O Tour 2025 despede-se dos Pirenéus com mais uma grande etapa de montanha e nova chegada em alto. Será que Tadej Pogacar vai conquistar a 3ª vitória consecutiva?

 

Percurso

Uma cidade já habituada a receber o Tour de France dá o tiro de partida da 14ª etapa. O dia começa em Pau e seguem-se 70 quilómetros planos até ao sprint intermédio. Mal se ultrapassa este ponto, os ciclistas começam a subir o mítico Col du Tourmalet (18,9 kms a 7,4%), que este ano é o Souvenir Goddet, ou seja, o ponto mais alto da Volta a França. Rápida descida até ao sopé do Col d’Aspin, este ano feito pela vertente mais curta com 5 kms a 7,4%.

A descida faz-se pela vertente que habitualmente se sobe, cerca de 12 kms, e depois mais 13 kms de falso plano até nova ascensão, o Colde Peyresourde (7,1 kms a 8,1%). Lá no alto restam 33 quilómetros até à chegada e não existem metros planos, já que uma longa descida de 13 kms deixa os ciclistas no início da ascensão final para Luchon-Superbagnères. São 12 600 metros a 7,5%, uma subida bastante regular que tem na sua fase final a parte ais dura, com quilómetros acima dos 9% de média.



Táticas

Depois do arraso de Tadej Pogacar nos últimos 2 dias, não esperamos que o pelotão consiga discutir a etapa. A Visma|Lease a Bike saiu fragilizada destas etapas, o seu plano não está a corresponder às expectativas e endurecerem a corrida no pelotão só vai fazer com que criem mais uma oportunidade para a UAE Team Emirates e Pogacar atacarem na parte final e escaparem para mais um triunfo. Pela equipa árabe, já com 4 vitórias, acreditamos que existam dias mais tranquillos para perseguir, pelo que não o vemos a fazer, ainda para mais numa equipa sem João Almeida.

Desta forma, o último dia pelo Pirenéus tem tudo para sorrir à fuga e uma fuga enorme. Não diríamos tão grande como ontem, mas um grupo muio numeroso, com várias equipas representadas com mais que um elemento. O facto do sprint intermédio estar ainda na fase plana irá fazer com que a Lidl-Trek queira levar Jonathan Milan aos pontos mas será mais fácil colocá-lo na fuga do que controlar no pelotão. Num início sem dificuldades, os puros trepadores terão mais dificuldade, terão de ter ajuda de ciclistas mais talhados para este terreno.

 

Favoritos

Mattias Skjelmose já mudou o seu foco, pensando em etapas e possivelmente na montanha. Esteve na fuga ontem, hoje teve um dia tranquilo, amanhã é dia de voltar à carga. O dinamarquês não terá dificuldade no início plano e, como já referimos, a Lidl-Trek quererá ter vários ciclistas na fuga, o que pode vir a ser importante.

Thymen Arensman já esteve em duas fugas e já foi 2º, a vitória está perto. O gigante ciclista neerlandês deverá voltar a ter liberdade para estar na frente e tentar a sua sorte. Subidas longas beneficiam mais Arensman, é alguém que sabe gerir muito bem o seu esforço e é alguém que já merece uma vitória deste nível.




Outsiders

As subidas longas também beneficiam Ben O’Connor. O australiano é um ciclista um pouco inigmático, tanto é capaz de grandes exibições como falhar redondamente. Já esteve em duas fugas, numa delas até foi 3º, veremos se consegue subir o nível. O’Connor não tem medo de atacar, é um ciclista ofensivo e isso às vezes sai-lhe caro.

Sepp Kuss está longe de mostrar o nível que apresentou em 2023, mas ontem vimos uma versão que já nao aparecia há algum tempo. Pode indicar que o norte-americano está de volta aos bons momentos. A Visma também parece apostada em fugas, depois de Yates, Kuss pode sorrir.

Se a batalha for entre os favoritos, é quase impossível ir além de Tadej Pogacar. O esloveno está um nível à parte de toda a concorrência, quando ataca ninguém o consegue seguir. Na forma em que está pode atacar de longe ou esperar pelo final, tudo vai depender da forma como estiver a corrida. Acreditamos que não vai colocar a equipa a perseguir a fuga mas se a oportunidade surgir, não vai desperdiçar.

 

Possíveis surpresas

Jonas Vingegaard – bastante melhor hoje, com uma grande exibição e mesmo assim terminou a 36 segundos. A Visma até pode voltar a tentar algo, mas pensamos que essa jogada esteja guardada para os Alpes.

Matteo Jorgenson – já a mais de 14 minutos mas no top-10. Até pode tentar integrar na fuga mas isso vai levar a que outras equipas persigam para defender o seu lugar e teremos uma corrida louca. Hoje já apresentou um melhor nível.

Florian Lipowitz – um ciclista de grandes etapas de montanha. Ontem o alemão mostrou-se muito forte, hoje voltou a estar bem e sente que o pódio é possível. Amanhã é provável que ataque para distanciar Evenepoel.

Lenny Martinez – um dia importante para a classificação da montanha, quererá estar na frente. O francês não tem estado no seu melhor mas é capaz de subir o nível num curto período de tempo, hoje não esteve assim tão mal comparado com outros dias.

Santiago Buitrago – se o francês é a aposta para a montanha, a Bahrain-Victorious tem no colombiano a aposta para a etapa. A queda já está ultrapassada, está, novamente, em crescendo. É um ciclista muito letal, raramente falha quando está na frente.

Michael Storer – muito ofensivo, o ciclista da Tudor tem como objetivo vencer uma etapa. A principal aposta da equipa, deverá ter apoio para estar na frente e, a partir daí, tentar a sua sorte.



Bruno Armirail – um excelente destaque do dia de ontem, numa etapa tão dura foi o último resistente da fuga. Longe de ser um puro trepador, é um ciclista completo com uma boa capacidade de gerir o esforço.

Enric Mas – não é um ciclista ofensivo mas tem de começar a dar corda às sapatilhas, está a ter um Tour muito discreto. Tem de fazer mais e melhor, é um ciclista que pode render muito mais mas nem sempre consegue fazer isso na prova francesa.

Michael Woods – apareceu pela primeira vez no Tour na etapa de ontem. O canadiano já sabe o que é vencer nesta competição, isso conta muito, mas também precisa de ter boas pernas, algo que demonstrou nesse dia.

Simon Yates – já venceu uma etapa em fuga, porque não pensar na segunda? O britânico tem um grande instinto matador, raramente falha nestes objetivos. Soltando a pressão, uma nova vitória pode ser mais “fácil”.

Sergio Higuita – um Tour muito discreto por parte de toda a XDS Astana, está na hora de começarem a aparecer. A alta montanha é o cenário ideal para o colombiano, também ele desaparecido. É capaz de fazer um brilharete quando menos se espera.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Warren Barguil e Steff Cras.



By admin