Na ressaca de uma grande etapa entre os homens da classificação geral, os sprinters voltam a ter mais uma oportunidade. Restam poucas chances para os ciclistas mais rápidos do pelotão puderem brilhar. Quem será o vencedor?

 

Percurso

203,6 quilómetros entre Aurillac e Villeneuve-sur-Lot, mais um dia muito longo no Tour de France deste ano. Apesar da longa distância, as dificuldades são poucas, apenas 3 contagens de montanha de 4ª categoria. O terreno é bastante ondulante na primeira fase da etapa, a maioria dos 2200 metros de desnível acumulado positivo vêm daí, já que a segunda metade é bastante mais acessível. Numa etapa ao sprint, o final é bastante importante e, dessa forma convém analisar os derradeiros 5 quilómetros.



Depois de uma longa reta, curva a 90 graus a 3600 metros do fim, nova longa reta até 2200 metros, antes de uma passagem por uma rotunda (apenas pela esquerda) e de uma ligeira curva à direita. A 1800 metros nova rotunda, com os ciclistas a virarem à direita e, mesmo antes do quilómetro final, nova rotunda agora com viragem à esquerda. A partir deste momento, longa reta da meta até ao final, 1200 metros de extensão, com uma largura de 6,50 metros.

 

Táticas

Começam a escacear as etapas para os sprinters e, por isso, acreditamos que os homens rápidos vão voltar a brilhar. A primeira parte da etapa é bastante sinuosa, o que pode favorecer uma fuga mais forte que o habitual no entanto as principais equipas têm conseguido controlar bem essa fase. Não nos admirávamos que Jonas Abrahamsen tentasse ir para a fuga para somar pontos que lhe pudessem valer a igualdade com Tadej Pogacar na classificação da montanha. O norueguês tem um motor impressionante, não lhe podem dar muita liberdade.

A Alpecin-Deceuninck irá perseguir. Jasper Philipsen já venceu uma etapa, só que se quiser vencer a camisola verde tem que somar mais triunfo, é aí que existem maiores diferenças pontuais. A Intermarché-Wanty deverá correr mais na defensiva, irá caber a Jayco-AlUla e Lotto-Dsnty ajudarem a formação belga. No final, e devido às muitas rotundas, é necessário estar bem colocado, apesar do último quilómetro ainda permitir alguma recuperação a quem esteja um pouco atrasado.

 

Favoritos

Jasper Philipsen já tem a desejada vitória mas quererá mais! O belga continua à procura da camisola verde e, com as oportunidades a serem cada vez menos, sabe que tem de vencer. A confiança está em alta, finalmente a Alpecin-Deceuninck fez um lançamento perfeito, aparecendo no momento certo, como bem o fazia em 2023. Sem tanta pressãso, os resultados costumam surgir naturalmente, Philipsen parte com tudo em busca da segunda vitória.



É seguro dizer que o seu grande rival será Biniam Girmay. O eritreu só se tem de focar na camisola verde e tentar seguir a roda de Philipsen pois sabe que já o derrotou neste Tour. Longe de ser um puro sprinter, tem a seu favor o facto de já estarmos no 12º dia de competição e da etapa ser mais endurecida que as tiradas planas que já tivemos anteriormente. A Intermarché-Wanty tem feito um bom trabalho de aproximação.

 

Outsiders

Uma etapa mais agressiva será do agrado de Arnaud de Lie. O belga tem sido um dos sprinters mais regulares do Tour mas a vitória ainda não surgiu, muito provavelmente porque as etapas onde está na luta têm sido relativamente fáceis. Acreditamos que a Lotto-Dsnty possa tentar endurecer a corrida, o seu ciclista não terá dificuldades em aguentar. Um sprint em potência também favorece De Lie.

Fernando Gaviria ainda tem sido mais regular, já soma dois pódios. O colombiano tem feito um Tour muito bom, acima das expectativas, já que tem conseguido aliar a rápida ponta final que tem a um bom posicionamento. Para além disso, não tem feito aqueles sprints loucos de arrancar a 350 metros do fim. Será preciso muita sorte para triunfar, só que Gaviria anda a bater na trave, a vitória está perto.

Um ciclista que já venceu neste Tour é Dylan Groenewegen. O campeão neerlandês corre com menos pressão e, tal como já dissemos, quando menos se espera pode voltar a aparecer. Tem um dos melhores comboios da prova, tem que o conseguir seguir na parte final, é meio caminho para estar bem colocado e derrotar os seus rivais, como já o fez na etapa 6.

 

Possíveis surpresas

Pascal Ackermann tem sido uma agradável surpresa. O alemão tem-se conseguido colocar muito bem, o que lhe tem proporcionado excelentes resultados. Quando mais dura for a corrida melhor para si, consegue recuperar mais fácil deste tipo de esforços. Wout van Aert foi ao chão na etapa de hoje, veremos como está amanhã pois, em teoria, esta era uma etapa ideal para o belga voltar a imiscuir-se no sprint. Com este percalço, será mais complicado, mas Van Aert sabe que precisa de voltar a ganhar confiança. Estamos a entrar no território de Alexander Kristoff, bastante desgaste, onde o norueguês consegue fazer valer a sua ponta final não tão rápida como dos puros sprinters. A Uno-X não tem estado perfeita na preparação do sprint, se conseguir acertar o timing Kristoff sairá beneficiado. Phil Bauhaus e Sam Bennett também não se importam de uma corrida dura, até será melhor pois não terão tanta dificuldade no posicionamento, apesar de o terem acertado bastante bem até agora.



Uma corrida mais endurecida será do agrado de Bryan Coquard, Marijn van den Berg e Arnaud Demare, no entanto duvidamos que possam almejar mais que o top-10. O mesmo não se pode dizer de Fabio Jakobsen e Mark Cavendish. Ambos têm sofrido muito nas subidas e, depois de hoje, será mais um dia complicado. Não estamos a dizer que irão ficar, irremediavelmente para trás nas colinas, no entanto podem chegar ao final já bastante justos de forças e sem capacidade de disputar o sprint. Para além disso, é necessário estarem bem colocados, o que nem sempre acontece.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Davide Ballerini e John Degenkolb.

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