu companheiro de equipa nas chegadas em pelotão compacto.

 

O mercado

Considero que este mercado foi negativo para a Polti-Kometa, não pelas saídas de Fabbro e Restrepo, mas principalmente pela transferência de Paul Double para a Jayco, que deixa a equipa sem grandes alternativas a Piganzoli na montanha. Fala-se que alguns espanhóis ainda vão ser confirmados noutras formações e perdem alguma profundidade de plantel.

Em relação aos reforços já anunciados, são 3 sub-23 talentosos e Aidan Buttigieg, o primeiro corredor de Malta a este nível. Ludovico Crescioli obteve grandes resultados este ano no escalão sub-23, ganhou 1 etapa na Volta a França do Futuro, 4º na Ronde de l’Isard e 3º no Giro Valle d’Aosta, Pablo Garcia esteve em bom plano no calendário amador espanhol e Gabriele Raccagni é um ciclista mais talhado para chegadas ao sprint.



 

O que esperar em 2025?

Como já referi em cima, creio que a Polti-Kometa tem um plantel mais débil face a 2024 em termos de profundidade de plantel e opções tendo em conta as saídas de Fabbro, Restrepo e Double e vendo que os reforços em princípio irão precisar de tempo para trabalhar e evoluir, um pouco como aconteceu com Piganzoli. O jovem transalpino de 22 anos estará mais sozinho na liderança da equipa quando o terreno empinar, enquanto Lonardi assumirá o papel de sprinter principal e Peñalver o de sprinter secundário. Diria que um ano igual de Peñalver e pode significar a saída, este tipo de formações deste escalão precisam de acertar em cheio neste tipo de contratações.

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