Não tiveram o volume de vitórias de outros anos, mas mantiveram a eficácia e a qualidade dos sucessos. Triunfos no Tour, na Vuelta e em 3 dos 5 Monumentos para uma estrutura que mantém a sua identidade e a sua clareza de ideias.

 

Os dados

Vitórias: 26 triunfos, menos que em anos anteriores, a equipa tinha sempre superado as 30 vitórias.

Pódios: 74 pódios, o que é normal numa formação que tem tantos sprinters de qualidade.

Dias de competição da equipa: 270 dias de corridas, é uma estrutura que compete muito e até está, por vezes, em 3 corridas ao mesmo tempo.

Idade média do plantel: 28,4 anos, não tem um elenco propriamente novo.

Mais kms: Edward Planckaert foi, de longe, o que mais quilómetros de competição fez, superando os 13 000.

Melhor vitória: Porque se trata de um Monumento, e da forma com que foi ganho, a conquista de Mathieu van der Poel no Paris-Roubaix.

 

O mais

Obviamente as notas de destaque desta equipa continua a ser o duo imparável composto por Mathieu van der Poel e Jasper Philipsen. O holandês fez mais de 4000 pontos UCI em somente 41 dias de competição, mesmo com um Tour onde passou praticamente despercebido, tirando os lançamentos dos sprints, continua imperial nas clássicas onde ganhou o Paris-Roubaix e o Tour des Flandres. Mais 2 Monumentos para o currículo, para além da E3 e de pódios nos Mundiais e na Liege-Bastogne-Liege, não há como ele nas clássicas neste momento.




Já Jasper Philipsen não demonstrou tanto poderio nos sprints como em 2023 e falhou a defesa do título na camisola verde do Tour, no entanto venceu a Milano-SanRemo, ganhou no Tour e fecha 2024 com 9 vitórias e 23 pódios, dizer que uma temporada destas é má é simplesmente um absurdo. Xandro Meurisse salvou de certo modo a época nos últimos dias de competição enquanto Jensen Plowright mostrou sem um sprinter competitivo em algumas provas de bom nível.

 

O menos

Todos esperavam que a maioria dos resultados e dos pontos viesse dos 2 líderes da equipa, é assim que a estrutura está montada, e os 2 andando muito bem obviamente não pode haver muitas desilusões. No entanto, ao longo do ano esperava bem mais protagonismo de Soren Kragh Andersen, mas também tenho a percepção que, se Philipsen ou van der Poel falhassem, o que não aconteceu, isso daria mais espaço ao dinamarquês. Ainda assim, não acho que tenha aproveitado as oportunidades da melhor maneira e senti falta do habitual espírito ofensivo que o caracteriza. Depois há sempre a expectativa que Michael Gogl volte a um nível de lutar por top 10 em provas importantes como nas Ardenas, algo que não aconteceu e mal nos lembramos de o ver correr e que um corredor como Stan van Tricht finalmente dê o salto dada a sua qualidade enquanto sub-23.

 

O mercado

No balanço desta janela de transferências creio que a Alpecin-Deceuninck ficou a perder porque perdeu alguns ciclistas de qualidade e que tinham influência ou no núcleo duro, ou numa possível liderança. Axel Laurance é uma das grandes promessas a nível mundial nas colinas, foi campeão do Mundo sub-23 e parecia estar numa fase de ascensão. Soren Kragh Andersen esteve quase sempre nas grandes competições e era um ciclista muito importante porque a sua presença numa fuga dava algum medo aos rivais. Ramon Sinkeldam era figura de peso a preparar os sprints e Nicola Conci era dos poucos trepadores da equipa.




Simon Dehairs é um bom reforço, integrado já muitas vezes na equipa principal em 2024, é um sprinter que mostrou boa capacidade para fazer vários pódios ao ano, talvez ainda não no World Tour. Tibor del Grosso é um jovem extremamente interessante, também faz ciclocrosse e em 2024 foi campeão nacional sub-23, 7º nos Europeus e 8º nos Mundiais, é outro ciclista de clássicas e estou muito curioso em ver que tipo de resultados terá. Gal Glivar é outro super talento e pensava-se até que ia para a UAE Team Emirates, a Alpecin conseguiu resgatar o 3º classificado do Giro di Lombardia sub-23. Johan Price-Pejtersen e os outros 2 belgas creio que serão mais ciclistas de equipa.

 

O que esperar de 2025?

Esta é daquelas equipas que não só mantém a mesma identidade e os mesmos líderes há alguns anos, como muitas das peças chave já fazem parte da prata da casa, é uma Alpecin-Deceuninck que não inventa e que tem os mesmos objectivos quase sempre. Seria uma surpresa se Mathieu van der Poel não ganhasse 1 Monumento, apesar que em 2025 tudo aponta que Tadej Pogacar esteja mais apostado nas clássicas e há sempre Wout van Aert, que é um nome a ter em conta. Jasper Philipsen continua a ser uma excelente alternativa e vai partir para a Milano-SanRemo como um dos grandes candidatos. É neste tipo de corridas que devem fazer falta Laurance e Kragh Andersen e creio que isso pode fazer-se notar caso a Visma e a UAE tenham os seus blocos muito bem preparados e oleados. Depois espero um calendário semelhante por parte dos restantes corredores, com Groves a continuar com bastantes chances de brilhar com o Giro e talvez a Vuelta. Atenção ainda a Quinten Hermans nas Ardenas e estou bastante curioso para ver Tibor del Grosso.

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