A equipa francesa foi a grande revelação de 2024! Ben O’Connor foi o expoente máximo, fez uma época nunca antes vista, um dos melhores ciclistas do ano, mas os restantes líderes também não falharam e contribuiram para a melhor época que há memória.
Os dados
Vitórias: 30 triunfos, a época mais produtiva da história da equipa francesa.
Pódios: 70 pódios, um número absurdo e que ninguém dentro da formação gaulesa estaria à espera.
Dias de competição da equipa: 261 dias de competição, com base no World Tour e no longo calendário europeu, nomeadamente as provas francesas.
Idade média do plantel: 28,3 anos, uma equipa que mistura a juventude dos atletas promovidos da equipa de desenvolvimento com a experiência.
Mais kms: o incansável Bruno Armirail termina a ano com praticamente 12 500 kms.
Melhor vitória: a fabulosa vitória de Ben O’Connor na etapa 6 da Vuelta, com uma fuga épica rumo à liderança da prova que viria a manter quase até ao fim.
O mais
O que Ben O’Connor fez esta temporada foi impressionante! Todos sabíamos da qualidade do australiano, mas até ao ponto de ser 4º no Giro, 2º na Vuelta, vice-campeão mundial de estrada, 2º no UAE Tour e no Tour of the Alps e 5º no Tirreno-Adriático, para além de 3 vitórias parciais é algo impensável. O’Connor subiu o nível e de que maneira, afirmando-se como um dos ciclistas do ano no que diz respeito às provas por etapas. Benoit Cosnefroy agarrou a liderança nas clássicas e não desiludiu, sempre muito regular, o jovem francês termina o ano com 7 triunfos e uma séria opção para as Ardenas. Paul Lapeira passou de um desconhecido para o atual campeão francês e com bons resultados. O puncheur francês já conseguiu vencer no World Tour e, para além disso, foi um dos destaques do calendário francês, com mais 3 triunfos.
Alex Baudin foi de menos a mais em 2024, começou a crescer com o passar dos meses, um gregário essencial para O’Connor no Giro e depois teve as suas oportunidades, vencendo o Tour du Limousin e terminando o Tour of Guangxi em 3º. Pierre Gautherat e Dorian Godon são duas peças importantes no calendário francês, dois ciclistas com bons resultados nas muitas clássicas, não comprometem. Ainda mencionar os irmãos Paret-Peintre, tanto Valentin como Aurelien foram fundamentais para O’Connor e quando tiveram liberdade ainda conseguiram sacar bons resultados. Sam Bennett já não é o que era, no entanto, destaque pela positiva, a nova equipa e aos 34 anos, num calendário mais alternativo, ainda somou 5 triunfos.
O menos
Felix Gall foi a grande desilusão de uma equipa que esteve sempre em evidência em todo o tipo de provas. O gigante austríaco não conseguiu replicar a excelente época passada, apenas foi 9º no Paris-Nice e 10º na Suíça, antes de um Tour discreto e uma Vuelta onde acabou por ser gregário de O’Connor. Geoffrey Bouchard e Nans Peters eram sempre dois ciclistas muito combativos, em muitas fugas de etapas de montanha à procura de vitórias, algo que não se viu em 2024. Estiveram uns furos abaixo daquilo que podem mostrar.
Será injusto classificar a temporada de Victor Lafay como má, o francês teve muitos problemas físicos e regressou apenas no final de julho, a tempo de fazer a Vuelta e ainda terminar o Tour of Guangxi em 4º. Apesar de tudo, merece a nota de destaque.
O mercado
A enorme temporada da equipa francesa trouxe consequências e a principal é a saída de Ben O’Connor, o grande responsável pela contribuição de pontos UCI este ano. Ainda olhando para o bloco de montanha, são baixas importantes os jovens Alex Baudin e Valentin Paret-Peintre e o experiente Larry Warbasse. Saídas mais naturais, é sempre necessário renovar os gregários, são Damien Touzé, Jaakko Hanninen e Valentin Retailleau.Edvald Boasson Hagen e Franck Bonnamour abandonam a modalidade.
Colmatar todas estas baixas não vai ser fácil e, primeiramente, a equipa olhando para a formação e promoveu 5 jovens ao plantel principal. Noa Isidore é um puncheur, foi 9º no Tour of Britain já entre os elites; Rasmus Sojberg Pedersen já é o campeão de elites da Dinamarca, um corredor interessante para as clássicas, com boa ponta final e que anda bem no contra-relógio; Oscar Chamberlain, campeão do Mundo junior de contra-relógio em 2023; Léo Bisiaux, uma das esperanças do ciclismo francês, trepador muito franzino que este ano foi 4 no Tour de l’Avenir e 6º no Giro NextGen; e Paul Seixas, a grande pérola do ciclismo gaulês, dominador do escalão junior, um todo-o-terreno que este ano foi campeão do Mundo junior de contra-relógio, venceu a Liege-Bastogne-Liege e diversas provas do calendário do escalão.
Do World Tour chegam 3 ciclistas: Stefan Bissegger, o ciclista mais experiente, um contra-relogista puro que é capaz do melhor e do pior em poucos dias; o trepador Johannes Staune-Mittet, vencedor do Giro NextGen em 2023 que este ano já correu pela Visma|Lease a Bike; e Callum Scotson, um australiano com experiência de pista que se tem transformado num ciclista mais completo. Por fim, foi reforçado o bloco do sprint, com a chegada do jovem norueguês Tord Gudmestad, possante ciclista que tem servido como lançador de Alexander Kristoff.
O que esperar de 2025?
Se o plantel se mantivesse inalterado já não seria fácil repetir esta temporada de luxo, com as saídas verificadas ainda pior será, pelo que um lugar no top 10 do ranking já será extremamente positivo. Ben O’Connor vai fazer muita falta à equipa francês, Felix Gall pode ter muita qualidade mas não é o mesmo que o australiano, terminar as provas no top-10 da geral já será um resultado positivo para o ciclista austríaco. Com as restantes saídas, Aurelien Paret-Peintre ganha, ainda mais, protagonismo, um ciclista que pode vir a ter mais oportunidades de liderança. O primeiro ano no World Tour não correu bem, mudanças de ares podem fazer bem a Johannes Staune-Mittet.
Nas clássicas, Benoit Cosnefroy continua a ser um dos favoritos para as Ardenas e num bloco com Paul Lapeira, Pierre Gautherat e Dorian Godon pode dar para excelentes resultados, não só no World Tour mas também no calendário francês. É preciso adaptação a uma nova realidade, no entanto talentos com esta qualidade podem fazer “milagres” e, por isso, não seria de descartar bons resultados por intermédio de Léo Bisiaux e Paul Seixas no calendário interno. Para o empedrado, a veterania de Oliver Naesen e Dries de Bondt pode dar para alguns resultados interessantes, sendo que Sam Bennett e Tord Gudmestad serão os sprinters de serviço.