Ao longo dos anos foram passando pela equipa chefiada pelo professor José Santos inúmeros talentos do ciclismo nacional. Alguns deles inclusivamente chegaram ao World Tour e a correr algumas das principais provas a nível mundial, falamos de Tiago Machado, Manuel Cardoso, José Gonçalves, ou até Nuno Bico, que esteve na Movistar. Tradicionalmente é uma formação que aposta bastante nos jovens e pela constituição do plantel para 2024 notamos que reforça essa ideologia.
Até agora, a equipa boavisteira anunciou 6 renovações e 3 contrataçõe. O único ciclista acima dos 27 anos é César Fonte, ele que foi um regresso muito bem sucedido e teve uma belíssima temporada com triunfos no Troféu Ribeiro da Silva, no G.P.J.N. e conquistou a classificação da montanha na Volta a Portugal. Ficam também o polivalente e inconformado Hugo Nunes, o trepador Tiago Leal, o espanhol Raul Rota e ainda os muito jovens Tiago Nunes (um dos melhores juniores do pelotão em 2022 principalmente se retirarmos Morgado e Gonçalo Tavares) e João Martins (ciclista mais possante que também faz pista).
A curiosidade é que os reforços também trazem muita irreverência e margem de evolução. Para liderar a equipa na Volta a Portugal, não somos nós que o dizemos, é a própria equipa que menciona como um dos nomes para a geral, chega Hélder Gonçalves, depois de concluir a sua formação como sub-23 na Kelly/Simoldes/UDO. Tem sido constantemente um dos melhores trepadores da sua geração e tem mostrado sinais de evolução constantes. 36º em 2021, 15º em 2022, terminou a Volta a Portugal 2023 em 11º depois de uma grande exibição (também da equipa) na etapa da Senhora da Graça. Tem margem para evoluir no contra-relógio, mas claramente é um puro trepador, algo que no ciclismo moderno é muito raro, é uma mudança de liderança depois da saída de Luís Fernandes. Não é daqueles corredores que aparece só quase em Agosto, mostra capacidade em todas as provas do calendário nacional com montanha.
Também com passagem pela Kelly/Simoldes/UDO em 2022 e após representar a Credibom/ LA Alumínios/MarcosCar em 2023, Daniel Dias volta a ser colega de Hélder Gonçalves. Tem 22 anos e sempre se mostrou um bom contra-relogista (vários pódios nos Nacionais) e um bom finalizador (enquanto junior até a nível internacional disputava chegadas com os melhores). É também bastante combativo, algo que os responsáveis da equipa gostam. Habitualmente luta por classificações secundárias nas provas nacionais e tendo em conta a orografia das provas em Portugal e as suas capacidades tem tudo para fazer alguns bons resultados já em 2024.
O último reforço anunciado é o mais desconhecido do público em geral e mesmo do ciclismo português. Trata-se do venezuelano Francisco Peñuela, que vai fazer 23 anos em Fevereiro. Veio para a Europa em 2021, mais concretamente para uma equipa amadora espanhola à procura do sonho de ser ciclista profissional e, em 2022, correu muito e correu bem nesse calendário, inclusivamente veio a Portugal fazer o G.P.J.N, fez 2 top 10 em etapa e levou a classificação da juventude diante de Afonso Silva e António Ferreira. A equipa de formação da Israel Premier Tech viu talento e recrutou-o para 2023. Foi 2º na Ruota d’Oro e 11º no Giro di Lombardia para sub-23, batendo-se taco a taco com alguns sub-23 que vão para o World Tour daqui a uns meses. Parece-nos um ciclista bastante completo e vamos ver se não será uma das grandes revelações do ciclismo português em 2024.
